sábado, 26 de novembro de 2011

ASSEMBLEIA DO PPC



No final de semana de 26 e 27 de novembro aconteceu a Assembléia Arquidiocesana para elaboração do 11º Plano de Pastoral de Conjunto. Quase mil participantes delegados das paróquias, comunidades de vida e aliança, congreagações, movimentos leigos, etc, incluindo sacerdotes, religiosos e leigos, se reuniram no Colégio Nossa Senhora da Penha, para o estudo das propostas e as votações dos rumos da ação evangelizadora no Rio de Janeiro para o período entre 2012 e 2016. O casal coordenador, Fernando e Conceição, foi representante de Pastoral Familiar arquidiocesana.
Os grupos de trabalho se ocuparam das seguintes prioridades transversais:
- Iniciação Cristã,
- animação bíblica da pastoral,
- rede de comunidades,
- estado permanente de missão,
- ministérios,
- promoção da vida através da caridade social,
- juventude
- comunicação
Após muitos debates, foram aprovadas 100 propostas e o texto final será redigido pela Coordenação de Pastoral, aprovado pelo Arcebispo Dom Orani e, em breve, será disponibilizado nas comunidades.

PROGRAMA DE FAMÍLIA (4)

Festival de Presépios




Para resgatar o verdadeiro sentido desta solenidade litúrgica, finalizamos nossas dicas de “programas de família” para este tempo do Advento, sugerindo o lindo Festival de Presépios.

A cidade do Rio de Janeiro se transforma numa verdadeira galeria de arte a céu aberto. A exposição é gratuita e já é reconhecida pelo livro dos recordes como a maior exposição de presépios em tamanho natural do mundo.O festival traz presépios de artistas populares de várias partes do país, em diferente formas, cores e materiais. Vale muito a pena conferir esta bela união de arte e fé!
A exposição vai do dia 03 ao dia 25 de dezembro, espalhada pela cidade, podendo ser admirada 24h por dia. A maior concentração fica na arena do Jardim de Alah, que também terá atividades culturais com música instrumental e erudita, apresentações teatrais e apresentações folclóricas, além de praça de alimentação e outros confortos que tornarão os mais de 20 mil metros quadrados deste jardim um lugar perfeito para o lazer das famílias. Os presépios expostos no Jardim de Alah participarão da Votação Popular no Presépio Mais Bonito feita em urna eletrônica colocada pela Globo Rio no local.
Ainda no Jardim de Alah, em Ipanema, também estará ocorrendo outro evento cultural, que é a "Vila do Papai Noel", onde acontecerão apresentações culturais com contadores de histórias, teatro de fantoches, e outros, voltados para a garotada de todas as idades.
Veja a programação completa no site http://www.festivaldepresepios.com.br/.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

PROGRAMA DE FAMÍLIA (3)

Novena de Natal em Família


Uma NOVENA é um exercício de piedade popular que, ao longo de 9 dias seguidos, prepara uma festa religiosa ou procura alcançar uma graça. Uma das mais rezadas é a novena em preparação para o Natal.
A festa mais querida do ano se aproxima. A festa do encontro: de amigos, de parentes, da comunidade. Ao mesmo tempo, esta festa é a mais explorada comercialmente. Neste aspecto, as pessoas se esquecem do verdadeiro sentido do Natal: festa do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, o filho de Deus que se fez um de nós. É chegado o momento de cada um de nós, católicos, refletir, orar e fazer festa pelo nascimento do nosso Salvador, Jesus Cristo. É necessário, então, fazer a experiência deste sentido do Natal. Para isto, temos o tempo do Advento, que nos prepara, e também a tão querida e participativa novena de Natal.
A Novena de Natal é uma proposta orante de preparação para o Natal. Com um texto de recordação da vida, com salmos, hinos, leitura do Evangelho, perguntas para reflexão, atualização da palavra, responsório e preces; conclama a todos os católicos a não deixar faltar as ações de solidariedade e de caridade cristã com os pobres e a colaborar com a evangelização.
Convoca nosso Arcebispo Dom Orani João Tempesta em artigo publicado este semana no site www.arquidocese.org.br: “Eis o tempo de nos reunirmos em grupos para a novena de Natal, participarmos bem da liturgia que desperta em nós a bela espiritualidade do Advento, celebrarmos o sacramento da penitência e, junto com os sinais, atitudes e símbolos vivenciarmos este tempo com o coração aberto, abrindo assim o novo ano litúrgico.”
Adquira o livreto da NOVENA DE NATAL EM FAMÍLIA na sua Paróquia, organize-se, programe os dias e horários dos encontros, convide parentes, amigos e vizinhos, combinem um gesto concreto... Este é, sem dúvida, um programa indispensável para viver bem o Advento!


quinta-feira, 24 de novembro de 2011

PROGRAMA DE FAMÍLIA (2)

Feira da Providência



Quer outra boa pedida para a família se divertir, presentear os amigos e ainda ajudar nas obras sociais mantida pela Igreja, isso tudo num só lugar? Vá à Feira da Providência!
O Banco da Providência organiza a Feira da Providência há 50 anos e tem neste evento sua maior fonte de captação de recursos, para manter os trabalhos de promoção humana realizados junto às pessoas vítimas de extrema pobreza.
Criada em 1961 a Feira da Providência é considerada um dos principais eventos sociais da cidade, levando-nos a uma viagem cultural pelos hábitos e costumes de estados e países, além de ótimas opções de compra e entretenimento. A 51ª feira da Providência acontecerá de 30 de novembro a 04 de dezembro, das 12h às 23h, no Riocentro (Jacarepaguá), As bilheterias ficam no Pavilhão 2 e o Ingresso custa R$ 14,00, R$ 7,00 na meia entrada e crianças até 1m de altura não pagam.

PROGRAMA DE FAMÍLIA (1)

Árvore de Natal


Que tal sugestões de programas de família para este fim de ano que unam lazer saudável e o verdadeiro sentido do Natal? É possível unir os dois, vamos ver algumas dicas.
Um programa bem legal é a visita à ÁRVORE DE NATAL, na Lagoa Rodrigo de Freitas. Um show de luzes em 85 metros de altura.
A inauguração será neste sábado, dia 26 de novembro, em frente ao Estádio de Remo, próximo ao Parque dos Patins. À partir das 20h, começarão os shows com cantores, coral e uma orquestra sinfônica, além de fogos de artifício. Mas haverá também telões espalhados pelo entorno da lagoa, no próprio Parque dos Patins, Corte de Cantagalo e Parque dos Skates, transmitindo ao vivo as imagens da inauguração. Vale lembrar que é público e gratuito, mas limitado a 10 mil pessoas, então é para chegar cedo.
Este é o 16o ano de montagem da árvore, que vem como o tema: "Um presente para a família brasileira". O pinnheiro decorado é um dos símbolos mais antigos do natal porque, com o inverno rigoroso na Europa, era a única árvore que conservava as folhas verdes. Por isso, já bem antes de Cristo, em tempos pagãos, as pessoas acreditavam que ela era sinal de vida e bênção. Na Alemanha, as famílias começaram a enfeitar estas árvores com frutas e doces, que, com o passar do tempo, foram substituídos por bolas coloridas. Esta tradição se espalhou por outros países e hoje já está no mundo inteiro. No topo da árvore é colocada uma estrela, recordando a Estrela Guia que guiou os três reis magos até o local do nascimento de Jesus. As luzes nos fazem lembrar a noite estrelada do nascimento de Cristo, que disse, e de fato é, a LUZ DO MUNDO.
A Árvore de Natal da Lagoa ficará acesa até 06 de janeiro de 2012, dia de Reis, de segunda a sexta das 19h30 às 2h e sábados e domingos dasa 19h30 às 3h da manhã.

sábado, 19 de novembro de 2011

Salve, Cristo Rei!



A festa de Cristo Rei é uma maneira solene de celebrar aquilo que foi o sonho de Jesus de Nazaré, o Reino de Deus. Ele constituiu o centro de sua pregação. Reino de Deus ou Reino dos céus, é expressão que não ocorre no Antigo Testamento. É típica do Novo Testamento onde aparece mais de cem vezes, quase sempre na boca do próprio Jesus.

O Reino já está acontecendo no mundo, lá onde as pessoas vivem: na família, no trabalho, e na vida da sociedade. Por isso a construção do Reino é obra sobretudo dos cristãos e cristãs leigos. Essa é sua vocação específica. Ela se realiza na medida em que os cristãos , cristãs e todas as pessoas de boa vontade mudam seu modo de viver, seus valores, atendendo ao apelo do Senhor: “Convertei-vos, o Reino, chegou”. Esse é o grande Evangelho, a grande Boa Nova. A Igreja existe não para tirar as pessoas do mundo e reuni-las dentro de si. A Igreja existe para enviar as pessoas ao mundo para evangelizá-lo, anunciar e construir o Reino de Deus.

A celebração de Cristo Rei encerra o ano litúrgico, conscientizando-nos que terminou um período da construção do Reino ( o que já construímos no ano que passou) e começou outra etapa (o que ainda não realizamos com a graça de Deus, o que continua esperando por nós). A celebração de Cristo Rei é assim a celebração da grande esperança, feita das esperanças do dia a dia. Esperança que nos vem da certeza de nossa Ressurreição e da transformação do mundo em que vivemos: “Eis que eu faço novas todas as coisas”.

(Fonte: www.catequisar.com.br)

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

RELACIONAMENTOS FAMILIARES


No dia 17 de novembro, aconteceu no Edifício João II uma palestra tendo como tema a influência do inconsciente nos relacionamentos familiares a partir das descobertas pelo método da ADI. A abertura com as boas-vindas e oração inicial foi feita pelo casal coordenadora da Pastoral Familiar, Fernando e Conceição. Em seguida, Amintas Jost apresentou um vídeo institucional da FUNDASINUM e do Método ADI/ TIP (Abordagem Direta do Inconsciente/ Terapia de Integração Pessoal). Além da terapia individual com adultos, o trabalho hoje se expande cada vez mais com grupos de crianças, adolescentes e jovens, famílias em situações de vulnerabilidade social, gestantes, dependentes químicos, entre outros.
A palestra foi conferida pela psicóloga Maria Clara Jost, psicóloga, e filha da Dra Renate Jost de Moraes, criadora desta terapia do inconsciente.

A COMPREENSÃO DOS RELACIONAMENTOS HUMANOS NA CONTEMPORANEIDADE

Na Psicologia, muito se fala da importância fundante das relações dos pais para com o filho, mas pouquíssimo se fala da importância da relação dos pais entre si. Na terapia feita com crianças, identificou-se uma alta correlação entre queixas de diversas naturezas (inclusive físicas) e problemas nas relações familiares e uma significativa mudança para melhor na percepção dos pais.
O mundo de hoje apresenta muitos desafios: a convivência humana é substituída pela ordem da sociedade impessoal, contratual, efêmera quando, na verdade, o ser humano tem o imperativo dentro de si de amar e ser amado. As conseqüências são jovens cada vez mais cedo envolvidos em crimes, promiscuidade, drogas... e não só os jovens... todos estão desesperados: professores, pais, todos querendo receitas mágicas para mudar o mundo, mas não estão dispostos a mudar a si mesmos!

ADI: o que é?
Consciente X Inconsciente
Freud afirma que os conteúdos do inconsciente são deformados quando ultrapassam as barreiras do consciente (racionalização). Para ele seria possível acessar os fatos puros tais como eles ocorreram. Por isso, elabora uma terapia para interpretar os fatos.
A proposta da ADI é treinar o paciente para acessar diretamente seu inconsciente, através do questionamento, sem hipnose, nem análise por parte do terapeuta.
Na fase diagnóstica é possível, a partir dos sintomas, ir, aos poucos, chegando à raiz do problema: quanto mais na infância e quanto mais no útero materno, mais arraigado ficam os registros tanto positivos quanto negativos. A grande maioria dos problemas que aparecem depois são apenas repetições desse primeiro registro negativo.
E o objetivo não é só descobrir o problema, mas desmanchá-lo através de registros positivos fortes que substituam os negativos. O próprio inconsciente dá respostas surpreendentes que são reveladas em forma de visualizações ao longo da terapia. E as descobertas são muito mais positivas do que negativas e muitos enganos são desfeitos: provas de desamor, no fundo, refletem apenas, um “jeito torto de amar”. É preciso descobrir onde o amor de esconde. Existem problemas, existem condicionamentos, mas é pessoa é sempre livre para mudar sua história.

Qual o maior sofrimento para o ser humano?
A criança participa com todo o seu ser da relação conjugal. Por isso, faz questão da unidade parental, como um quadro referencial de amor e força.
Quando o homem ou a mulher querem se unir por toda uma vida, o inconsciente assessora nesta escolha, ajuda a escolher um perfil. O homem procura a continuidade afetiva da mãe e a mulher a do pai. Mas nessa escolha vem junto também os referenciais negativos. Aqui começam os desentendimentos e os amores doentios.
Para decodificar o problema, muitas vezes, é preciso resgatar a memória inconsciente por várias gerações antepassadas, o que independe de tempo e espaço. É como um computador que guarda o banco de dados. E a raiz está no posicionamento que o inconsciente faz diante dos fatos e não os fatos em si. A própria pessoa desmancha o problema, após compreender sua situação de forma mais ampla.

Com isso, é possível decodificar o que gerou os problemas e buscar registros positivos. A experiência comprova que esta raiz está na interioridade mais profunda que está fundada e destinada no amor, a um amor livre do tempo e do espaço, é uma capacidade infinita e transcendente.
Ao ter novas atitudes a pessoa começa um efeito em cadeia que vai beneficiando toda a família. Dentro de cada um de nós mora a livre decisão de amar e, assim, temos a possibilidade de nos tornarmos aquilo que sempre deveríamos ter sido.

Contatos através do site: http://www.fundasinum.org.br/
No Rio de Janeiro, procure: tiprj@tipclinica.com.br (Rua Visconde de Pirajá, 82, sala 812, Ipanema, tel. (21) 2241-6560)

terça-feira, 15 de novembro de 2011

JOVENS ADORADORES


Como preparação espiritual para Jornada Mundial da Juventude Rio 2013, começou no dia 14 de novembro, a série de vigílias mensais até a Jornada. Diante de Santíssimo Sacramento, a juventude da Arquidiocese, em suas diversas expressões, se uniu em intercessão numa noite muito especial. O Setor Pré-Matrimonial da Pastoral Familiar, claro, também estava presente.
Inserido dentro das comemorações da semana de Cristo Rei no Santuário de Adoração Perpétua da Igreja de Sant ‘Ana, a vigília começou às 22h com a Santa Missa, presidida pelo Padre Joãozinho, scj e co-celebrada por Monsenhor José Laudares, pároco e padre Renato Martins, dirigente espiritual do Setor Juventude, entre outros. E para ministrar os cantos da celebração eucarística, ninguém menos que irmã Kelly Patrícia e suas co-irmãs do Instituto ESED. Em sua homilia, Padre Joãozinho ressaltou o legado espiritual que a JMJ precisa deixar para o Rio de Janeiro.

Ao longo de toda a noite, as barraquinhas de comidas e bebidas funcionaram no átrio do Santuário e, cada hora de adoração foi conduzida por um grupo ligado à juventude: o Movimento Neo-Catecumenal, Juventude Ação Mariana, Secretaria Jovem da Renovação Carismática, Comunidade Shalom, entre outros. Tudo com transmissão ao vivo pela Web TV Redentor. Vejam as fotos na nossa galeria, no final do blog.
E não é só... porque as festividades com diversas atrações por ocasião da Solenidade de Cristo Rei continuam até domingo, dia 20, com várias atrações, como os padres Robson, do Divino Pai Eterno, Gleuson e Reginaldo Manzotti.
Daqui até 2013, Padre Renato Martins anunciou que as vigílias em intercessão pela JMJ Rio 2013 acontecerão toda segunda sexta-feira de cada mês, em Sant’Ana e sempre procurando integrar as pastorais, movimentos e comunidades que compõe o Setor Juventude. Vamos participar juntos?

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Reunião Especial


A última reunião do ano da Comissão Arquidiocesana de Pastoral Familiar da Arquidiocese de Sào Sebastão do Rio de Janeiro foi mais do que especial. Num momento de formação, o Dr. Matthew Hofman, da Human Life International, repassou à comissão um resumo de sua conferência no Congresso Internacional pela Vida (ocorrido mês passado em São Paulo) sobre a relação entre homossexualismo e contracepção na cultura de morte que nos rodeia. De forma clara, baseando-se tanto na ciência como na moral, Dr. Hofman alertou que o estilo de vida gay é tão amplamente defendido porque está calcado numa visão deturpada do sexo. Se, com a mentalidade contraceptiva que permeia as sociedades, o sexo é desvinculado da procriação e pode ser usado apenas para o prazer próprio, sem consequencias, vem junto a idéia de que se pode, então, "ter prazer" de qualquer jeito.


Com a presença da comissão arquidiocesana, das coordenações vicariais e dos representantes de movimentos familiares, foi feito, num segundo momento, o "balanço geral" do ano de 2011 para nosso bispo animador, Dom Antônio Augusto, que também nos sinalizou com as prioridades para 2012:
- A implantação da Pastoral Familiar nas paróquias que ainda não a tem, e a implementação dos três projetos (Pré, Pós e Casos Especiais) nas comunidades, e
- a unidade entre Pastoral Familiar e Movimento Familiares.

Ao final o encontro, Dom Antonio foi homenageado pela passagem do seu aniversário, no último dia 07 de novembro. Com direito a presente, bolo e parabéns, claro, num clima bem familiar!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

PLANEJAMENTO NATURAL DA FAMÍLIA (7)

E encerrando a sessão “Planejar com amor” do II Congresso de Planejamento Natural da Família, em Brasília,, Dom Antônio Augusto proferiu esta conferência:




O amor esponsal como fonte de espiritualidade e missão eclesial
(Dom Antônio Augusto Dias Duarte, Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro)




Nunca se ouviu dizer na história da humanidade que se atribuiu ao amor conjugal e à vida em família uma missão universal, tal é ponto que chegou a ameaça a essas bênçãos do mundo de hoje. Tal missão adquiriu uma importância tão grande que até constituições de Estados precisam resguardar oficialmente esses direitos.
O artigo 5 da constituição diz que todos são iguais perante a lei, independentemente da sua natureza e que sua dignidade e direito à vida deve ser mantido. Os valores mais essenciais dos seres humanos estão aí presentes. Mas ainda assim, a sociedade se tornou tolerante com o total descaso pelo amor matrimonial e pelo valor da vida.
A Humanae Vitae nos pede que formemos um Estado Humano, um povo pela vida, uma renovação da sociedade a partir da Civilização do Amor. A encíclica (n. 13) nos chama a atenção de dois males: a contracepção e o aborto. Apesar de peso moral diverso eles têm uma mesma raiz: a mentalidade hedonista e “des-responsabilizadora” da sexualidade. Vê-se a procriação como um empecilho para a plena realização humana, quando sabemos que é o contrário. A vida se torna um inimigo que se há de evitar, quando deveria ser um fruto do amor humano.
Garantida pela Constituição e por tratados internacionais: não é suficiente... o clamor do Magistério da Igreja: não é ouvido... é preciso sensibilizar os casais para que tenham a coragem heróica de se abrirem à vida! Urge assumirmos essa missão de transmitir a todos o valor do amor e da vida. Precisamos ser canais para comunicar esta Verdade, sermos construtores desta nova mentalidade.
Não basta só vivermos o amor dentro da minha família. É necessário transformá-lo numa missão eclesial, expandi-lo às outras famílias. Vejamos o amor em suas três dimensões:
EROS – ao contrário da visão negativa que se tem, o Eros, em seu sentido real é admirar o que há de divinamente formoso no corpo do outro. Por isso, é missão do homem e da mulher cuidarem de sua aparência, de sua saúde. A atração física redimida por esta Verdade é um caminho para a espiritualidade conjugal, uma via de abertura para a santidade.
FILIA – é o segundo nível, o amor no seu aspecto afetivo. É um impulso natural que vai se sobrenaturalizando na unidade corpo e alma: “Como é bom estarmos juntos!”. Leva-nos a criar uma convivência matrimonial e familiar que fortalece a todos.
ÁGAPE – leva a verdadeira entrega sem limites, até o sacrifício.
Enquanto não tivermos esta visão tridimensionada corre-se o risco de buscar a realização de costas para o lar...
O amor conjugal tem a missão de ser o grande agente transformador da sociedade. Gostaria de enfocar duas palavras: existência e resistência. É preciso existir e resistir para a civilização do amor. Existir como? Resistir a quê?
Existir conjugalmente, conjugando corretamente o “eu”, o “tu” e o “nós”. Ef 1,4-6: “Eu vos escolhi, desde antes da criação do mundo, a fim de ser, na caridade, santos e imaculados.”. Deus escolheu o “tu” para o “eu”. E o “eu” sempre deve estar atrás do “tu”. Vejam o exemplo de Nossa Senhora ao encontrar Jesus no Templo em Jerusalém: “Teu pai e eu te procurávamos aflitos...”. Quando se vive esta existência na Igreja Doméstica, isso extrapola para a sociedade e gera solidariedade, respeito, justiça, etc. Para sermos verdadeiramente imagem e semelhança de Deus não só na nossa individualidade, mas também na nossa conjugalidade, na sociabilidade, na eclesialidade, na comunhão de amor, enfim, como é a Trindade. É uma missão a cumprir: ajudar as pessoas a aprenderem a comungar vidas. Por isso, precisamos transformar o amor conjugal numa fonte de espiritualidade.
Também é preciso tornar o amor conjugal resistente. Não só uma resistência passiva, que se fecha, se protege só a si mesmo, à sua família, não permitindo que certas ameaças cheguem até a sua casa. É preciso uma resistência ativa para que possa fazer da pessoa humana em meio a este mundo corrompido, uma pessoa de caráter. É preciso dialogar com o mundo e não enfrentá-lo. Com uma família estrategicamente bem estruturada e desenvolvida é possível dar um novo mundo. Diz uma matéria feita nos Estados Unidos: “Os jovens estão cansados de viver num mundo sem Deus.”. E onde vão encontrar Deus? Nas baladas, nas drogas, na promiscuidade? Não. Numa família estrategicamente resistente, forte. Afinal, os filhos têm direito de verem seus pais se amando e com isso se fortalecem para encarar as enxurradas da vida! Você tem um plano para fortalecer sua família? O amor é a resistência ativa para vencer e superar as montanhas de problemas e transformar o mundo de uma forma positiva.
E é missão dos esposos fazer do ato conjugal em si uma missão. Ele nunca será santo se não missionário. Pensemos por analogia nos missionários: deixam casa, pai e mãe e se une à Igreja para gerar novos filhos de Deus. Os casados também deixam sua família, se tornam uma só carne e geram mais filhos para Deus. Disse Jesus: “Eu vos escolhi e vos enviei para que dêem frutos e que o vosso fruto permaneça.”. Não é apenas um ato corporal, mas é também missionário. Quando não se assume esse compromisso de transformar o mundo a vida do casal torna-se uma clausura narcisista, onde se vive um amor visionário, s sonha com uma realidade que não existe. Não se pode perder de vista que o homem e a mulher devem gerar frutos para si mesmos, para o mundo e para a Igreja.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

PLANEJAMENTO NATURAL DA FAMÍLIA (6)

Dando continuidade à sessão "Planejar com amor" do II Congresso Nacional de Planejamento Natural da Família (Brasília, 28 a 30 de outubro), veio a seguinte palestra:



O chamado vocacional da paternidade e da maternidade
(Dra. Elizabeth Kipman Cerqueira)




A proposta hoje da ideologia de gênero é tão forte que hoje em dia se fala até de que "visão de pessoa humana" se tem, ou seja, qual é a definição de "pessoa" que você segue! Diz-se até, por exemplo, que não se pode falar em família, porque há aí um preconceito de cultura... Não se pode falar em natureza, porque isso seria admitir que existe um Criador... Vemos a luta entre natureza e cultura, entre a Verdade absoluta e as "verdades" construídas pelos homens. Se tudo é cultural podemos decidir o que queremos ser: homem, mulher, mudar a qualquer hora... As teorias da construção social querem ser o contraponto do determinismo biológico.
Existe algo dentro da natureza humana que nos define como pessoa. Se temos uma base comum, que independe da cultura, admitimos que há imperativos morais absolutos. Não há como negar que a pessoa tem sua dimensão bilógica, com as funções próprias do corpo com suas necessidades e possibilidades. Temos uma vida psíquica com funções próprias do pensamento e da afetividade. Mas existe também uma dimensão espiritual, que se caracteriza pela inteligência, vontade, consciência, responsabilidade, liberdade, motivação, auto-transcendência e poder de resiliência.
A sexualidade humana é, ao mesmo tempo, sinal de carência e potencial. Dizem que os valores são inventados, mas nós sabemos que eles estão profundamente gravados no ser humano e o orientam para a justiça, o amor e o bem, para a felicidade, enfim. Valores não são inventados: são reconhecidos pela pessoa humana. Depende de cada um decidir o fechamento em si mesmo ou a abertura ao transcendente.
Definir o amor é definir o ser humano, pois se somos imagem e semlhança de Deus, e isto significa que fomos criados a partir do “tecido” do amor. Amar é uma decisão heróica: implica basicamente em um descentrar-se de si mesmo.
Dentro dessa ótica: filho é uma opção ou uma exigência? Ora, essa doação amorosa é ancorada na carne, é a realização da unidade intuída. O filho anuncia a continuidade e também a certeza de que, saindo de mim, eu sou capaz de gerar alguém melhor do que eu. Paternidade e maternidade são vocações. Vão muito além de um impulso físico ou psicológico. Gerar vida nova é uma exigência ontológica, mas que depende também da minha resposta, da minha abertura.
"Deus os criou homem e mulher", diz o Gênesis. Após o ato sexual o marido e a esposa deveriam sentir vida nova dentro de si, ou seja, o Espírito Santo sendo gerado e gerando amor. Masculinidade e feminilidade são sacramentos encarnados. Dentro dessa visão, ser pai ou mãe é muito mais do que simplesmente ter filhos.

domingo, 6 de novembro de 2011

PLANEJAMENTO NATURAL DA FAMÍLIA (5)

Na parte da tarde do sábado 29 de outubro, começou o segundo módulo temático do congresso que é “Planejar com amor”. A primeira colocação foi do Padre Rafael:



O amor conjugal é espiritual e sensível: uma compreensão teológica da relação sexual
(Prof Dr. Pe. Rafael Solano Duran)



Sexualidade e Sensibilidade
O maior contraceptivo foi criado no século XVII: era o racionalismo, que exaltava a ciência, deixando de lado Deus e a própria sensibilidade, ou seja, a força do sentir. Etologia é a ciência que estuda o comportamento dos seres humanos e dos animais. Escolhi os pingüins nesta apresentação porque ee se reúnem em trio para que um sustente o outro. Assim, também o ser humano que não pode viver sozinho, precisa de sustento.
O que é sensibilidade? Não é sinônimo de sentimento. Nossa sociedade é cheia de sentimentalismos, mas é altamente indiferente ao rosto do outro. É muito mais fácil chorar ou sorrir do que sentir. Vejamos três autores que compreenderam bem a sensibilidade pois o associaram à beleza. O outro é belo, é bom, é íntimo. Ter isto claro é fundamental para nossa reflexão. A sexualidade está marcara pela eroticidade e não pela sensibilidade. Uma pergunta que permeou todo pontificado de João Paulo II: “Que beleza salvará o mundo?”. Precisamos evangelizar a sexualidade. Que caminhos posso seguir? O primeiro é a virtude da pureza e dela deriva o pudor, a dignidade corporal, os limites do respeito do corpo.
É preciso alguém que toque a nossa sensibilidade. Um exemplo emblemático é em Jo 4, Jesus com a Samaritana. Sensibilidade é reconhecer o valor do outro. Temos um certo medo do sentir porque os nossos paradigmas começam a mudar. Os santos se transformaram porque de apaixonaram por Jesus. Talvez aí esteja o problema central da nossa evangelização na America Latina: é muito cognitiva e menos afetiva.
Num mundo em que tudo se torna público, temos a coragem de dizer que toda relação conjugal está marcada pela intimidade. Nela os encontros se transformam em integridade. Santo Ambrósio de Milão dizia que o leito conjugal é tão sagrado quanto o altar da Eucaristia. Escrevia Karol Wojtyla, ainda quando padre na Cracóvia: “A unidade do ato determina a totalidade do casal.”.
O filósofo Emanuel Levinas afirmava que o rosto do outro é uma epifania: manifesta a grandeza da beleza de que falávamos, a capacidade que o casal tem de fazer do ato conjugal que é algo aparentemente só carnal, em sublime.
O no. 2083 do Catecismo diz: “Jesus resumiu os deveres do homem para com Deus nestas palavras: “Amarás o teu Senhor com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente.” (Mt 22, 37).”
Muitos jovens não conseguem viver uma sexualidade sadia porque não sabem o que é o amor.
E no 2087: “A nossa vida moral tem a sua fonte na fé em Deus, que nos revela o seu amor. São Paulo fala na “obediência na fé” como a primeira obrigação. E faz ver no “desconhecimento de Deus”, o princípio e a explicação de todos os desvios morais. O nosso dever para com Deus é crer nele e dar testemunho dele.”
Pensa-se no corpo, investe-se dinheiro para melhorá-lo de acordo com os padrões e consensos do mundo hedonista, mas não se investe na corporeidade, na essência e na santidade do seu corpo. Não temos um corpo: somos um corpo.
O ato conjugal não só fecunda a família como também fortalece o casal. A sensibilidade não é uma atitude é um dom proveniente da graça divina. Sermos sensíveis é a maior categoria que podemos resgatar a beleza e a transcedentalidade não só na união conjugal, mas na vida toda.

PLANEJAMENTO NATURAL DA FAMÍLIA (4)


Fechando este primeiro módulo de reflexões “Planejar por amor”, Dom Petrini apresentou sua conferência:


30º aniversário da Exortação Apostólica Familiaris Consortio
Deveres gerais da família: a formação de uma comunidade de pessoas, o serviço à vida, a participação no desenvolvimento da sociedade e a participação na vida e na missão da Igreja
(Dom João Carlos Petrini, Presidente da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da CNBB)



Passamos de uma concepção principalmente jurídica e naturalista dos fins do matrimônio a uma concepção sempre mais personalista. Antes do Concílio Vaticano II, a pregação se concentrava na repetição dos compromissos, dos deveres conjugais e da responsabilidade com os filhos. Isto é válido, mas a Igreja deu passos mais a frente. Nos anos 70 e 80 concentrava-se mais a esperança de um bom casamento, mesmo no ambiente eclesial, mais nas ciências sociais que na Palavra de Deus.
Hoje é preciso iluminar as trevas do mundo moderno, apresentando a experiência humanamente atraente que reflita o fascínio de Jesus Cristo. A Familiaris Consortio foi um instrumento decisivo para esta mudança. Entretanto, mesmo depois de 30 anos, ela ainda precisa chegar a muitas bases. Também em 1981, no mesmo dia 13 de maio em que foi baleado, João Paulo II funda o Instituto para Estudos do Matrimônio e da Família, em Roma (hoje espalhado por nove países, inclusive o Brasil, em Salvador). O beato também dá visibilidade à família inclusive na imprensa leiga, com os eventos de massa que são os Encontro Mundiais.

Antropologia de Comunhão
A Pastoral Familiar entre numa nova etapa. Reynol Niebur, no livro “A Natureza e o Destino do Homem”, afirmava: ”Nada é tão incompreensível como a resposta a uma pergunta que não foi feita.”. A ação pastoral deve despertar, primeiramente, as perguntas fundamentais a respeito da felicidade, da realização humana, da busca do significado, de modo que a pessoa de Jesus e os compromissos da família cristã possam ser compreendidos como as melhores repostas.
Precisamos retornar ao desígnio de Deus para re-encontrarmos firmeza em nossos passos. Difundem-se em nossa época formas irresponsáveis de paternidade e maternidade, com conseqüências graves. As exigências de liberdade, de verdade, de justiça e de amar e ser amado, de realizar sua humanidade são experiências elementares para o ser humano. Emergem como desejo de encontrar as respostas adequadas aos seus anseios de realização pessoal, de felicidade.
Todas essas exigências tem três características:
1- Elas são motores da nossa vida, como uma centelha que nos põe me movimento
2- Elas constituem o crivo crítico para avaliarmos tudo
3- Elas são sempre insaciáveis, são marcas do Deus infinitos em nós

Revelam, enfim, o desejo de algo infinito! O nosso coração sempre espera algo mais, pois fomos feitos para não nos contentarmos com o que temos nas mãos. Uma pessoa sensata que olha sua própria humanidade experimenta isso. O mundo em que estamos, porém, quer nos desviar desta busca pelo infinito, mas quer que o preenchamos com aquilo que se pode vender.
A marca da cultura na qual estamos imersos nos leva a banalidade. E no meio desta cultura um casal que pensa em ter seus filhos pode se silenciar ou se perguntar:
- Que ambiente familiar é mais favorável para o desenvolvimento de uma crianças?
- Como ficará meu relacionamento com um homem que se tornará pai, com uma mulher que se tornará mãe?
- Isto representará uma realização ou uma perda na nossa relação?
- A criança provém dos pais ou pertence a eles? Etc.
Estas são perguntas existenciais, mas as perguntas do mercado finaceiro são bem diferentes:
- Como ficará a situação da mulher no mercado de trabalho?
- Quanto gasto o filho nos trará?
- Como ficará a saúde da mulher e a sua aparência?
Só o casal que cultiva o senso religioso procura o mistério, o senso mais profundo das experiências humanas. Mesmo vivendo mergulhados no mundo prosaico nosso coração humano procura sempre o além.

Eclesiologia de Comunhão
Sendo Deus comunhão trinitária, a pessoa é chamada a realizar-se e a vencer a solidão imitando na sua vida terrena a comunhão divina. Depois de Santo Agostinho que dizia que a comparação entre a Trindade e a família não é possível, João Paulo II tem a ousadia de retomar esta comparação. O amor comunhão da Santíssima Trindade constitui a origem, o destino e o método para o ser humano conduzir sua existência.
E o amor verdadeiro vai até o sacrifício para o bem do outro. É o dom sincero de si, que precisa ser tão resgatado em meio ao egoísmo e hedonismo contemporâneos. Os valores que a Igreja e que a sociedade pregam estão em pólos opostos. A condição para a realização da pessoa é “ser para o outro”, para alguém que é diferente de si mesmo. E isso se reflete claramente na diferença sexual, pois o ser humano que não existe sozinho, mas somente como “unidade de dois”.
O homem descobre que a diferença sexual não é limite, mas promessa, sendo chamada a realizar o dom sincero de si (GS, 24). É aqui que temos o contraponto com a cultura dominante atualmente. O pai, a mãe etc só se realizam doando-se aos outros. O caminho da vida cristã caminha na contramão dos meios de comunicação, por exemplo.
Em Porta Fidei – carta do Papa Bento XVI (motu próprio) – no número 17 vemos que a fé cresce quando é ivida como experiência de um amor recebido e quando é comunicada como experiência de graça e de alegria. Não podemos deixar se perder o primeiro elo do amor, porque tudo que vier depois não terá uma base forte. Nem todos somos pais, ou mães, mas todos somos FILHOS, que recebemos o dom da vida por meio de pai e mãe. Devemos, portanto aprender a ser filhos: este é o primeiro passo.
O dom recebido é compartilhado. O Pai nosso está na origem da fraternidade. Segundo passo: aprender a ser irmão.
Logo, terceiro passo, aprender a ser esposo e esposa.
Por fim, o quarto passo, aprender a ser pai e mãe. Acolher o fruto daquele amor que entrelaçou a vida do homem e da mulher com o amor de Cristo pela Igreja. O dom recebido se alarga e se comunica cm novos seres humanos.
O sacramento do matrimônio é o ponto ápice da comunhão entre o homem e a mulher. O casal vive imerso na fonte que é o coração trespassado de Cristo e participa do Seu dom esponsal para a Igreja, abrindo assim, a nascente deste amor que se doa no coração do próprio casal.
FC 38 – Família como pequena igreja.
FC 50 – família, tornar-se parte viva na missão da Igreja.
Não somente a família é pensada pela Igreja, pelo Papa como um lugar para se proteger de todos os males do mundo, mas como lugar de missão.
Paternidade responsável – o Brasil tem baixos índices de fecundidade (= 1,7 filhos/mulher). Com isso, temos um grande risco de envelhecimento da população, que em 20 anos poder ter a população envelhecida que os jovens não consigam sustentar a própria família, nem os idosos. Tem-se, como previsão, o aumento das políticas de eutanásia e políticas semelhantes.
A família e a nova evangelização – investir na educação ao amor, apostando na capacidade dos jovens de serem responsáveis de seus atos. Argumentos de autoridade não são suficientes.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

PLANEJAMENTO NATURAL DA FAMÍLIA (3)

Ainda dentro da primeira sessão do Congresso que teve como temática: “Planejar por amor”, o Prof. Valdir Reginatto abordou em sua apresentação a seguinte questão:



“Autodomínio: o sentido cristão da castidade conjugal”
(Prof. Dr. Valdir Reginatto)



Aldous Huxley, em 1932, publica “Admirável Mundo Novo”. Uma obra de ficção que descreve uma sociedade em que todas as crianças são fruto de inseminação artificial e são incentivadas desde a infância à pratica de jogos eróticos e o homem e a mulher usam o sexo como diversão, uma sociedade em que permanecer com o mesmo parceiro por mais de dois meses é considerado uma imoralidade; as palavras pai e mãe são obscenidades; Deus e a família não existe. A cultura e os valores cristãos só existem em alguns rincões do mundo, chamado “selvagem”. A história conta sobre a saga de John que migra da terra selvagem para este novo mundo e seu choque é tão grande que ele acaba por suicidar-se.
No prefácio de 1946, o autor diz que projetou esta obra para mais de 600 anos na frente, mas se assusta como via esta realidade utópica já estava se aproximando galopante.
Estamos em 2011 e nos assustamos mais ainda... Ou, o que é ainda pior... nos tornamos indiferentes!
Quando se fala hoje em “castidade”, nos dicionários diz-se que é a abstinência completa do amor e dos prazeres, carnais. Por outro lado, a palavra conjugal é própria dos cônjuges. Será que os dois termos não têm relação? É incompatível haver uma castidade conjugal?
Vivemos em um contexto que palavras como fidelidade, castidade, matrimônio, família vêm sofrendo alterações. A castidade quer ser apagada como um termo medieval hediondo. Depois da II Guerra Mundial houve o afastamento da mulher da família para o mercado de trabalho externo. Houve um mau juízo de qualquer atividade realizada no lar, visto como inferior. Coloca-se a mulher competindo com o homem e o lar, o cuidado, a educação dos filhos ficaram totalmente descuidados. Outro fato histórico é o controle da reprodução humana, o favorecimento do divórcio, crescimento da pornografia, a legalização do aborto. Todo este quadro histórico não é coincidência, mas faz parte de um projeto de permissividade que intoxica desde a infância até os mais velhos. Recebemos uma carga violenta da ruptura da estrutura familiar, como um golpe mortal para aqueles que ainda querem viver na esperança do desígnio divino e da Lei Natural.
Não fosse a nossa fé no verdadeiro amor e nas promessas de Cristo mantidas pelo Espírito Santo, poderíamos nos sentir desorientados em meio à tantas tempestades. Lembremo-nos das histórias dos primeiros cristãos que tiveram dificuldades ainda maiores para poder levar a mensagem de Cristo ao mundo e não foram suficientes 300 anos que perseguição para que os cristãos se calassem. Não temos que nos apavorar com os leões que nos são colocados. Não podemos abandonar o mandato imperativo do Mestre: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo.”. Em última análise, a castidade vem do amor. Não é uma aniquilação subserviente, mas a alegria de manifestarmos este amor a Deus, a nós mesmos e aos outros. A castidade é uma atitude de amor. Tudo mais são discursos sem a verdadeira razão.
Diante dessas circunstâncias, acreditar que a castidade deve se ruma bisca do comportamento para seu melhor desenvolvimento enquanto pessoa é uma questão de fé. Não podemos no tornar surdos à Palavra de Deus que nos convoca a uma participação consciente na redenção. Fortalecer a castidade nos dias de hoje, exige, primeiramente o fortalecimento e esclarecimento da fé. Fé não é amuleto para os ignorantes, mas é caminho reto para a felicidade, é caminho para o amadurecimento. Quem é responsável por esta educação na fé que é fundamental para a vivência da castidade? Os pais. Podem ser ajudados pela escola, pela Igreja, mas seu papel fundamental é insubstituível. A boa orientação em família levará os jovens a perceber que a castidade não é algo descabido dentro de um lar cristão. A pedagogia deve ser o testemunho de vida, diálogo franco e a paciência diante das falhas dos filhos. A vivência da castidade futura será fruto da castidade nos primeiros anos da adolescência.
Daí podemos concluir que a castidade deriva da fé e também do amor. Virtudes infundidas na graça batismal, mas que precisam ser muito trabalhadas, porque, na nossa liberdade, podemos também fazer escolhas erradas por causa da concupiscência. O Batismo por si ó não é garantia de santidade. Daí devem vir as nossas boas obras, como nos lembra São Tiago, que a fé sem obras é morta. É exatamente nas nossas obras que vamos crescer na fé e no amor.
Onde estão estas obras? Elas começam no cuidado com o que os filhos falam, se vestem, os programas que assistem, os sites que visitam, os passeios de férias... Tudo pode ser campo fértil em que a castidade possa se firmar, arrancando as ervas daninhas que precisam ser tiradas no momento e no certo, como o joio que cresce com o trigo. As festas, os finais de semanas com namorados, a bebedeira... Precisamos ficar atentos, pois não sabemos quando virá o ladrão... Educar para a temperança, o autodomínio exige trabalho. Precisamos ter iniciativas de promover o que é sadio e não ficar simplesmente criticando o mundo. Assim, quando eles vão crescendo e tomando contato com tantas coisas distorcidas, vai crescendo também a prudência.
Tudo isso começa na preparação remota e se perpetua até a castidade matrimonial. Quando se casam no vigor da juventude, o casal faz a experiência de ter o seu coração preenchido por uma única mulher, por um único homem. O matrimônio é o maior vestibular da vida: são três bilhões de candidatos para uma vaga! Há dificuldades neste caminho, crises que podem corroer as colunas do altar onde apoiamos nossa vida conjugal. Diante dessas situações que nos convidam à quebra dos compromissos, São Josemaria Escrivá nos adverte: “Não tenhas a ousadia de ser corajoso: foge!”.

A castidade conjugal deve ser vivida mesmo em meio às provações. Diz Tg 1, 12-14: “Feliz o homem que suporta a tentação. Porque, depois de sofrer a provação, receberá a coroa da vida que Deus prometeu aos que o amam. Ninguém, quando for tentado, diga: É Deus quem me tenta. Deus é inacessível ao mal e não tenta a ninguém. Cada um é tentado pela sua própria concupiscência, que o atrai e alicia.” Para alimentar a castidade conjugal é preciso convivência, contato, diálogo, presença, mesmo em meio às adversidades. São Paulos aos Hebreus (12, 3-7, 12-14): “Considerai, pois, atentamente aquele que sofreu tantas contrariedades dos pecadores, e não vos deixeis abater pelo desânimo. Ainda não tendes resistido até o sangue, na luta contra o pecado. Estais esquecidos da palavra de animação que vos é dirigida como a filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor. Não desanimes, quando repreendido por ele; pois o Senhor corrige a quem ama e castiga todo aquele que reconhece por seu filho (Pr 3,11s). Estais sendo provados para a vossa correção: é Deus que vos trata como filhos. Ora, qual é o filho a quem seu pai não corrige? Levantai, pois, vossas mãos fatigadas e vossos joelhos vacilantes (Is 35,3). Dirigi os vossos passos pelo caminho certo. Os que claudicam tornem ao bom caminho e não se desviem. Procurai a paz com todos e ao mesmo tempo a santidade, sem a qual ninguém pode ver o Senhor.” A castidade é remédio para que não fiquemos “mancos” no amor. É a castidade que favorece a fidelidade.
Nós não nos casamos por acaso, mas com aquela pessoa que escolhemos por amor. E essa escolha, exige sacrifícios. Uma vez foi perguntado a um alpinista sobre a necessidade de preparação para a escalada de uma montanha. Deve haver uma preparação de, pelo menos, um ano para estar preparado. Da mesma forma, o atleta que se prepara para um Pan-americano ou Olimpíada, e ainda assim se corre o risco de se perder a medalha com um simples escorregão. Também, as modelos de revistas que fazem dietas para o dia do desfile... Ou seja, todos se sacrificam pelas suas causas, por um fim desejado, onde está efetivamente o seu coração.
Alguns pontos são fundamentais:
A confissão periódica, a eucaristia freqüente, a oração como espaço de desejo de encontro com Deus. É preciso esforço, em meio às consciência das nossas fraquezas. Aprendamos com Pedro: “Simão, tu me amas? Tu sabes tudo, Senhor, tu sabes que eu te amo.”. Deus conheces toda a nossa fraqueza, mas sabe que desejamos amá-lo cada vez mais. No relacionamento conjugal encontramos u caminho para amar e servir a Deus. O verdadeiro mundo novo é onde Cristo reinará em cada família! “Felizes os puros de coração porque verão a Deus.”.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

PLANEJAMENTO NATURAL DA FAMÍLIA (2)


A programação do sábado, dia 29, do II Congresso Nacional de Planejamento Natural da Família começou com Santa Missa presidida por Dom Leonardo Steiner, Secretário-geral da CNBB e bispo auxiliar de Brasília.

Dom Leonardo ressaltou a importância do tema do Congresso: “Construir a Família: por amor, com amor e para o amor” e como o planejamento familiar revela, na verdade, o cuidado, o zelo que devemos ter com a família. E fazendo a relação com o Evangelho do dia (cf. Lc 14, 1.7-11), lembrou que, no amor, nós não escolhemos, mas que, primeiramente, somos escolhidos: é assim com o amor de Deus por nós, que nos amou primeiro; é assim nos nossos relacionamentos humanos. O amor carece desse movimento de um aparente distanciamento inicial para que façamos a experiência de sermos convocados a nos aproximarmos.
A primeira sessão teve como temática: “Planejar por amor”. A médica Marli Virgínia Lins e Nóbrega, abriu esta sessão com a seguinte palestra:




“Lei natural e método natural: obedecer a Deus de modo inteligente”.
(Dra. Marli Virgínia Lins e Nóbrega, ginecologista e obstetra)



Em Gn 2,7 vemos a formação do homem a partir do pó da terra e insufla pelas suas narinas o sopro da vida. Deus dá a este homem recém-concebido uma alma imortal. Nela encontram-se as faculdades que nos fazem imagem e semelhança de Deus: inteligência, vontade e liberdade.
Quando nos cria não nos abandona à proporia sorte, mas inscreve em nossos corações uma lei natural, que diferente da lei civil que está associada à imposição e ao castigo, mas esta lei natural é o próprio amor de Deus infundido no coração dos homens e que nos direciona ao bem e à felicidade. E as faculdades da inteligência, vontade e liberdade nos levam a ler esta lei colocada no mais íntimo do nosso ser e, assim, conseguimos realizar o projeto do amor de Deus em nossas vidas.
A Lei Natural nos permite discernir apenas com a razão humana, mas que às vezes, é falha pelo pecado que também entrou nas nossas vidas. É preciso obedecer a Deus de modo inteligente. Mesmo quem não acredita em Deus é capaz de perceber o que é o certo e o errado.
Em Gn 2, 21-22 vemos Deus criando a mulher a partir do homem. E daí vem o mandato divino para a abertura à vida. A criação do ser humano como homem e mulher tem como finalidade o encontro e a doação de vida entre os esposos. Sobre a masculinidade e a feminilidade desceu e bênção da fecundidade. No amor conjugal os aspectos unitivo e procriativo devem estar sempre juntos, mesmo que vivamos em meio de uma sociedade contaminada pelo pecado e que quer dissociar estas duas realidades. Esta verdade, está inscrita no coração, mas também escrita literalmente nas Sagradas Escrituras.
Como obedecer a Deus de modo inteligente? Respeitando o aspecto procriativo em cada encontro conjugal. Eva ao conceber diz em Gn 4,1: “Adquiri um homem com a ajuda de Javé.”. Os demógrafos recentemente se assustaram quando nasceu o bebê que completou a humanidade em sete bilhões. E vem o Papa dizer a bênção que é nascimento de cada ser humano. Para que o pecado não prevaleça, precisamos perceber que a Lei Natural nos é dada por amor.
Existe uma unidade indivisível entre fé e moral. Não podemos seguir a Igreja apenas na unidade da fé, mas termos um pluralismo de “opiniões morais”. “Eu acredito em Deus, mas... não aceito que os namorados devam viver a castidade, acho que a camisinha é necessária, etc..”. A Igreja, quando nos fala de Planejamento Natural da Família, nos aponta um caminho que nos leva ao amor e à vida. A escolha é de cada um de nós. Quem tem a missão de orientar os casais deve se manter sempre fiel a este caminho. Como obedecer a Deus de um modo inteligente quando um casal, por motivo justo, não puder ter outro filho? Um filho é sempre dom do Pai. Cada filho reflete um sim, como o sim de Maria à vontade do Pai. Usar os métodos naturais para realizar a maternidade e a paternidade responsáveis é obedecer a Deus de modo inteligente.
Na realidade de hoje a visão integral do homem do homem é facilmente rejeitada. A sociedade tem educado para a promiscuidade, a irresponsabilidade sexual. Colocam tantas objeções à geração dos filhos... Filho fora do projeto de vida do casal, primeiro é preciso terminar a faculdade, comprar o apartamento, passar no concurso público...
Ao tocarmos neste assuntos vem sempre à tona a questão social: Como fazer com as pessoas carentes? A conduta moral deve ser diferente de acordo com a classe social?! Quem já é desprovido de moradia, de alimentação, de emprego também deve ser desprovido do direito de ser pai e mãe?! Ou será que todos os direitos básicos devem ser defendidos e garantidos a todos os serem humanos, especialmente os mais necessitados?!
A ampla educação para os métodos naturais só traz vantagens:
- não tem custo
- contra indicações, nem efeitos colaterais
- não atrapalha o funcionamento normal do organismo feminino
- mantém as características típicas da feminilidade e da libido, pois o ciclo dos hormônios não é afetado
- A lubrificação vaginal se mantém inalterada
- os casais, para aproveitarem melhor os períodos não-férteis têm mais relações sexuais do que os que usam métodos anticoncepcionais
- evita abortos obscuros
- aproxima o relacionamento e a co-responsabilidade do casal
- o índice de estabilidade matrimonial é muito maior do que em quem usa métodos anticoncepcionais

Com a nossa inteligência, vontade e liberdade podemos nos fazer instrumento da Verdade, do Amor e do Bem. “Feliz o ventre que trouxe ao mundo e os seios que te amamentaram.” (Lc 11, 27)

terça-feira, 1 de novembro de 2011

PLANEJAMENTO NATURAL DA FAMÍLIA (1)


Aconteceu em Brasília, no final de semana de 28 a 20 de outubro o II Congresso Nacional de Planejamento Natural da Família, que teve como lema: “Construir a Família: por amor, com amor e para o amor”. Todo material estará disponível na VIDEOTECA DA VIDA no site www.promotoresdavida.org.br. E, aqui em nosso blog, você também terá acesso a esta formação riquíssima, pois a cada dia disponbilizaremos os resumos das conferências e palestras.
A abertura do evento, sediado no Colégio Madre Carmen Salles, foi com a Santa Missa presidida pelo arcebispo de Brasília, Dom Sérgio da Rocha, e co-celebrada, entre outros, por Dom João Carlos Petrini, Presidente da Comissão Episcopal para a Vida e a Família, e Dom Antônio Augusto Dias Duarte, bispo animador da Pastoral Familiar do Rio de Janeiro e do Regional Leste 1 e membro da Comissão Vida e Família do CELAM.
Em sua homilia, Dom Sérgio relembrou, na Solenidade de São Simão e São Judas Tadeu, que todos nós somos chamados à santidade. E esta busca da santidade em Deus, pela Igreja, é que nos traz hoje aqui. Como sermos santos em todas as dimensões da nossa vida, inclusive na sexualidade, na afetividade, na família, trabalho, escola... Nada deve ficar fora dos desígnios de Deus. E mais ainda, o exemplo dos santos no mostram o caminho a seguir, nos ajudam a crescer no discipulado. A cor litúrgica vermelha vem nos recordar o grande testemunho destes apóstolos São Judas Tadeu e São Simão. Recordam a fidelidade, os sacrifícios, às renúncias, a coerência e o compromisso que fazem parte do seguidor de Cristo. Não devemos jamais desanimar ou desistir de testemunhar a fé, mesmo diante dos desafios. E há muitos a serem enfrentados pelos casais e famílias. E a força para superá-los é sempre graça, dom de Deus. O tempo todo foi seu amor misericordioso que sustentou os apóstolos e que há de nos sustentar sempre na nossa vida familiar também.

Somos chamados com a Igreja a testemunhar com firmeza e humildade os valores que brotam do Evangelho, transmitidos pelo seu Magistério, entre eles estão os valores do matrimônio, dos filhos, da família, enfim. E juntos nos reunimos para refletir sobre situações tão atuais e urgentes como a transmissão da vida que enfrentam embates éticos, morais e teológicos para o modo de vida cristã.
Não esqueçamos que há uma multidão à espera da Boa Nova, assim como mostra o Evangelho de hoje (cf. Lc 6,12-19). Em primeiro lugar, podemos nos colocar no lugar desta multidão que vem buscar no Senhor a luz, a força e a sabedoria que vem do Senhor. Porém, mais do que apenas isso, queremos retornar para o dia-a-dia das nossas famílias e comunidades, também anunciarmos com palavras e com a proprra vida a vivência da sexualidade conjugal. Convidou-nos a aproveitarmos este tempo de convivência fraterna e de busca de orientação na Igreja. Temos a responsabilidade de passar adiante toda a riqueza que aqui receberemos.

Dom Sérgio da Rocha também presidiu a conferência da sexta-feira, que apresentamos a seguir:


A revelação e a antropologia a respeito do sexo como possibilidade e a visão bíblica da sexualidade
(Dom Sérgio da Rocha, Arcebispo de Brasília)



A compreensão e a vivência da sexualidade conjugal dependem muito da visão antropológica que se tem, ou seja, nossa visa de pessoa humana condiciona em grande parte a conduta moral que temos. Por isso, esse tema serve de fundamento para tudo o que é proposto no agir moral. Na compreensão da sexualidade da pessoa humana, busca-se muito a dimensão científica, ainda que mediada pela filosofia. O Magistério da Igreja reconhece a importância do diálogo com as ciências e apresenta critérios orientadores para compreender melhor a pessoa e sua sexualidade. Destaco como premissa desse congresso a necessidade de se ir além dos dados científicos meramente. Precisamos buscar o sentido mais profundo da pessoa humana na Palavra de Deus. A sexualidade humana não pode ficar à margem do campo da espiritualidade, da teologia, nem da moral. Se não estaríamos nos rendendo à uma neutralidade ética da sexualidade que tem sido defendida e vivida por muitos na sociedade atual. Destaco algumas referências fundamentais que nos dêem alguns critérios éticos para a vivência da nossa sexualidade e para o planejamento natural das famílias.

(1) O primeiro aspecto que se destaca é a dignidade da sexualidade humana decorrente da dignidade inviolável da pessoa humana. O ser humano é imagem e semelhança de Deus. Como a sexualidade é algo essencial do ser humano é, portanto, fundamental. É dom do criador: não podemos reduzir, nem negar a dignidade intrínseca do ser humano. E a sexualidade é uma dimensão do ser que deve ser compreendida numa visão integral. Não é a única, mas não pode ser menosprezada, nem renegada.
Corremos riscos muito grandes de reducionismos. No passado, por exemplo, tivemos o reducionismo que valorizava apenas o espírito em detrimento do corpo. E hoje, ao contrário, um reducionismo apenas para a sexualidade (ou melhor ainda, a genitalidade). Para uns vale o intelectual, para outros a questão material e utilitarista... Qualquer que seja, o reducionismo sempre mutila a pessoa humana. Há, então, uma necessidade de uma antropologia bíblica, que resgata e destaca a unidade do ser humano. O próprio vocabulário utilizado para se referir ao ser humano (seja no Antigo ou no Novo Testamento) destaca bem essa unidade. As Cartas de São Paulo aos Gálatas e aos Romanos podem ser mal interpretadas quando se fala da “carne” e do “espírito”, quando, na verdade, ele fala de dois estilos de vida.
Além da unidade outro ponto importante é o dinamismo da pessoa humana que também é dom do criador: não nascemos prontos e acabados. Crescemos cheios de potencialidade, rumo ao amadurecimento em todas as áreas da nossa vida, inclusive na da sexualidade. Precisamos ter uma visão esperançosa do futuro para caminharmos rumo à plenitude da vida.

(2) A sexualidade é dom do Criador. Ao contrário da visão maniqueísta que pregava que dentor de si o ser humano trazia um deus do bem e um deus do mal, a Igreja sempre afirmou a bondade do criador e da sua criação, o que inclui, portanto, também a sexualidade que foi criada por Deus, e não pelo diabo. Isto nos dá uma visão positiva da sexualidade.

(3) A dignidade da procriação, a relação entre a sexualidade e a fecundidade. No relato bíblico da criação isto é bem destacado. Ao longo da história também. Os filhos são fruto e laços do amor entre o homem e a mulher: é tudo bênção de Deus. Mas ao mesmo tempo, a transmissão da vida tamb;em aparece no Gênesis como tarefa: “Sede fecundos... multiplicai-vos.”. Esses imperativos devem sempre ser respeitados e valorizados no que propomos no campo do planejamento familiar.

(4) A sexualidade como expressão de amor e união entre o homem e a mulher. É o que aparece no segundo relato da criação. Vemos a comunhão que une o homem e a mulher: “Não é bom que o homem esteja só... E se unirá à mulher e se tornarão uma só carne...”. Unidade confirmada por Jesus: Ö que Deus uniu, o homem não separe.”. Nós assumimos como base o relacionamento conjugal, o amor fiel no contexto matrimonial. Este é o plano original do Criador, confirmado por Jesus e que a Igreja anuncia até hoje.

(5) A comum dignidade entre o homem e a mulher. Ambos foram criados à imagem e semelhança de Deus e, portanto, têm igual dignidade. Quando se fala de planejamento natural da família ambos devem participar de maneira responsável.

(6) A ambigüidade da sexualidade humana. A grandeza, mas também a fragilidade da pessoa humana também aparecem na sua sexualidade. O ser humano é formado do pó da terra, mas com a infusão do sopro divino. A Teologia da Criação de completa com a Teologia da Redenção. Não podemos ser ingênuos. Tudo foi criado bom, mas o pecado corrompe o agir da pessoa humana e necessita da graça em todos os aspectos da sua vida, e também na sua corporeidade. O egoísmo também se faz aí presente e não podemos fechar os olhos para esta mazela. Sem a Graça de Deus não conseguiremos vivenciar toda a riqueza que Deus mesmo nos concede.

Faz-se, portanto, urgente de orientar eticamente a vivência da sexualidade. Precisamos de critérios que transcendem a pessoa, mas que possam ser vividos pela pessoa. Não podemos repetir os pecados dos nossos primeiros pais e querermos ter os nossos próprios critérios do bem e do mal, decidindo por conta própria o que vale e o que não vale.
Deus educa seu povo. Educa também no campo da sexualidade e da vida em famílias. Precisamos trabalhar isto de forma espiritual, ética e pastoral. Que esta reflexão sirva de estimulo para as outras questões trabalhadas durante o Congresso.