Além das atividades paroquiais na SEMANA NACIONAL DA VIDA, no dia 08 de Outubro celebramos o DIA DO NASCITURO, ou seja, da criança não-nascida, ainda no ventre de sua mãe. Para celebrar esta data a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, juntamente com o Movimento Brasil sem Aborto e o Instituto Eu Defendo organizaram um evento no Santuário de Adoração Perpétua de Sant’Ana, no Centro da cidade.
Às 09h foi celebrada a Santa Missa, presidida por Dom Pedro Cunha Cruz, bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro, e co-celebrada por Monsenhor José Laudares.
“Feliz o ventre que te trouxe ao mundo...”
Em sua homilia, Dom Pedro Cunha ressaltou a tradição da Igreja em defender e celebrar a vida, razão de ser da própria Igreja, Filha do Pai Eterno que é Autor, Princípio e Fonte da Vida.
Recordou que, desde o início do povo de Deus com Abraão, como o Senhor abomina o sacrifício humano. Na primeira Leitura do Profeta Joel, o bispo destacou como Deus está sempre inquieto com o sangue derramado por vidas inocentes. O grito silencioso dos inocentes chega até os ouvidos de Deus.
E do Evangelho de Lucas, a partir da frase: “Feliz o ventre que te trouxe...”, destacou a beleza da maternidade, não só pelo seu aspecto biológico, mas por tantas outras formas de acolhida e serviço que ampliam o conceito de maternidade. A maternidade sempre será um sinal da presença de Deus. Dom Pedro completou lembrando que Maria é e continuará sempre sendo modelo de maternidade, intercedendo inclusive por aquelas vidas que foram tão tenramente ceifadas pelo crime do aborto. A celebração, vivenciada com muita fé, fez uma homenagem à Mãe de Deus com o canto da Ave Maria de Gounod, interpretado pela cantora Elba Ramalho, e uma bênção especial às grávidas ali presentes.
Estatuto do Nascituro
Logo após a celebração eucarística, os presentes se dirigiram ao auditório anexo ao Santuário para um forte momento de reflexão sobre a luta em defesa da vida. A Abertura foi feita por Zezé, do Movimento Brasil sem Aborto e pelo pároco, Padre Laudares. Dr. Paulo Leão, presidente da Associação de Juristas Católicos, proferiu uma palestra sobre o Projeto de Lei 478/07 que quer aprovar o ESTATUTO DO NASCITURO. Depois de muitos debates e emendas, foi aprovado um substitutivo pela Comissão de Seguridade Social, Vida e Família da Câmara dos Deputados, com todo apoio dos grupos pró-vida e da CNBB.. Dentre as mudanças estão o maior apoio à mulher e busca uma integração de legislação, nos moldes do Estatuto da Criança e do Adolescente, do Jovem e do Idoso.
Todo avanço da ciência e da medicina só vem corroborar o valor e a dignidade da pessoa humana desde o momento da concepção, quando o gameta feminino se une com o gameta masculino: é um ser humano! É este o princípio básico que o Estatuto do Nascituro quer deixar claro. Proteger o Nascituro é proteger todo ciclo vital do ser humano.
Vejamos alguns dispositivos importantes tal e qual o texto aprovado em Brasília:
O conceito de nascituro: seres humanos concebidos, mesmo antes da sua nidação ou transplantação para o útero da mulher (o que inclui inclusive os embriões congelados). A todo nascituro devem ser garantidos todos os direitos jurídicos, e toda forma de proteção por parte da sociedade. Direito à vida, à saúde, ao desenvolvimento, à proteção... o que deve ser garantido pela família e pelo Estado.
O texto quer garantir também que sejam punidos todos os atentados à sua integridade em sua peculiar situação de desenvolvimento sadio e harmonioso na gestação e seu nascimento em condições dignas de existência. Para tal, o atendimento no Sistema Único de Saúde deve ser assegurado, não só a gestante, mas também o nascituro deve ser alvo dessa segurança (inclusive em casos jurídicos de indenização, por exemplo).
O Estatuto também proíbe qualquer tipo de discriminação por raça, etnia, sexo, patologia grave ou deficiência física ou mental. E ao nascituro devem ser disponibilizados atendimento pré-natal, bem como todos os meios disponíveis e cabíveis para prevenir ou tratar da sua saúde.
O Estatuto também prevê intervenção da justiça para que filhos gerados, por exemplo, em casos de estupro, que seja dada ajuda econômica para a mãe e o bebê, em forma de pensão alimentícia paga com a renda do criminoso ou, no impedimento disto, subsídio garantido pelo Estado, usando verbas da seguridade social que também seriam usadas para atender esses casos. Mãe e bebê terão direito à assistência psicológica, atendimento pré natal, direito de ser encaminhado para a adoção com total assistência.
Alcançada esta vitoria, o próximo passo será o Estatuto da Gestante e da Maternidade. O texto do substitutivo na íntegra está no site
http://www.camaradosdeputadosfederais.gov.br/. E os que estiveram presentes ao encontro puderam ainda participar no abaixo-assinado pedindo a aprovação do Estatuto do Nascituro.
Testemunho de Conversão
Logo em seguida, todos acompanharam emocionados os testemunhos da cantora Elba Ramalho que falou do seu retorno à fé e de como aderiu de corpo e alma à defesa da vida. Contou das suas lutas, quando, por exemplo, já teve um cachê de show a ser pago pelo Ministério da Cultura do governo cancelado pelo fato de estar ao lado da vida, já foi ameaçada por grupos feministas, etc. ... Falou sobre sua conversão e sua devoção especial por Nossa Senhora, pela qual obteve muitas graças. Contou como ainda carrega até hoje o peso do aborto, mesmo depois de ter recebido a absolvição pelo sacramento da Confissão. Ajuda, ainda, no apoio à adoção pela ONG “Bate Coração”. Elba Ramalho colocou-se à disposição para estar na linha de frente, indo com o movimento em defesa da vida, além de apoio material também.
Relatou o testemunho de uma mulher que era constantemente agredida pelo marido que a incentivava a fazer o aborto. O grupo de oração da paróquia próxima se comprometeu a ir todos os dias em sua casa para rezarem o Terço da Misericórdia para que a Vida prevalecesse. Depois de cinco meses de forte intercessão, o marido se converteu, aceitou o filho e na imagem da ultrasonografia pode ser vista a silhueta de Jesus Misericordioso... um carinho de Deus e uma mensagem do seu Amor por todos os seus filhos...
Testemunhou sua experiência quando esteve em Medjugorie: passou lá por muitas provações. A mala foi extraviada, com apenas uma muda de roupas, ela ficou numa pensão, quase sem dinheiro para comer... Acredita que foi Nossa Senhora querendo lhe ensinar o desapego. Lá encontrou um padre polonês que já havia morado no Brasil e a reconheceu. Sem saber da sua história passada do trauma do aborto e lhe deu de presente um terço que foi idealizado por uma senhora portuguesa que se converteu após arrepender-se de um aborto que cometeu, e que teve uma inspiração divina de fazer um terço para ser rezado em favor das crianças abortadas: suas contas são em forma de útero.
Em Defesa da VidaO encontro foi encerrado com a mensagem da Zezé que conclamou a todos a ajudarem no Instituto Eu Defendo com sede no prédio anexo à Igreja de Sant’Ana e falou do trabalho que está começando de acompanhamento às mulheres que abortaram e precisam se restabelecer da síndrome pós-aborto e voltarem à comunhão com Deus e o perdão e a paz interior.
A presidente Jane Chanter, presidente do Movimento Brasil sem Aborto, lembrou da nossa responsabilidade de cidadãos nas próximas eleições, ficando atentos às posturas éticas dos candidatos. Em ano eleitoral, o Movimento publica em seu site os nomes candidatos que assinam o documento: “Compromisso com a Vida”, colocando-se oficialmente contra o aborto. O grupo lembrou, ainda, a importância de participarmos das reuniões abertas dos Conselhos Municipais de Políticas Públicas para as Mulheres para estarmos atentos aos movimentos políticos que estão acontecendo e também para nos colocarmos. O Movimento concluiu citando Ghandi: “Seja você mesmo a mudança que quer ver no mundo.”.
Elizabeth do Movimento Arquidiocesano em Defesa da Vida (
http://www.defesadavida.com/), relembrou que o Movimento começou há exatos 35 anos. Testemunhou sua experiência em visita aos Estados Unidos e como lá quem defende à vida é considerado um verdadeiro infrator. Com o aborto legalizado há quase 40 anos, há em janeiro todos os anos um ato desagravo. Viu um cartaz que dizia:
Be a hero: save a Whale. Save a baby: go to jail!”. (“Seja um herói, salve uma baleia. Salve um bebê, vá para a cadeia.”). Elizabeth visitou na cadeia defensores da vida, que foram presos em manifestações absolutamente pacíficas pelo simples fato de defenderem a vida. Mas ainda assim colocou que isso não é nada, comparado ao sacrifício de bebês. Legalizar o aborto é dar a alguém o direito de matar seres humanos inocente. Isso é gravíssimo!
Em tempos de individualismo, em que é difícil, muitas vezes, mobilizar grandes públicos, todos nós podemos ajudar desde maneiras simples. Por exemplo, escrevendo um cartaz e indo para a rua: “Bebê no ventre materno, também é gente.” ou “Direitos Humanos para todos.”.
O encontro foi encerrado com vídeos de conscientização levados pelo Movimento Brasil sem Aborto e com a bênção final dada por Frei Galdêncio.
MOBILIZAÇÃO NA ARQUIDIOCESE DE NITERÓI
III Congresso em Defesa da VidaNa parte da tarde, a mobilização continuou na Arquidiocese vizinha de Niterói. É que acontecia o III Congresso em Defesa da Vida com o tema: “Aborto Nunca Mais”, organizado pela Comunidade Aliança Divina. A participação da Arquidiocese do Rio de Janeiro foi expressiva com as presenças do Deputado Estadual Márcio Pacheco, representantes da Pastoral Familiar e dos movimentos em defesa da vida.
Na parte da tarde, os trabalhos começaram com as colocações de Dr. Carlos Fabrício da Comunidade Aliança Divina que trouxe tristes exemplos da terrível desvalorização da vida humana em algumas culturas e como é grande a nossa luta.
Aspectos Jurídicos do AbortoLogo em seguida, Márcio Pacheco fez sua palestra sobre os aspectos jurídicos da defesa da vida. Ele começou testemunhando como são perseguidos aqueles que abertamente se declaram a favor da vida, especialmente, no campo da política. O que podemos aprender hoje para nos fortalecer nesta luta?
Relatou o impacto que seu projeto de tese de Doutorado em Direito causou entre os colegas e professores na faculdade. Ele afirma que “abortar” na existe em termos jurídicos. Abortar significa desistir. Portanto, o aborto é o momento em que a mãe desiste, abre mão daquele ser vivo dentro dela. Isto é o aborto. A morte do feto, a ação cirúrgica em si, não pode ser chamada de aborto, mas sim de assassinato. Márcio Pacheco propõe, então, que se a mãe desiste de assumir a criança por se julgar incapaz -- o Estado que tem o dever de tutelar a vida -- deve intervir, retirar o pátrio poder (que já foi negado por esta mulher quando ela abortou em seu coração), e assumir a criança.
Dizem que no Brasil existe “aborto legal” em dois casos: estupro ou risco de saúde da mãe. Na verdade, aborto legal não existe. O que existe é exclusão de punibilidade: o aborto ainda é considerado crime, mas os envolvidos nestes casos não são punidos. E por que acontece isso nesses dois casos? O código penal é da década de 40. Hoje com os avanços médicos e jurídicos não se pode mais conceber justificativas desta ordem.
Um aborto custa hoje em média R$ 1.250,00. Este recurso não poderia ser dado a entidades que cuidam de crianças abandonadas?! Este dinheiro não poderia ajudar crianças a viverem?! E por que não fazer isso? Porque isso implica em trabalho, prestação de contas, burocracia... Porque é mais fácil simplesmente ir ao hospital e extirpar uma vida. Do jeito que nossos hospitais do SUS estão hoje vocês conseguem imaginar como ficaria a situação, a carnificina que aconteceria diariamente?
E os que querem justificar a legalização do aborto tentando usar como justificativa que mulheres e meninas ficariam nas mãos das clínicas clandestinas? Ora, façamos uma comparação. O rapaz que vende artesanato numa banquinha de camelô trabalha na rua lado a lado com o rapaz que vende DVDs piratas. A pirataria é crime. Se houver uma blitz o que vende os DVDs piratas vai preso. O camelô sem licença tem apenas a sua mercadoria apreendida, porque sua atividade é ilegal (porque ele não recolhe tributos), mas não é crime.
Em Portugal, o aborto foi legalizado e o índice de morte materna aumentou 400% porque quando uma clínica está fora dos padrões os responsáveis não são presos... o estabelecimento é fechado, e no dia seguinte, outra igual é aberta. Não há mais crime. Quando o aborto foi legalizado, a ilegalidade se proliferou. Institui-se uma chacina...
Não podemos permitir que o Estado seja omisso nessa realidade. Ele precisa responder por essas vidas ceifadas. Os abortistas falam de fetos como se estivessem falando de pedaços de carne... Que diferença há entre um feto que é abortado e uma mãe que larga o seu filho recém-nascido numa lata de lixo?! Não são ambos crianças indefesas?!
Ainda temos muito o que avançar em nossa legislação. O direito civil brasileiro só garante direitos ao bebê se nascido com vida, só a partir do nascimento ela adquire personalidade jurídica. A legislação argentina, por exemplo, é concepcionista, ou seja, desde o momento da concepção, aquele ser humano já tem seus direitos e deveres. Apesar disso, a vida do nascituro é garantida pelo direito civil e pela Constituição brasileira que garante o amplo direito à vida.
“A messe é grande, mas os operários são poucos...”. A lei está do nosso lado, o povo não quer o aborto, mas os abortistas estão em maior número e espalham suas mentiras mais do que nós que trabalhamos pela vida. Por isso, a mentira pode acabar prevalecendo. Precisamos de coragem e determinação. Cristo cobrará isto de nós. Não é admissível que num país com uma Igreja tão forte como a nossa ainda aconteçam abortos.
“Pela sua dolorosa paixão...”A Comunidade Anunciadores da Misericórdia conduziu a oração do Terço da Misericórdia em intercessão pela vida, pelas crianças abortadas, pelas mulheres e profissionais de saúde envolvidos em casos de aborto. Todos rogaram a misericórdia divina pelos pecados do mundo inteiro.
A Criança no Ventre Materno
Logo depois deste momento de espiritualidade, Eunides e Gerusa - terapeutas de Belo Horizonte que utilizam a Abordagem Direta do Inconsciente (ADI) como técnica complementar em seus trabalhos - discorreram sobre a importância da fase de útero materno para o desenvolvimento do ser humano nas três dimensões que o caracterizam: física, psíquica e humanística. Explicitam que essa experiência revela estruturas organizadas pela própria pessoa, as quais sustentam inúmeros sofrimentos traduzidos em forma de diversos sintomas. Assim sendo, a criança de útero materno, em função da existência de sua dimensão humanística que ultrapassa a realidade psicofísica, demonstra possuir consciência de si desde o momento da concepção e, portanto, percebe e registra tudo o que acontece a sua volta. Nesse sentido, reage aos momentos de amor e desamor, tanto dos pais para consigo quanto em relação ao afeto doado ou negado na díade conjugal.
Em 2005, foi proclamada a Declaração Universal sobre Bioética e Diretos Humanos, que reconhece que “a identidade de um indivíduo inclui dimensões biológicas, psicológicas, sociais, culturais e espirituais.” (Cátedra de Bioética da UNESCO). Essa definição é confirmada pelas pesquisas da ADI (Abordagem Direta do Inconsciente) que, além disso, demonstram existir no ser humano necessidades consideradas fundamentais, e essas, por sua vez, ao serem atendidas, favorecem o seu desenvolvimento de forma mais autêntica e saudável. Uma das necessidades que mais se evidencia na experiência da ADI é o amar e o ser amado. Assim sendo, muitos sofrimentos manifestados em terapia, encontram-se estruturados em momentos nos quais a criança reage ao desamor, construindo posicionamentos nocivos que mais tarde se expressam como condicionamentos. De tal modo, o simples pensamento de uma mãe em abortar já pode ser percebido pela criança de útero materno, que reage imediatamente, expressando uma profunda dor por entender-se não amada e, assim sendo, formula decisões que afetarão toda a sua existência.
Nesse processo, os inconscientes abordados mostram, desde o momento da concepção, a presença de uma luz que se revela como um referencial de amor incondicional e de valores humanísticos que orientam o ser humano eticamente em suas mais diversas relações. Desta forma, o ato de abortar é registrado pela própria mãe como um movimento contrário ao sentido de vida primeiro, percebido nesse nível como a abertura ao outro, isto é, a atitude de amar. Isso implica, muitas vezes, como relatam pessoas que passaram pela experiência do aborto, em ativar um dispositivo de culpabilidade por não amar, o qual pode resultar em diversas sintomatologias.
Pela memória do inconsciente e em função da realidade humanística, as pessoas que se submetem ao processo podem reformular seus posicionamentos, através de um questionamento que possibilita a compreensão das pessoas envolvidas nos acontecimentos que a afetaram. Essa mudança geralmente resulta na reconstrução dos vínculos afetivos, tanto extra quanto intra-familiares, bem como na redescoberta das potencialidades e do sentido da existência no mundo.
O primeiro dia do evento foi encerrado com Santa Missa celebrada por Dom Roberto, bispo da Diocese de Campos.
Veja mais fotos na galeria no final do nosso blog.