7ª Peregrinação Nacional e 5º Simpósio
Nacional das Famílias
A casa da Mãe Aparecida recebeu mais uma
vez as famílias do Brasil inteiro para refletirmos juntos sobre o tema “O Amor
é a Nossa Missão: a Família Plenamente Viva”, tendo como base o tema do
Encontro Mundial das Famílias de 2015.
A abertura do simpósio foi feita por dom
Darcy, bispo auxiliar de Aparecida que ressaltou o lugar todo especial que a
Igreja tem pela família, procurando encontrar sempre caminhos pastorais para
enfrentar os desafios que a família sofre para viver sua vocação do amor neste
mundo tão confuso. Como criar as condições para que a família possa ser o que
Deus quer e desenvolver bem o seu papel na sociedade? Dom Darcy nos convidou a
sermos corajosos em encontrarmos respostas a concretas a essas perguntas.
Dom João Bosco, novo presidente a Comissão
Episcopal e Pastoral Vida e Família, também deu suas boas vindas a todos os
participantes e começou ressaltando as qualidades e o bom trabalho da
presidência anterior de Dom Petrini e agradeceu ao empenho dos agentes leigos e
consagrados ali presentes, que tanto trabalham pela família. Ressaltou que a
missão a qual somos chamados nos impele a nos entregarmos nas mãos de Deus e
colocou pessoalmente toda a sua vida e a sua vocação à disposição deste novo
trabalho apostólico.
O casal coordenador nacional da Pastoral
Familiar Roque e Veronica deu sua palavra de acolhida a todas as famílias
convidando-as a que cada uma delas faça-se plenamente viva no coração da sociedade
e da Igreja, levando adiante todas as reflexões que serão feitas neste dia.
Em seguida, Dom Petroni partilhou algumas
propostas que a Comissão já vinha trabalhando e que serão expandidas nesta nova
etapa que se inicia. Exatamente porque até nos meios seculares a família nunca
esteve tão no centro das discussões e atenções. E a nossa contribuição precisa
ser fundamental nessa hora, como portadores Daquele que pode ser a solução da
crise humana, Jesus. Nestes tempos em que o amor deixa de ser o dom de si, mas
um bem para sua própria conveniência, somos interpelados a sermos anunciadores
desta graça, tornando-a visível por meio do nosso amor humano. Dom Petroni
aproveitou para divulgar a experiência da “Escola de Família”. O projeto está
sendo ampliado com a gravação de vídeos de apenas 10 minutos que podem ser
acompanhados pelos livretos de mesmo nome. Uma boa opção de caminho de
crescimento da vida fraterna entre pequenos grupos de famílias. Em breve, todo
material estará disponível e será oportunamente divulgado de modo que possa ser
usado em todo país.
1ª palestra
Anunciar o Evangelho da Família
É hora de anunciar o Evangelho da família e
da vida, um tempo oportuno em que o papa Francisco nos convoca, pela graça do
Espírito Santo, convoca não só a Igreja mas toda humaniza a uma grande revisão
das nossas atitudes, especialmente no que diz respeito a família. E tudo isso
com alegria e esperança! A família não é um problema, mas um Dom! Esse tema vem
permeado do tema principal do Simpósio e que também o é do encontro mundial das
famílias. Ele fala de amor e de missão. A missão é um tema definido aqui em
Aparecida e que se espalha pela Igreja do mundo inteiro. Somos missionários do
amor, anunciadores de uma boa nova. Que novidades temos para anunciar ao mundo?
A vida plena que só Jesus pode trazer. “Eu vim para que todos tenham vida.”. Pregamos
o evangelho não para que nossa igrejas fiquem cheias, mas para que a vida não
pereça, para que a morte não impele, pois só esta boa nova de salvação pode
trazer vida.
Desde o Concílio Vaticano II, que completa
50 anos, nos encontramos diante de tempos complicados mas nos quais a Igreja
vem se colocando e trabalhando com coragem, como guardiã da Verdade de Jesus
Cristo. Somos desafiados, mas não estamos perdidos. O mundo ainda tem muitas
coisas boas, ainda tem muitos caminhos, mesmo em meio às contradições. Quanto
mais estivermos em comunhão com a Igreja, mais teremos a proclamar.
Às vezes, podemos nos perguntar como
chegamos nesses tempos tão difíceis, mas agora mais do que nunca de reforçarmos
nossos valores, unirmos nossas forças e oferecermos juntos o remédio de que
sociedade doente precisa: o amor.
Hoje se fala de família em tantos formatos
e âmbitos... formações que nos deixam confusos. Não só a família, mas tantas outras áreas vêm
sendo revistas, como a medicina, ecologia, tecnologia e ciência, política.
Querem tirar a base mais solida da antropologia humana, desvinculando natureza
da cultura. Não se pode falar mais de sexo, mas de gênero, não se fala mais de
pai e mãe mas de parentalidade, nem de família, mas de grupos unidos por laços
de afeto. A ideologia de gênero muda não só o vocabulário mas as leis. Pastoral
Familiar, acompanhem em seus municípios as mudanças que os conselhos de
educação querem impor.
A família formada
e sonhada pelo Criador, essa é que deve ser anunciada. Anunciada às novas
gerações, especialmente aos jovens, que vem de experiências difíceis e não
querem ter família. No âmbito do ensino, atuando nas escolas. E anunciar na
Pastoral Familiar também. Não basta ser um grupinho de pessoas que ficam em
volta de uma mesa falando sobre família! Precisamos estar acompanhando, atuando
e trabalhando em prol de todas as famílias, destroem fora da vida pastoral da
nossa igreja.
Precisamos anunciar o Evangelho da família em todos
os âmbitos.
Mário
SAF , serviço de acolhimento familiar, Santa
Catarina
Ao iniciarem seu trabalho os casais do SAF perceberam
que as maiores feridas no mundo de hoje são causadas pela falta de
espiritualidade e pelo distanciamento entre os seres humanos. Pela falta de
diálogo, das drogas, pela solidão e falta de alguém que as acolha, as escute e
as oriente. Essa é a nossa missão. Sermos ministros da graça uns para os
outros, tendo o compromisso de levarmos o amor a quem mais precisa.
Falando de feridas, podemos comparar com o
nosso corpo. A pele é o maior órgão do nosso corpo, que nos protege dos ataques
exteriores de germes. A nossa pele precisa se nossa espiritualidade. E que o
Espírito Santo seja como o sangue que irriga e nutre todo nosso ser. A vivência
da espiritualidade precisa ser o itinerário da nossa vida, pessoal, conjugal e
familiar.
Deus nos escolhe e nós nos colocamos ao
serviço, abertos à sua graça. Quando não damos atenção ao nosso cônjuge,
deixamos os micróbios do mundo contaminarem nosso casamento.
O primeiro passo do trabalho do SAF é
acolher, com carinho, sem ambiente hospitalar. A nulo do Ano Jubilar da
Misericórdia, o papa nos pede para a de forma fraternal, amigável, disponível e
atenta nos entregarmos ao trabalho da cura dos irmãos. Voltando à analogia da
pele, há lesões superficiais e outras bem profundas. É preciso tempo maior ou
menor para curar. O essencial: sempre a graça de Deus. Além de acolher e
escutar, é preciso também esclarecer por meio da verdade do Evangelho que
apontam um novo caminho de mudança, ainda que com alguma dor e sacrifício.
Atitude que deve partir do irmão que nos procura. Nós só apontamos o caminho,
com compreensão e misericórdia para que o outro faça o seu discernimento. E,
sempre que preciso, fazemos um encaminhamento necessário.
As pessoas que nos procuram saem felizes e
nós, revigorados, porque vemos as delicadezas de Deus. E neste contato, fica em
nós o compromisso de continuarmos rezando pelos irmãos para que o Senhor os
cure.
E quem acha que vem uma pessoa atrás da
outra, engana-se. Ás vezes, passamos horas sem atendimento. Mas não devemos nos
desesperar e sim esperar... enquanto isso, vamos lendo, rezando, sem perdermos
a esperança, mas perseverando sempre na vontade do Senhor. Haverá sempre frutos,
mas sem pretendermos conhecer quando, onde ou como eles virão. Não é um
espetada que contamos quantas pessoas o assistem. O Senhor tem seus meios e o
Espírito Santo trabalha quando, onde e como quer e bem sabe o que faz falta em
cada época e cada momento.
Pedro e Kete
Se a criação do homem pressupunha que
fossemos a sua imagem e semelhança é porque temos alguma característica que
ainda não estava contemplada... vemos aí a beleza da fecundidade. O amor pleno
não cabe em si mesmo, mas é fecundo, dá frutos. O homem se torna a imagem de
Deus não na solitude, mas na comunhão, no dar-se ao outro. A fecundidade é algo
que depende da liberdade do homem e da mulher, Dom dado por Deus. O amor só se
faz pleno, assemelhando-se ao amor de Deus, quando não se fecha em si mesmo.
Desde o princípio, Deus idealizou a união entre homem e mulher para serem
ordenados à fidelidade e de abertura à vida. Foi o pecado que desordenou o amor
perfeito. Quando Jesus instituiu o sacramento do matrimônio, deu-nos novo auxílio
com sua graça para nos educarmos no amor e na vivência desta vocação tão bela.
O matrimônio requer a manifestação do consentimento e se consuma na entrega
sexual entre os nubentes. Nesta estão presentes os caracteres unitivo e
procriativo. O casal celebra e renova o matrimônio em cada ato conjugal, de
forma livre, total, fiel e fecunda. Sem alguma dessas características o amor
não pode ser completo e verdadeiro, se é que pode ser chamado de amor.
Quando o amor não é fecundo, por exemplo?
Pode ser santa uma união de amor entre os cônjuges que deliberadamente decidem
que se bastam a si mesmos e se fecham à vida? Cada ato conjugal renova as
promessas feitas aos pés do altar e uma delas é a vinda dos filhos. Neste
momento de intimidade só Deus podem ser convidado. E cabe a Ele optar se
exercerá seu poder criador ou não. O que não podemos é impedir que Deus
compareça quando brindamos nossa união, usando métodos contraceptivos. Por
outro lado, é lícito usarmos caminhos moralmente corretos para não nos sobrepormos
ao Dom de Deus. Isso é o princípio do Planejamento Natural da Família. Vale
muito a pena nos aprofundarmos na Humana Vitae e na Teologia do Corpo.
Além de crescer e multiplicar, precisamos
também educar os filhos no amor e para o amor. Começamos nós mesmos, pais,
vivendo o amor, em meio a um mundo em que o amor é tão distorcido. Se você
perguntar a algum pai o que ele quer para os seus filhos, podemos dizer muitas
coisas aparentemente boas, mas Deus quer muito mais! Ele nos criou para a
eternidade! Isso se faz pela santidade. O amor entre os cônjuges numa entrega
total é viver em santidade, e vamos contagiando a vida dos filhos com alegria.
Mas isso tem o preço, vivermos uma vida de sacrifício. A cruz é o nosso
parâmetro. Os filhos precisam de lares forjados na coerência e na vivência dos
valores cristãos. Cada filho quer se sentir um filho amado, único e irrepetível
de Deus e dos seus pais. Quanto mais a família cresce, a alegria se multiplica.
E uma das maravilhas de se ter filhos é que
marido mulher se contemplam um ao outro e voltam a se apaixonar. Os filhos
precisam ver o enamoramento dos pais, que diz: “Ele me fez mãe e ela me fez
pai.”. os filhos precisam mais do amor entre os pais do que do amor dos pais
por eles Como é bonito ter famílias numerosas. Os filhos entendem que o amor se
transforma em serviço, que o amor se sacrifica com gosto para atender as
necessidades da família.
A fé e as virtudes são transmitidas na
prática, desde a mais tenra idade. A Piedade vivida na infância marca por toda
a vida, e são coisas assim que vão educando no amor.