sábado, 30 de janeiro de 2010

LANÇAMENTO DA CF/2010 NA ARQUIDIOCESE


No sábado, 30 de janeiro, aconteceu na Catedral de São Sebastião, o lançamento arquidiocesano da Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2010, que tem como tema Economia e Vida e como lema: “Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro”.
O evento foi coordenado por Padre Manoel Manangão, vigário Episcopal para a Caridade Social animado por Márcio Pacheco e banda e transmitido ao vivo pela Rádio Catedral, FM 106,7. O encontro contou com dezenas de representantes paroquiais, vigários episcopais, sacerdotes, seminaristas e religiosas, e começou com a apresentação do tema da CF Ecumênica, da qual estão participando as Igrejas cristãs vinculadas ao CONIC. Marcelo de Sousa (engenheiro) e Eduardo Amaral (economista), ambos do vicariato sul, fizeram suas reflexões em torno do objetivo da Campanha que é de trazer um olhar crítico para a sociedade e buscar despertar a conversão pessoal dos cristãos. Mostraram como o tema da economia não é distante, mas bem próximo do nosso dia-a-dia, nas pequenas atitudes de cada consumidor que acabam movimentando o mercado de capital, como, por exemplo, a simples decisão da dona de casa sobre o horário de ir à feira.
O apego aos bens materiais revela uma grande pobreza espiritual, pois só Deus é capaz de preencher “as necessidades ilimitadas e o vazio infinito do ser humano” (cf. Santo Agostinho). O cristão que vive na sociedade consumista é chamado a ser “sal da terra e luz do mundo” (cf. Mt 5), assumindo sua responsabilidade de construir o Reino de Deus.
Ressaltaram, ainda, que, em primeiro lugar, deve vir à vida. É preciso superar a lógica do mercado, que vem tratando as pessoas como máquinas. A CF/10 vem nos lembrar que há valores que o dinheiro não compra e que não podem ser esquecidos, pois a cultura mercantilista tem afetado de tal forma as famílias que os pais são vistos como “os provedores” – o que dá a idéia de que o trabalho tem que vir em primeiro lugar – e os filhos são tratados como pequenos executivos, tão cheios de compromissos que não lhes sobra tempo para serem o que são: crianças. O dinheiro pode comprar uma casa, mas é o amor que fará dela um lar!

Monsenhor Luiz Antônio, vigário episcopal do vicariato Leopoldina, apresentou a proposta da economia solidária, citando At 2, 44-45: “Todos os que abraçavam a fé estavam unidos e tudo partilhavam. Vendiam suas propriedades e seus bens e, o que apuravam, repartiam entre todos conforme a necessidade de cada um.” Inspirados por esse texto, pode-se pensar em atitudes bem concretas:
- economizar o consumo de energia elétrica, de água, de descartáveis;
- praticar o transporte solidário, oferecendo carona em nosso carro aos que moram perto de nós;
- mobilizar os moradores da nosso rua ou condomínio para a reciclagem do lixo;
- montar uma equipe de gestão participativa dos recursos financeiros das paróquias;
- doar os remédios que sobram na nossa casa para as farmácias comunitárias;
- criar o hábito de pensar bem antes de comprar por impulso;
- juntar as famílias da comunidade para que comprem diversos produtos no atacado, conseguindo assim bons descontos, etc.
Monsenhor testemunhou também dois relatos bem sucedidos dessa prática que foram a construção em esquema de mutirão da Igreja Matriz de Santa Rosa de Lima e de 1.200 casas populares na Favela Marcílio Dias. Com iniciativas assim criamos um novo modelo econômico que valorize e beneficie o ser humano.
Os professores Roberto Cintra (UFRJ e PUC) e Heloísa Borges (UFRRJ e UniRio), do movimento Focolares, falaram sobre o projeto Economia de Comunhão, criado em 1991, no Brasil, pela fundadora do Movimento, a italiana Chiara Lubich. Mais de 100 empresas brasileiras (e quase 1.000 em todo o mundo) aderiram ao projeto. O lucro é divido em três partes: a primeira vai para investimento e capital de giro da própria empresa, a segunda parte vai para a ajuda aos mais necessitados e a terceira, para investimento em centros de formação profissional e espiritual.
O material de divulgação desse projeto estará disponível no almoxarifado da Arquidiocese, no Edifício João Paulo II (R. Benjamin Constant, 23, térreo), mas quem desejar maiores informações pode acessar: http://www.edc-online.org/ ou pelos e-mails dos professores: rcintramartins@yahoo.com.br e heloborges11@gmail.com.
Encerrando o encontro, o Arcebispo, Dom Orani João Tempesta, fez seu pronunciamento, ressaltando a mudança de mentalidade que essa CF deve trazer a cada pessoa, consolidando um modo cristão de viver e conviver e de gerenciar o bem comum. Para que isso aconteça, duas atitudes são fundamentais: a caridade, em âmbito pessoal, e a justiça, em âmbito social, pois assim, a economia estará a serviço da vida. Dom Orani conclui com um grande chamamento quanto às questões propostas pela CF: “Temos 40 dias para pensar no nosso pecado, um ano para tomarmos atitudes de mudança, e vida inteira para vivê-las de fato.”

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