segunda-feira, 27 de junho de 2011

RETIRO DA PASTORAL FAMILIAR (8)

Apresentamos hoje a última das meditações de Dom Antônio no retiro da Pastoral Familiar. Esperamos que nossos internautas aproveitem para suas vidas, famílias e comunidades tamanha riqueza espiritual.


5ª meditação:
Tema: O Ambiente de Família


(Dom Antônio Augusto Dias Duarte)



O ambiente social vai se transformar como uma extensão do ambiente familiar. Fortalecidos pelo Espírito Santo, meditemos sobre o ambiente da minha casa. Há uma verdade que devemos ouvir várias vezes: não basta amar os outros, é preciso aprender a amar. É preciso educar-nos para o amor. E se a lei da nossa família é o amor, expresso como uma vontade livre, não é surpreendente que depois de anos amando, procurando amar a Deus e aos outros, não nos admiremos que é preciso sempre aprender a amar. Amar é o melhor antídoto para o egoísmo; e contra este veneno nunca podemos nos considerar imunes. Não podemos ser como aqueles adolescentes que reivindicam aos pais: “Quando é que vou ser livre para poder fazer o que eu quero?”. Ao qual os pais respondem: “Meu filho nunca ninguém viveu tanto tempo assim pra conseguir isso...”. Viver e aprender a viver o amor livremente é um desafio.
Há uma passagem bíblica que, em princípio, pouco tem a ver com o casamento. Era um lugar de doentes, coxos, leprosos... a Piscina de Betsaida. Jesus dirige-se a um em particular com uma pergunta aparentemente dispensável (porque a pergunta é que era mais importante): “Queres ser curado?”E ele responde: “Senhor não tenho ninguém que me leve...”. Jesus sabia que aquele homem estava lá há 38 anos e não tinha quem o pudesse carregar. E Jesus o curou. Foi a água viva, mais eficaz que as águas daquela piscina. Nós temos uma sede muito grande desta água viva que é a força do amor. Podemos estar há 38 ao lado da piscina do amor que é o sacramento do matrimônio, uma fonte viva de amor e não termos sido curados do veneno do egoísmo.
Somos protagonistas do Evangelho e não simplesmente leitores passivos. Com que personagem deste Evangelho me identifico? Quem eu tenho sido em casa: o paralítico do amor ou o Cristo que vem dar novamente forças para que outros caminhem?
Amar dentro deste caminho do aprendizado é aproveitar todas as situações da vida cotidiana, da vida em família, viver o passo a passo do ambiente familiar. O Deus que é amor se encarnou na vida cotidiana, normal de uma família que vivia um amor que se notava nos detalhes. Na crucifixão o manto de Cristo foi sorteado e não rasgado. Provavelmente, um manto costurado linha a linha com amor por Nossa Senhora.
Aprende-se a amar, amando. O amor com que se põe a mesa, o amor com que se coloca um arranjo de flores numa mesa de cabeceira, num guardar o jornal, num chegar mais cedo em casa... Não há nada que mais enfraqueça o amor que o descuido dos detalhes. E quem não sabe cuidar dos detalhes ainda não aprendeu a amar, mesmo que já esteja casado há 38 anos...
Raras serão as oportunidades de vivermos atos extremos de amor. E não estaremos preparados para elas se não soubermos viver os pequenos detalhes. Vale este princípio pedagógico: “Quem não quer quando pode, acaba não podendo quando quer.”. Jesus pensava em todos os detalhes. No Evangelho de Marcos se vê a preocupação de Jesus com os detalhes: pede para que os apóstolos seguissem um homem carregando uma talha de água... Em João, Jesus tira o manto, se cinge, pega a bacia com água e a toalha... Deus a grande prova de amor no Calvário porque foi capaz de dar durante toda a vida de dar pequenos gestos de amor. Na Liturgia, todos os cerimoniais não são meras rubricas, mas detalhes de amor. E na Liturgia doméstica? Temos feito tudo de qualquer jeito?! “Quem for fiel no pouco, será fiel no muito.”.
O segundo princípio do amor aprendido e educado, é cumprir o dever de casa. O dever de casa de um casal, dos pais, filhos, irmãos é saber reconhecer as necessidades interiores do outro. No documento Deus é Amor, de Bento XVI, toda a primeira parte fala do EROS, o amor erótico entre o homem e a mulher. Ao introduzir este tema o Papa fala: “O amor entre o homem e a mulher é o arquétipo de todos os amores.”. No número 18 diz: “Se olharmos o outros com o olhar de Cristo saberemos suas verdadeiras necessidades.”. Se não presto atenção no outro minha relação com Deus é correta mas não tem amor. Jesus foi capaz de ver no meio da multidão de doentes à beira daquela piscina Jesus, por amor, foi capaz de reconhecer o doente mais grave no corpo, mas principalmente na alma. Viu um homem de coração paralisado, desiludido com a humanidade, talvez, depois de tantos anos de solidão... É preciso aprender a cultivar um amor “de olhos abertos”, um amor atencioso.
Talvez com o passar dos anos reduziremos toda a nossa gratidão aos pais e a Deus em uma frase: “Obrigado por ter me ensinado a amar, vendo como vocês amavam no dia a dia.”. Por isso é tão importante a disposição de fazer da nossa casa uma ESCOLA DE AMOR. Na será na escola, na rua, nem na universidade que aprenderemos a amar. Por isso, Jesus viveu numa casa por 30 anos e fez seu primeiro milagre numa festa de casamento. A capacidade que tem o coração humano de dar amor é maior que as talhas que Jesus encheu de vinho neste milagre. Já enchemos todo o nosso coração com esta capacidade para vivermos um amor cada vez maior? Ou será que depois de tantos anos estamos desiludidos como o paralítico de Betsaida?
Concluímos com uma reflexão de Dom Rafael, Llano Cifuentes, de seu livro Juventude para Todas as Idades:

- Aceito de braços abertos minha condição presente sem achar que o passado foi melhor?
- Compreendo que Deus é o eterno presente e que por isso nele terei uma permanente juventude?
Entrego o meu passado à misericórdia de Deus, o meu presente nas mãos de Deus e o meu futuro a providência de Deus?
- Aceito as limitações (física mentais ou psicológicas) que os anos podem trazer ou vou colecionando recalques? Perdia capacidade de sorrir?
- Compreendo que as perspectivas que os anos me trazem podem me tornar um homem e sereno e de oração, equilibrado interiormente?
- A medida que o tempo passa, pergunto-me não tanto se eu sou feliz, mas se as pessoas a minha volta são mais felizes?
- As cartas mais ternas e apaixonadas que li escreveu-as um antepassado meu à sua esposa depois de 30 anos de casado. E eu? Pode-se dizer o mesmo de mim? Também sou capaz de escrevê-las hoje?
- Compreendo hoje, bem melhor que em anos passados, que a dor física e moral são um mistério, mas não um absurdo? Entendo que Deus veio à terra para dignificar o sofrimento humano?
- Experimento uma grande paz ao pensar no momento supremo em que Deus me chamará da vida para a vida? Será um encontro com aquele a quem minha alma buscou tanto/
- Sei rezar pelos meus familiares? Ou me entrego a um espírito caduco e invejoso?

Uma família missionária é uma família jovem ainda que venham os anos. Ela sempre permanece jovem independentemente da sua idade cronológica. E ainda hoje Deus quer atrair as pessoas pela beleza e juventude da vocação matrimonia. Os jovens verão no casamento um ideal de vida, se virem famílias que testemunhem a beleza e juventude do casamento.

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