sexta-feira, 29 de junho de 2012

RETIRO DA PASTORAL FAMILIAR (4)

2ª palestra:
A Transmissão da Fé

Porta Fidei, 15: “Possa este Ano da Fé tornar cada vez mais firme a relação com Cristo Senhor, dado que só n’Ele temos a certeza para olhar o futuro e a garantia dum amor autêntico e duradouro... ). Com firme certeza, acreditamos que o Senhor Jesus derrotou o mal e a morte.”
O ano da fé vem nos lembrar a vivermos com “certezas”: a que resume todas, é a certeza de um amor autêntico e duradouro que faz com que acreditemos que Jesus venceu o mal e a morte. Qual é o maior tesouro que recebemos das gerações passadas? A fé. E a fé como uma certeza que se nós formos firmes e testemunhamos Deus ao mundo, nossa esperança não se abala. E assim, vamos construindo um mundo um pouco mais humano. O mundo tem muitos mistérios e ainda que a ciência julgue que revelou todos os mistérios ainda restarão muitos mistérios da fé!
Uma forma muito contundente de caridade que transmite a fé é a amizade. Na boca de Cristo, as palavras “amor” e “amizade” tinham uma identificação total. Nossa fé tem que nos tornar mais amigos uns dos outros. A amizade é um canal excelente para se transmitir a fé.
Disse Jesus, no Evangelho de João: “Já Não vos chamo servos, mas amigos.”. Deus precisa da nossa amizade para que as outras pessoas percebam através de nós, que Ele é amigo. E a amizade é inclusiva. E se nós somos amigos de Deus, temos que tornar Deus amigo dos nossos amigos. São João disse em sua Primeira Carta: “Quem não ama, não conhece a Deus.”. Podemos ampliar este sentido, dizendo que quem não é amigo, não conhece a Deus. Assim, foram fazendo todos aqueles que iam tendo seu encontro com Jesus: André convidou Pedro, João convidou Tiago, Filipe convidou Natanael... a fé se espalhou graças à amizade. E a amizade existe quando se coloca o ser humano em primeiro lugar. Da multidão Jesus chamou 72, e destes escolheu 12 para serem seus amigos.
Se a distância ou o tempo nos fazem perder a amizade é porque essas amizades nunca estiveram enraizadas na fé. Se perdemos uma amizade é porque não nos dedicamos a ela, e este fato deve nos levar a questionarmos como está nossa amizade com Cristo. No final de sua vida, Jesus ora ao Pai e diz: “Não perdi nenhum daqueles que me destes.”. O tempo de um telefonema... não importa quando nomes temos no Facebook, mas quanto amigos temos de verdade. Nada substitui o relacionamento do tu-a-tu. O amigo é o outro eu. Como eu quero ser tratado, devo tratar os meus amigos. No nosso plano de vida e de trabalho, os amigos precisam estar presentes.
Nosso relacionamento com Deus é medido pelos nossos relacionamentos com os irmãos, com os amigos. I Cor 13 fala do amor, da caridade, mas podemos transferir também tudo isso para a amizade. E todas essas características bastam para uma pessoa conhecer a Deus. Precisamos ser pacientes até amando os defeitos dos amigos. Não gostando, mas compreendendo suas limitações. Afinal, o que nos diferencia uns dos outros são nossas qualidades e nossos defeitos. Se não amamos o outro com seus defeitos, isso é uma falsa amizade, é puro interesse. Precisamos ser pessoas magnânimas, termos coração grande. A fé dilata o coração, fazendo com que lá caibam todos. A amizade também é magnificente, ou seja, não mede esforços para fazer o bem a todos. O contrário disso é a mesquinharia, o coração pequeno que só faz o possível, o que está ao seu alcance. Podemos levar muitas pessoas para o céu ou para o inferno, dependendo que como tecemos nossa teia de relações.
Como é triste ver uma pessoa que procura um padre, porque não teve um bom e verdadeiro amigo de fé que o orientasse. Quando a fé é madura nos torna apoios dos outros, como uma carta de baralho que, sozinha, não se sustenta, mas quando apoiada em outra, é capaz de construir castelos. Se uma pessoa não se apoiar na outra, vai se apoiar em quê? Nas drogas, no excesso de trabalho, na bebida, etc.
A equação é simples: fraqueza + fraqueza = força. Quantas vezes colocamos as pessoas “difíceis” na geladeira... Se não encontramos um verdadeiro ombro que nos apóie corremos o risco de encontrarmos falsos amigos. Santo Inácio de Antioquia diz: “O Cristianismo não é obra de persuasão, mas de grandeza de coração.” Não vamos convencer ninguém a viver a fé, porque somos persuasivos, mas só se soubermos amar. A transmissão da fé será fruto da amizade, deste amor que dilata o coração.

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