Aconteceu no sábado 23 de março, o 13º ENCONTRO DE AGENTES DA PASTORAL FAMILIAR, no auditório do Edifício João Paulo II. Com a presença de mais de 200 participantes, o encontro começou com um proclamação do Evangelho, reflexão e oração conduzidas pelo Diácono César Augusto.
Em seguida, o bispo animador da Pastoral Familiar, Dom Antonio Augusto, fez a pregação "Novos Rumos para a Pastoral Familiar" que apresentamos a seguir.
Após um momento de perguntas e respostas, o encontro foi encerrado com a apresentação dos novos membros da Comissão Arquidiocesana de Pastoral Familiar, que apresentaremos aqui a vocês, ao longo desta semana. Acompanhem nosso blog. E se você quer ver o álbum de fotos do evento CLIQUE AQUI.
Vamos, então à palestra. Esperamos que, como nós que estivemos presentes, você também se sinta renovado!
Novos rumos para a Pastoral Familiar
(Dom Antonio Augusto)
A Igreja precisa dar uma resposta mais eficaz, através da
Pastoral Familiar, aos erros e desvios que estão acontecendo no mundo. Cabe a
nós esse trabalho profético de anunciar e denunciar. É como diz o Documento de
Aparecida: uma Pastoral familiar forte, vigorosa, presente, transversal. É
preciso dar uma resposta a este mundo que já está se acostumando a pensar que
já não há mais espaço para a família, para o casamento entre um homem e uma
mulher, que já já não há mais espaço para o ensino religioso confessional e
pular nas escola, que os jovens não podem ser rmais educados para os valores
humanos e cristãos. Em resumo:não há mais especo para as virtudes. Ao
contrário, elas estão sendo ridicularizadas. Como falar hoje, sem ser
ironizado, de fidelidade matrimonial, castidade, honestidade.
O mundo está se acostumando a pensar que não mais espaço
para aquilo que Deus criou para o bem de todos. Digam ou faám o que quiserem,
mas as atitudes humanas ou são viciosas ou são virtuosas. Não há maio termo: ou
influenciamos graças às virtudes ou graças aos vícios. E, de acordo com as
atitudes que predominarem, teremos o bem ou o mal nos espaços em que vivermos.
Não há outros adjetivos: atitudes viciosas ou virtuosas.
As atitudes viciosas estão muito bem disfarçadas, a ponto de
muitos pensarem que são atitudes virtuosas. Aparecem com o rosto de “direitos
humanos”. Ou são vícios escondidos atrás da “tolerância” – mal entendida.
Atitudes que não admitem ter seu mal desmascarado. Às vezes, se escondem atrás
do politicamente correto... há muitos “rostos”, muitos “maquiadores” e
“artistas” para esconderem esses vícios. São ONGs, Conselhos, Instituições,
etc... Assim, tiram do mundo o espaço que pertence a Deus e aos seus valores.
Fazem dessa “maquiagem do erro” uma verdadeira ideologia.
E as atitudes virtuosas, cabem a nós tê-las e difundi-las.
São elas que constituem a essência e a liderança que devemos exercitar nos
ambientes em que estamos. Os pais devem exercê-la dentro de casa, tendo em
mente essa essência das atitudes virtuosas, do testemunho de vida. Sempre é
possível converter-nos dentro de casa, tirarmos vícios crônicos com nossa
autoridade moral. Faz até bem para os filhos verem seus pais lutando contra
seus próprios vícios preponderantes.
Mas é preciso ver também a liderança pastoral que somos
chamados a exercer. Liderança positiva dentro da paróquia, do vicariato...
Alguns questionam que há até mesmo padres que não querem a implantação da
Pastoral Familiar na paróquia, ou que em determinado vicariato o trabalho está
difícil... Mas será que nós estamos exercendo uma liderança tão virtuosa a
ponto de conseguirmos espaço pela nossa autoridade moral?! Qual é a Pastoral “líder”
na minha paróquia ou vicariato? Aquela que leva a evangelização para frente?
Liderança não é para poucos... é para todos os que são
chamados a serem coordenadores, a serem líderes. Há uma frase, um questionamento feito
por um coordenador de Pastoral Familiar: “Ando muito ocupado com meu trabalho
profissional e minha família, mas como eu posso na prática, atingir uma
excelência pessoal que me caracteriza como verdadeiro líder?”. Boa pergunta.
Andamos muito ocupados com coisas que nos consomem 24 horas por dia, e
começamos a nos justificar. Tememos em nos questionar nesse “mas...”.
Respondi, tentando não julgar ou depreciar: “Tendo
caráter.”. Ou seja, tendo uma marca permanente e profunda. Ser alguém que marca
o estilo de trabalho da Pastoral Familiar.
Lendo, mais tarde um livro, encontrei uma confirmação. Quem
é da área de administração ou gestão empresarial talvez conheça Peter Drucker.
Nós também gerimos, não empresas, mas uma pastoral. O autor escreve: “É através
do caráter que se exerce a liderança.”.
Caráter cristão: que o coordenador seja marcante, que assuma
esta atitude virtuosa de criar espaço para a família. E caráter não nasce
conosco. O temperamento é meio genético e meio adquirido, e ainda assim pode
ser trabalhado. Quanto mais o caráter, que é algo que vamos moldando em nossa
vida através da ciência, da consciência das nossas escolhas. Conhecemos agentes
com temperamento muito tímido, mas trabalhando o seu caráter eles são capazes
de transformar a realidade da sua paróquia, exercendo uma liderança virtuosa.
Não se trata de desprezar nenhum outro trabalho, mas o nosso trabalho é tão
grandioso, que jamais podemos deixar de nos preocuparmos de dar liderança
audaciosa e empreendedor da Pastoral Familiar na nossa paróquia. É das famílias
que nascem as vocações, é delas que saem os jovens para a Pastoral da
Juventude, é delas que vêm as crianças para a Catequese.
Podemos, sim, e devemos tirar as máscaras das atitudes
viciosas. É um trabalho que perpassar toda a Igreja e todo o mundo. Não é
presunção: é o nosso caráter de fé e de esperança.
Como ninguém nasce líder, nós nos fazemos líderes. Tomemos
uma frase-chave: Nós somos o que habitualmente fazemos. A Pastoral Familiar é o
que habitualmente fazemos com ela. Se fazemos uma Pastoral Familiar minguada,
fraca... assim ela será. Os nossos hábitos determinam o nosso caráter. Estamos
sendo uma Pastoral Familiar líder, ou apagada.... quase esquecida? Lembremos: não
há atitudes neutras. Ou somos viciosos (até mesmo por omissão) ou somos virtuosos.
Atitudes estáveis, ou seja, hábitos, nos tornam menos vulneráveis às
influências do mundo, do ambiente (paroquial, vicarial). Trata-se,
portanto, de fazermos do nosso trabalho algo estável. Esse é o primeiro traço
de caráter: estabilidade. Quantos trabalhos começam bem e depois vão murchando...
Ou começam, continuam e terminam sempre do mesmo jeitinho há dez anos, sem
admitir nenhuma renovação... Somos nós quem decidimos como queremos ser, e como
queremos que nossa Pastoral seja. A graça de Deus não falta, material de apoio
didático não falta, famílias sedentas do amor de Deus não faltam... Cabe a nós
decidirmos.
Estamos num mundo onde não há espaço para a família, nem para os
valores. Cabe a nós dizer: “Existe, sim!”.
E cabe à nossa pastoral liderar o início dessas mudanças. Cabe a cada um
de nós tomarmos duas decisões:
1- Construir,
criar e desenvolver uma Pastoral Familiar influente na Paróquia e no Vicariato.
Uma Pastoral Familiar intensa, vigorosa e transversal, que ajude todas as
outras.
2- Dizer “não” à
técnica pastoral. Não podemos mais simplesmente ter a técnica de organizar atividades:
almoços, palestras, reuniões, convites virtuais... não são esses tipos de
coisas que vão solucionar os problemas. É preciso investir nas pessoas. Pessoas
que saibam o que estão fazendo e porque estão fazendo. Máquinas sabem executar tarefas,
mas não são inteligentes, não tem motivação, ou seja, não sabem os reais
motivos de suas ações. Não basta organizar atividades... é preciso formar líderes, que
transformem os seus ambientes, que vão abrindo espaço para Deus no mundo de
hoje.
Duas decisões. Quem quer tomá-las?
Uma vez ouvi dizer que Deus tem duas mãos tão grandes, que
têm tudo o que nós precisamos. Mas cabe a nós pegarmos o que ele tem para nos
oferecer. Tomando a decisão de pegarmos e usarmos essas graças poderemos mudar
o mundo! Que decisão tomaremos? É necessário, é urgente uma Pastoral Familiar
com esse caráter de liderança que influencia virtuosamente toda vizinhança.
No jornal “O
Testemunho de Fé” desta semana, está um encarte especial sobre o Papa
Francisco. Sua homilia no dia 19 de março, falou sobre São José, um pai de
família, a quem Deus confiou o seu próprio Filho. São José fez uma “Pastoral
Familiar” com tal liderança, que sua família influenciou o mundo inteiro. Um
líder é um homem da confiança de Deus, uma pessoa em quem se pode confiar. O
papa comentou o que anjo disse a José em sonho: “Não temas receber Maria como
sua esposa.”. O Papa continua: “Ouvimos ler, no Evangelho, que «José fez como
lhe ordenou o anjo do Senhor e recebeu sua esposa» (Mt 1, 24). Nestas palavras,
encerra-se já a missão que Deus confia a José: ser custos, guardião. Guardião
de quem? De Maria e de Jesus, mas é uma guarda que depois se alarga à Igreja,
como sublinhou o Beato João Paulo II: «São José, assim como cuidou com amor de
Maria e se dedicou com empenho jubiloso à educação de Jesus Cristo, assim
também guarda e protege o seu Corpo místico, a Igreja, da qual a Virgem
Santíssima é figura e modelo» (Exort. ap. Redemptoris Custos, 1).
Como realiza José
esta guarda? Com discrição, com humildade, no silêncio, mas com uma presença
constante e uma fidelidade total, mesmo quando não consegue entender.”
O que diz o papa aqui? Com atitudes virtuosas, com hábitos
estáveis se exerce a liderança. O líder de verdade não aparece, ele é discreto. Leva 30 pessoas a
trabalhar, e não trabalha como 30. Por isso, tem tempo para coordenar, para
pensar, para renovar sua fé, seus motivos... Tem tempo para seu casamento, para
sua família. A discrição é uma qualidade importantíssima.
A Pastoral Familiar
não vai querer ser o sal de todos os pratos, “metendo o bico” em outras
pastorais e movimentos... Mas vamos ter pais que vão acompanhar e educação dos
seus filhos no Batismo, na Eucaristia... Isto porque foram bem formados na
paternidade e maternidade. Não precisamos de líderes que sejam “porta-bandeira”
de escola de samba. O verdadeiro poder deve ser serviço. Ara ter poder dentro
de sua comunidade a Pastoral Familiar não pode ser tirânica, mas serviçal. O
líder que faz essa opção por servir, traz um princípio de unidade e
continuidade. Isso se vê na liderança pessoal e pastoral. A união é feita de tal modo, a ponto de que,
quando o líder é substituído o trabalho não morre porque o grupo está em
sintonia. Não basta ser só alguém que manda, mas que é fermento na massa.
São José também era presença constante. Necessitamos, mais
do que pessoas brilhantes, que sejam constantes, pessoas com quem a Igreja
possa contar quando se precisa. São José atendeu prontamente as orientações do
anjo: “Toma o menino e mãe e vai; agora
pega-os e volta...”. São José pode ter passado pela vida sem nenhum brilho
social, mas sua presença constante foi fundamental para a Sagrada Família e
para o mundo. Mais do que presença brilhante, é preciso ser constante.
São José também nos ensina fidelidade, mesmo quando não
conseguimos entender. É preciso mantermos essa fidelidade a Deus, à família, à
Igreja. Ser infiel parece que é moda. Quantas pessoas não são fiéis ao seu
trabalho, à sua família. Sinal de infidelidade, por exemplo, é fazer um
trabalho de manutenção. “Pra que nos preocuparmos... o pessoal está vindo...”.
Um dos trabalhos novos é a Associação de Famílias, outro é o
Núcleo de Formação e Espiritualidade. Muitos podem pensar... mas pra quê? Por
que não deixar como estava...? Precisamos sair da monotonia. Ou os outros irão
em busca das novidades dos que não querem dar espaço para a família, nem para
Deus. Existem centros de formação espalhados pelo mundo para formar pessoas
para protestarem pelos homossexuais, pelo aborto, etc... O discurso do “Eu
sempre fiz assim.” Não é fidelidade, pois esta é uma virtude dinâmica e não
estática. Na vida a dois não é preciso ser criativo para dizer sempre: “Eu te
amo!” de um modo diferente?! O amor nos faz criar atitudes novas sobre aquilo
que é o essencial.
O papa falou da humildade, que no verdadeiro líder se traduz
numa ambição (não é contraditório). A ambição de servir deve ser o nervo
condutor de todos os impulsos da nossa Pastoral Familiar.
Não é essa exatamente a essência da Pastoral Familiar:
cuidar para que os casais vivam o seu caráter esponsal?! Precisamos trabalhar
para uma Pastoral Familiar “com moral”.
Necessitamos de pessoas que saibam abrir espaço para a
beleza da família, que por si só é atraente. Que saibam abrir espaço para as
virtudes... Esses são os novos rumos que deve tomar a Pastoral Familiar na
paróquia e na sociedade. Deus nos dá essas “sacudidas”. Um exemplo disso é um
papa que renuncia porque reconhecer sua falta de vigor físico e outro que já
chega revolucionado com seus gestos. Já ouvi alguém dizer que João Paulo II era
para ser visto, Bento XVI para ser ouvido e o
papa Francisco para ser imitado. Já não mais os agentes da segurança ou
os mestres de cerimônias que dizem o que ele deve fazer... é o próprio Deus
“mexendo” com a sua Igreja. Os ventos estão mudando de rumo. Que Deus “mexa”
conosco também. Que nós optemos por aceitar esses novos rumos! Por que não?!
Assim a família será como o projeto inicial de Deus. O trabalho e a família
mudam o mundo. Trabalhos honestos e competentes tornam o mundo mais justo e
famílias unidas tornam o mundo mais humano.
2 comentários:
Tatiana que Deus te abençoe por ter transcrito essa beleza de palestra.
Saúde e Paz!
Belíssima como sempre a colocação de Dom Antônio Augusto sobre os Novos Rumos da Pastoral FAmiliar e o Ano da Fé, lembrando bem de São José e de Maria que sempre escutaram a Deus.
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