sábado, 23 de março de 2013

13º ENCONTRO DE AGENTES DA PASTORAL FAMILIAR



Aconteceu no sábado 23 de março, o 13º ENCONTRO DE AGENTES DA PASTORAL FAMILIAR, no auditório do Edifício João Paulo II. Com a presença de mais de 200 participantes, o encontro começou com um proclamação do Evangelho, reflexão e oração conduzidas pelo Diácono César Augusto. 
Em seguida, o bispo animador da Pastoral Familiar, Dom Antonio Augusto, fez a pregação "Novos Rumos para a Pastoral Familiar" que apresentamos a seguir.
Após um momento de perguntas e respostas, o encontro foi encerrado com a apresentação dos novos membros da Comissão Arquidiocesana de Pastoral Familiar, que apresentaremos aqui a vocês, ao longo desta semana. Acompanhem nosso blog. E se você quer ver o álbum de fotos do evento CLIQUE AQUI.
Vamos, então à palestra. Esperamos que, como nós que estivemos presentes, você também se sinta renovado!

Novos rumos para a Pastoral Familiar
(Dom Antonio Augusto)

A Igreja precisa dar uma resposta mais eficaz, através da Pastoral Familiar, aos erros e desvios que estão acontecendo no mundo. Cabe a nós esse trabalho profético de anunciar e denunciar. É como diz o Documento de Aparecida: uma Pastoral familiar forte, vigorosa, presente, transversal. É preciso dar uma resposta a este mundo que já está se acostumando a pensar que já não há mais espaço para a família, para o casamento entre um homem e uma mulher, que já já não há mais espaço para o ensino religioso confessional e pular nas escola, que os jovens não podem ser rmais educados para os valores humanos e cristãos. Em resumo:não há mais especo para as virtudes. Ao contrário, elas estão sendo ridicularizadas. Como falar hoje, sem ser ironizado, de fidelidade matrimonial, castidade, honestidade.
O mundo está se acostumando a pensar que não mais espaço para aquilo que Deus criou para o bem de todos. Digam ou faám o que quiserem, mas as atitudes humanas ou são viciosas ou são virtuosas. Não há maio termo: ou influenciamos graças às virtudes ou graças aos vícios. E, de acordo com as atitudes que predominarem, teremos o bem ou o mal nos espaços em que vivermos. Não há outros adjetivos: atitudes viciosas ou virtuosas.
As atitudes viciosas estão muito bem disfarçadas, a ponto de muitos pensarem que são atitudes virtuosas. Aparecem com o rosto de “direitos humanos”. Ou são vícios escondidos atrás da “tolerância” – mal entendida. Atitudes que não admitem ter seu mal desmascarado. Às vezes, se escondem atrás do politicamente correto... há muitos “rostos”, muitos “maquiadores” e “artistas” para esconderem esses vícios. São ONGs, Conselhos, Instituições, etc... Assim, tiram do mundo o espaço que pertence a Deus e aos seus valores. Fazem dessa “maquiagem do erro” uma verdadeira ideologia.
E as atitudes virtuosas, cabem a nós tê-las e difundi-las. São elas que constituem a essência e a liderança que devemos exercitar nos ambientes em que estamos. Os pais devem exercê-la dentro de casa, tendo em mente essa essência das atitudes virtuosas, do testemunho de vida. Sempre é possível converter-nos dentro de casa, tirarmos vícios crônicos com nossa autoridade moral. Faz até bem para os filhos verem seus pais lutando contra seus próprios vícios preponderantes.
Mas é preciso ver também a liderança pastoral que somos chamados a exercer. Liderança positiva dentro da paróquia, do vicariato... Alguns questionam que há até mesmo padres que não querem a implantação da Pastoral Familiar na paróquia, ou que em determinado vicariato o trabalho está difícil... Mas será que nós estamos exercendo uma liderança tão virtuosa a ponto de conseguirmos espaço pela nossa autoridade moral?! Qual é a Pastoral “líder” na minha paróquia ou vicariato? Aquela que leva a evangelização para frente?
Liderança não é para poucos... é para todos os que são chamados a serem coordenadores, a serem líderes. Há uma frase, um questionamento feito por um coordenador de Pastoral Familiar: “Ando muito ocupado com meu trabalho profissional e minha família, mas como eu posso na prática, atingir uma excelência pessoal que me caracteriza como verdadeiro líder?”. Boa pergunta. Andamos muito ocupados com coisas que nos consomem 24 horas por dia, e começamos a nos justificar. Tememos em nos questionar nesse “mas...”.
Respondi, tentando não julgar ou depreciar: “Tendo caráter.”. Ou seja, tendo uma marca permanente e profunda. Ser alguém que marca o estilo de trabalho da Pastoral Familiar.
Lendo, mais tarde um livro, encontrei uma confirmação. Quem é da área de administração ou gestão empresarial talvez conheça Peter Drucker. Nós também gerimos, não empresas, mas uma pastoral. O autor escreve: “É através do caráter que se exerce a liderança.”.
Caráter cristão: que o coordenador seja marcante, que assuma esta atitude virtuosa de criar espaço para a família. E caráter não nasce conosco. O temperamento é meio genético e meio adquirido, e ainda assim pode ser trabalhado. Quanto mais o caráter, que é algo que vamos moldando em nossa vida através da ciência, da consciência das nossas escolhas. Conhecemos agentes com temperamento muito tímido, mas trabalhando o seu caráter eles são capazes de transformar a realidade da sua paróquia, exercendo uma liderança virtuosa. Não se trata de desprezar nenhum outro trabalho, mas o nosso trabalho é tão grandioso, que jamais podemos deixar de nos preocuparmos de dar liderança audaciosa e empreendedor da Pastoral Familiar na nossa paróquia. É das famílias que nascem as vocações, é delas que saem os jovens para a Pastoral da Juventude, é delas que vêm as crianças para a Catequese.
Podemos, sim, e devemos tirar as máscaras das atitudes viciosas. É um trabalho que perpassar toda a Igreja e todo o mundo. Não é presunção: é o nosso caráter de fé e de esperança.
Como ninguém nasce líder, nós nos fazemos líderes. Tomemos uma frase-chave: Nós somos o que habitualmente fazemos. A Pastoral Familiar é o que habitualmente fazemos com ela. Se fazemos uma Pastoral Familiar minguada, fraca... assim ela será. Os nossos hábitos determinam o nosso caráter. Estamos sendo uma Pastoral Familiar líder, ou apagada.... quase esquecida? Lembremos: não há atitudes neutras. Ou somos viciosos (até mesmo por omissão)  ou somos virtuosos.
Atitudes estáveis, ou seja, hábitos, nos tornam menos vulneráveis às influências do mundo, do ambiente (paroquial, vicarial). Trata-se, portanto, de fazermos do nosso trabalho algo estável. Esse é o primeiro traço de caráter: estabilidade. Quantos trabalhos começam bem e depois vão murchando... Ou começam, continuam e terminam sempre do mesmo jeitinho há dez anos, sem admitir nenhuma renovação... Somos nós quem decidimos como queremos ser, e como queremos que nossa Pastoral seja. A graça de Deus não falta, material de apoio didático não falta, famílias sedentas do amor de Deus não faltam... Cabe a nós decidirmos.
Estamos num mundo onde não há espaço para a família, nem para os valores. Cabe a nós dizer: “Existe, sim!”.  E cabe à nossa pastoral liderar o início dessas mudanças. Cabe a cada um de nós tomarmos duas decisões:

1- Construir, criar e desenvolver uma Pastoral Familiar influente na Paróquia e no Vicariato. Uma Pastoral Familiar intensa, vigorosa e transversal, que ajude todas as outras.

2- Dizer “não” à técnica pastoral. Não podemos mais simplesmente ter a técnica de organizar atividades: almoços, palestras, reuniões, convites virtuais... não são esses tipos de coisas que vão solucionar os problemas. É preciso investir nas pessoas. Pessoas que saibam o que estão fazendo e porque estão fazendo. Máquinas sabem executar tarefas, mas não são inteligentes, não tem motivação, ou seja, não sabem os reais motivos de suas ações. Não basta organizar atividades... é preciso formar líderes, que transformem os seus ambientes, que vão abrindo espaço para Deus no mundo de hoje.

Duas decisões. Quem quer tomá-las?
Uma vez ouvi dizer que Deus tem duas mãos tão grandes, que têm tudo o que nós precisamos. Mas cabe a nós pegarmos o que ele tem para nos oferecer. Tomando a decisão de pegarmos e usarmos essas graças poderemos mudar o mundo! Que decisão tomaremos? É necessário, é urgente uma Pastoral Familiar com esse caráter de liderança que influencia virtuosamente toda vizinhança.
No jornal “O Testemunho de Fé” desta semana, está um encarte especial sobre o Papa Francisco. Sua homilia no dia 19 de março, falou sobre São José, um pai de família, a quem Deus confiou o seu próprio Filho. São José fez uma “Pastoral Familiar” com tal liderança, que sua família influenciou o mundo inteiro. Um líder é um homem da confiança de Deus, uma pessoa em quem se pode confiar. O papa comentou o que anjo disse a José em sonho: “Não temas receber Maria como sua esposa.”. O Papa continua: “Ouvimos ler, no Evangelho, que «José fez como lhe ordenou o anjo do Senhor e recebeu sua esposa» (Mt 1, 24). Nestas palavras, encerra-se já a missão que Deus confia a José: ser custos, guardião. Guardião de quem? De Maria e de Jesus, mas é uma guarda que depois se alarga à Igreja, como sublinhou o Beato João Paulo II: «São José, assim como cuidou com amor de Maria e se dedicou com empenho jubiloso à educação de Jesus Cristo, assim também guarda e protege o seu Corpo místico, a Igreja, da qual a Virgem Santíssima é figura e modelo» (Exort. ap. Redemptoris Custos, 1).
Como realiza José esta guarda? Com discrição, com humildade, no silêncio, mas com uma presença constante e uma fidelidade total, mesmo quando não consegue entender.” 
O que diz o papa aqui? Com atitudes virtuosas, com hábitos estáveis se exerce a liderança. O líder de verdade não aparece, ele é discreto. Leva 30 pessoas a trabalhar, e não trabalha como 30. Por isso, tem tempo para coordenar, para pensar, para renovar sua fé, seus motivos... Tem tempo para seu casamento, para sua família. A discrição é uma qualidade importantíssima. 
A Pastoral Familiar não vai querer ser o sal de todos os pratos, “metendo o bico” em outras pastorais e movimentos... Mas vamos ter pais que vão acompanhar e educação dos seus filhos no Batismo, na Eucaristia... Isto porque foram bem formados na paternidade e maternidade. Não precisamos de líderes que sejam “porta-bandeira” de escola de samba. O verdadeiro poder deve ser serviço. Ara ter poder dentro de sua comunidade a Pastoral Familiar não pode ser tirânica, mas serviçal. O líder que faz essa opção por servir, traz um princípio de unidade e continuidade. Isso se vê na liderança pessoal e pastoral.  A união é feita de tal modo, a ponto de que, quando o líder é substituído o trabalho não morre porque o grupo está em sintonia. Não basta ser só alguém que manda, mas que é fermento na massa.
São José também era presença constante. Necessitamos, mais do que pessoas brilhantes, que sejam constantes, pessoas com quem a Igreja possa contar quando se precisa. São José atendeu prontamente as orientações do anjo: “Toma o menino e  mãe e vai; agora pega-os e volta...”. São José pode ter passado pela vida sem nenhum brilho social, mas sua presença constante foi fundamental para a Sagrada Família e para o mundo. Mais do que presença brilhante, é preciso ser constante.
São José também nos ensina fidelidade, mesmo quando não conseguimos entender. É preciso mantermos essa fidelidade a Deus, à família, à Igreja. Ser infiel parece que é moda. Quantas pessoas não são fiéis ao seu trabalho, à sua família. Sinal de infidelidade, por exemplo, é fazer um trabalho de manutenção. “Pra que nos preocuparmos... o pessoal está vindo...”.
Um dos trabalhos novos é a Associação de Famílias, outro é o Núcleo de Formação e Espiritualidade. Muitos podem pensar... mas pra quê? Por que não deixar como estava...? Precisamos sair da monotonia. Ou os outros irão em busca das novidades dos que não querem dar espaço para a família, nem para Deus. Existem centros de formação espalhados pelo mundo para formar pessoas para protestarem pelos homossexuais, pelo aborto, etc... O discurso do “Eu sempre fiz assim.” Não é fidelidade, pois esta é uma virtude dinâmica e não estática. Na vida a dois não é preciso ser criativo para dizer sempre: “Eu te amo!” de um modo diferente?! O amor nos faz criar atitudes novas sobre aquilo que é o essencial.
O papa falou da humildade, que no verdadeiro líder se traduz numa ambição (não é contraditório). A ambição de servir deve ser o nervo condutor de todos os impulsos da nossa Pastoral Familiar.
Não é essa exatamente a essência da Pastoral Familiar: cuidar para que os casais vivam o seu caráter esponsal?! Precisamos trabalhar para uma Pastoral Familiar “com moral”.
Necessitamos de pessoas que saibam abrir espaço para a beleza da família, que por si só é atraente. Que saibam abrir espaço para as virtudes... Esses são os novos rumos que deve tomar a Pastoral Familiar na paróquia e na sociedade. Deus nos dá essas “sacudidas”. Um exemplo disso é um papa que renuncia porque reconhecer sua falta de vigor físico e outro que já chega revolucionado com seus gestos. Já ouvi alguém dizer que João Paulo II era para ser visto, Bento XVI para ser ouvido e o  papa Francisco para ser imitado. Já não mais os agentes da segurança ou os mestres de cerimônias que dizem o que ele deve fazer... é o próprio Deus “mexendo” com a sua Igreja. Os ventos estão mudando de rumo. Que Deus “mexa” conosco também. Que nós optemos por aceitar esses novos rumos! Por que não?! Assim a família será como o projeto inicial de Deus. O trabalho e a família mudam o mundo. Trabalhos honestos e competentes tornam o mundo mais justo e famílias unidas tornam o mundo mais humano. 

2 comentários:

Jorge e Marta disse...

Tatiana que Deus te abençoe por ter transcrito essa beleza de palestra.
Saúde e Paz!

Telma disse...

Belíssima como sempre a colocação de Dom Antônio Augusto sobre os Novos Rumos da Pastoral FAmiliar e o Ano da Fé, lembrando bem de São José e de Maria que sempre escutaram a Deus.