DOMINGO (14.06.2015)
5ª Meditação
Todos nós
conhecemos a história do Peter Pan, com o objetivo de proporcionar diversão às
crianças, mas o autor acabou criando um mito, o da infância perene. Um de seus
amigos um dia o perguntou: “Quantos anos tens?” E ele respondeu: “Não sei. Só
Sei que sou muito jovem e quero sempre divertir-me para sempre.”
Quantos de nós
também tem saudades do tempo em que não tínhamos que assumir responsabilidades,
o tempo em que nosso pais resolviam tudo por nós. Quem sabe podemos ter o germe
da síndrome o Peter Pan dentro de nós? Cada vez que não queremos assumir as
nossas responsabilidades sociais, essa doença volta. Podemos até assumir nossas
responsabilidades familiares, pastorais, mas esquecemos desta outra dimensão
importantíssima. Certa vez Jesus contou uma parábola que pode ser o antídioto
para esta síndrome, ou o instrumento que vai cauterizá-la. Refiro-me à parábola
do semeador:
Sabemos que
esta parábola se refere à Palavra de Deus. Mas há uma palavra de Deus que não
podemos jamais esquecer e que São Paulo recordou:
“Há mais
alegria em dar que em receber.” (At 20, 35)
E o mesmo São
Paulo movido pelo seu compromisso de anunciar a alegria do Evangelho exorta:
“Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito:
alegrai-vos!” (Fil 4,4)
Entre as
nossas responsabilidades das quais não podemos fugir devemos levar alegria às
famílias que mais necessitam. Se consideramos que nossa família é um ambiente
em que essa semente da alegria foi semeada, temos que considerar nossa família
como um todo, e não só cada membro individualmente, como semeadora de paz e de
alegria na sociedade.
Certa vez
perguntaram a um velho sacerdote o que ele havia aprendido em sua vida. Ele
respondeu: “Que as pessoas são menos felizes do que julgavam ser, e que ainda
não cresceram totalmente.”
O hormônio do
crescimento nas pessoas é a responsabilidade. Primeiramente temos que responder
a Deus, ele nos dirigiu uma palavra e precisamos lhe dar uma resposta. Ao subir
ao Céu, nos ordenou: Ide e ensinai. A síndrome do Peter Pan nos leva a não nos
sentirmos responsáveis pelas famílias à nossa volta. Lembremos que toda
vocação, inclusive a matrimonial, traz junto de si uma missão específica e a
nossa é levar alegria às outras famílias. O que faz a família de Nazaré se não
servir a humanidade inteira por todos os séculos?
Vejamos Lc 1,
34-38:
“E disse Maria ao anjo: Como se fará isto,
visto que não conheço homem algum? E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá
sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua
sombra; por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de
Deus. E eis que também Isabel, tua prima, concebeu um filho em sua velhice; e é
este o sexto mês para aquela que era chamada estéril; Porque para Deus nada é
impossível. Disse então Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim
segundo a tua palavra. E o anjo ausentou-se dela.”
E a frase
seguinte (v. 39):
“E, naqueles dias, levantando-se Maria, foi
apressada às montanhas, a uma cidade de Judá”
Maria não
ficou curtindo sua maternidade: “Agora vamos ficar eu e José deitadinhos na
rede, sonhando com o nosso futuro e conversando sobre a nossa alegria...”. Não.
Ela partiu apressadamente. Continua o evangelista:
“E entrou em casa de Zacarias, e saudou a
Isabel. E aconteceu que, ao ouvir Isabel a saudação de Maria, a criancinha
saltou no seu ventre; e Isabel foi cheia do Espírito Santo. E exclamou com
grande voz, e disse: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu
ventre. E de onde me provém isto a mim, que venha visitar-me a mãe do meu
Senhor? Pois eis que, ao chegar aos meus ouvidos a voz da tua saudação, a criancinha
saltou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada a que creu, pois hão de
cumprir-se as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas.
Disse então Maria: A minha alma engrandece
ao Senhor, E o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador; Porque atentou na
baixeza de sua serva; Pois eis que desde agora todas as gerações me chamarão
bem-aventurada, Porque me fez grandes coisas o Poderoso; E santo é seu nome. E
a sua misericórdia é de geração em geração sobre os que o temem. Com o seu braço
agiu valorosamente; Dissipou os soberbos no pensamento de seus corações. Depôs
dos tronos os poderosos, E elevou os humildes. Encheu de bens os famintos, E
despediu vazios os ricos. Auxiliou a Israel seu servo, Recordando-se da sua
misericórdia; Como falou a nossos pais, Para com Abraão e a sua posteridade,
para sempre. E Maria ficou com ela quase três meses, e depois voltou para sua
casa.”
Só se fala de
alegria. A alegria de ser mãe, a alegria de saber que sua prima idosa e estéril
também havia sido contemplada com a maternidade, a alegria de comunicar a
alegrai. Como anda a minha responsabilidade individual e, principalmente
familiar, para com as outras famílias com quem me relaciono. Meus vizinhos,
minha pastoral, meus colegas de trabalho.... consigo ajudar que essas famílias
cresçam em alegria por causa do testemunho da minha família. Posso dizer que
quando a minha família vai ao encontro de outras famílias eles saltam de
alegria? Elas conseguem perceber o gozo e o contentamento em nós?
Ser alegre
para as outras famílias é algo “muito sério” por assim dizer. Precisamos semear
a alegria nesta campo do mundo que anda tão conturbado. É a família que mantém
a alegria das outras famílias. Neste retiro podemos sair com o propósito de não
deixarmos uma família conhecida triste ou isolada, vivendo aflições.
Em 17 de maio
de 1939 o Papa Pio XII escreveu. Em setembro começaria a II Guerra Mundial.
Como e costume no Vaticano, os noivos que se casaram em Roma vão vestidos como
no dia do casamento pedir a bênção do papa para os noivos. Neste dia o papa se
dirige aos noivos falando da IMUTÁVEL ALEGRIA. Mesmo já diante do perigo
iminente, ele não poderia deixar de exortar as pessoas a serem semeadores da paz
e da alegria. Era véspera da Ascensão do Senhor.
“A Ascensão do
senhor é a festa da alegria pura da esperança serena , dos santos desejos. E
ela é o reflexo da solene cerimônia do casamento que vocês viveram já que o
matrimonia cristão que vocês celebraram no alta deve semear, suscitar e anuncia
r a alegria a esperança e os desejos de proposito a fim de que aquilo que
alentou e continua animando os vossos corações es sejam profundamente unidos
aquilo que sugere a grande solenidade da ascensão do Senhor.”
Cada família é
chamada a ser um pedacinho do céu na terra, por isso é a Igreja doméstica
“Seja pura a
vossa alegria como aquela dos apóstolos ao descerem o monte das oliveira.. com
grande alegria, com o coração transbordando de alegria.”
Os apóstolos
voltaram comunicando a alegria de terem encontrado a Cristo (I Jo 1,1-2).
“O que era desde o princípio, o que ouvimos,
o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos
tocaram da Palavra da vida. Porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e
testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai, e nos
foi manifestada”
Hoje urge a
missão de tornar as famílias mais alegres, porque elas estão tensas, divididas,
sofridas, abandonadas... Por isso, peçamos a Deus que cauterize em nós o foco
da síndrome do Peter Pan. Assumamos a nossa reponsabilidade de sairmos
apressadamente ao campo que Deus nos enviou.
Nossa primeira
pressa seja escrever nome e sobrenome de famílias que conhecemos e que tens
problemas das mais diversas ordens, que vivem não diante do sacrário, mas
diante do muro das lamentações. Comprometa-se me levar alegria para essas
famílias.
Será uma
trabalho de semeadura. Para umas a alegria ficará à beira do caminho, outras
terão o coração duro de pedra, outras serão espinhosas, mas a maioria é terra
sedenta que espera e acolherá a alegria e a paz que a sua família deve semear.
Devemos deixar
de lado a imagem da árvore genealógica. É uma imagem que se fecha em si mesma.
Precisamos expandir os horizontes! A imagem deve ser como de um sistema
planetário, em círculos concêntricos. Cada família é um planeta, que está junto
de outros planetas e esse sistema está juntos de outros que formam o universo,
que é a sociedade.
A missão é
grande! Depois da ascensão os apóstolos sabiam disso, mas ainda assim voltaram
alegres e veja só o que fizeram. A alegria de uma família pode contagiar as
outras. Não sejamos jamais um “buraco negro”, esses espaços que absorvem toda
energia e não irradiam nada e atrapalham de certa forma a expansão do universo
que é constante. São as famílias que ficam absorvendo as suas mágoas e se
fecham em si mesmas. São famílias frias. Não sejamos assim. E se conhecemos
alguma família “buraco negro”, ela precisa estar na nossa lista.
É tão bonito
ver famílias formando grupos de famílias, que convivem juntas, passeiam
juntas... Elas buscam aquilo que o mundo promete, mas não sabe dar: a paz e a
alegria.
Olhemos mais
uma vez para a Família de Nazaré e imaginemos a alegria do seu encontro com
Isabel e Zacarias. Uma visita que durou três meses. Três meses de serviço. Que
tal eu aproveitar os próximos três meses para visitar essas famílias da minha
lista? Não podemos sair do retiro sem um propósito como esse que sugiro, ou a
síndrome do Peter Pan voltará. Ela é contagiosa. Quantos fogem da
responsabilidade. Por isso, são poucos os que fazem muito e acabam se
sobrecarregando. No momento da apresentação das ofertas na Missa, coloquemos
estas famílias diante do altar e entreguemos também a nossa perseverança em
servir.
O livro que
apresento hoje, aconselho todos a lerem porque trata justamente de respostas
educadas para questões polêmicas. O livro chama-se: "Como Defender a Fé sem Levantar a Voz" (ed. Quadrante , Austen Ivereigh). Ele recolhe a experiência de um grupo de jornalistas
– muitos deles jovens -- que aproveitando a viagem do papa Bento XVI a
Inglaterra. Por que em 2009 ele tinha falado dos preservativos e dos atos homossexuais
e foi muito atacado pelos que são a favor da Ideologia de gênero e do controle
demográfico e foi muito criticado e até ridicularizado.
Um jornalista
se juntou a outros e criou o Movimento “Vozes Católicas” (catholicvoices). São jovens da área de comunicação que procuram dar
voz à Igreja Católica. Na introdução ele fala que muitas vezes somos nomeados “porta-vozes”
da Igreja Católica e somos interpelados às vezes por uma turba pronta para o linchamento.
Uns questionam sobre a AIDS, outros sobre um certo pronunciamento do papa, o “casamento
gay”, a pedofilia cometida pelo clero... e nos sentimos tão preparados como
Daniel na Cova dos Leões. Quando trazemos alguns argumentos, uns sorriem, ficam
um pouco constrangidos, mas muitos não se sentem persuadidos....
Um método que
pode funcionar para qualquer pessoa que quer sair em defesa da Igreja. Se não
se consegue posicionar de maneira sucinta e inteligente, será uma oportunidade
perdida de esclarecimento. Pode não ser um desastre, mas também não será
eficaz. Mesmo se sermos da hierarquia, é só nos apresentarmos como católicos
para sermos questionados.
O argumento de
ponto de partida é que precisamos ter uma nova forma de pensar para não
estarmos nem na defensiva, e nem agirmos de forma agressiva. Trata-se de REENQUADRAR
A CRÍTICA. No coração deste método está o que chamamos de intenção positiva.
Por trás de toda crítica hostil ou preconceituosa a igreja há um valor ético
para o qual o crítico faz um apelo. Certas questões se tornam nevrálgicas porque
um valore parece estar sob ameaça e todos os escrúpulos para preserva-los
seriam válidos. Temos fundamentos sólidos mas não somos fundamentalistas.
Precisamos,
então, descobrir a intenção positiva por trás da crítica para gerarmos DIÁLOGO
E NÃO DISCUSSÃO. Diálogo não significa abrir mão das nossas convicções, mas
sim, construir relações de confiança entre pessoas de convicções diversas das
nossas. Dialogar não significa acomodarmos nem abandonarmos os valores próprios
da nossa fé.
Vejamos um
exemplo: legalização do suicídio assistido.
Se não
tivermos esse novo método, poderemos exclamar: “Absurdo! São todos contra a
vida! Perseguem a Igreja!”. Pronto. Perdemos o interlocutor. Façamos diferente.
1º passo - Reflitamos:
O desejo pela legalização do suicídio baseia-se na pressuposição positiva de
que o ser humano deve ser poupado de um sofrimento desnecessário.
2º passo – Nós
católicos concordamos em que muito embora o sofrimento esteja vinculado à doença
ao envelhecimento e à morte, ninguém deveria ter de resignar-se a uma dor ou
sofrimento insuportável. Razão porque tantas casas de repouso e hospitais são
administradas por católicos, para que as pessoas tenham um pouco de dignidade e
assistência na hora da dor e da morte. E não que sejam mortas porque estão
sofrendo. Uma vez que estamos de acordo neste ponto, podemos analisar os pontos
em que discordamos.
3º passo – Debatamos
sobre significado da morte, a questão da autonomia e o impacto que uma lei de
suicídio assistido teria na saúde pública e na imagem social dos doentes e
idosos.
Perceberam a
diferença de postura? Vejam se não podemos aplicar isso no caso também da
legalização do aborto. Não desprezemos o sofrimento da mulher, vamos dar-lhe o
devido valor e relembrar como a Igreja tem ajudado.
O próprio papa
Bento XVI nos pediu que além de sermos exemplos de fé, trabalhássemos para dar
a visão da fé nos debates públicos. Nos EUA (em 2012), ao falar sobre a forte
pressão do laicismo contra a liberdade religiosa, pede um laicato católico bem
formado, organizado e articulado para combater aqueles que querem desarticular
a Verdade sobre o homem. A uma tarefa prioritária no nosso tempo é formar uma
visão cristã acerca do homem e da sociedade.
A Igreja não
precisa ser defendida. A Igreja é Jesus e ele nunca precisou se defender.
Precisamos defender o homem, a mulher, a criança, o bem comum, a justiça, a
honestidade... os valores que estão inspirados nos ensinamentos de Jesus
Cristo! Agora é a hora dos líderes leigos que não se esquivem da sua missão, e
sejam líderes de uma renovação moral e cívica, disse uma vez um bispo também
americano, de Los Angeles.
Exemplos bem práticos,
e que está bem em voga: homossexualismo e contracepção.
“Por que a
Igreja é a favor do planejamento natural e não da contracepção? Se os próprios católicos
usam anticoncepcionais, por que não aceitar logo isso?”
“Se a pessoa
nasce gay, por que não pode realizar sua sexualidade? Se a Igreja considera os
gays desordenados não é um contrassenso que se oponha serem discriminados?”
Consideremos
estes dois temas que tem relação com a moral sexual. Que valor está por trás
delas? Que o sexo representa um bem. As pessoas que defendem essas coisas, no fundo,
entendem que o sexo tem um significado, mas hoje pensa-se que, basta que o sexo
seja consensual, ele será legítimo. Ora, legítimo é diferente de bom!
O sexo tem um
propósito e representa um bem, não basta ser simplesmente consensual. Envolve algum
grau de afeição e de compromisso e deveríamos evitar fazer dele um mero produto.
A maior parte das pessoas acredita que por ser tão bom e para que possa
alcançar seus propósitos, precisa estar inserido dentro do contexto certo para
ser bem vivido. Isso não é só a Igreja, mas muitas pessoas. Para viver bem o
sexo é preciso que haja alguns limites. Até aqueles pais que dizem (erroneamente):
“Eu prefiro que minha filha faça sexo com o namora aqui na minha casa do que
ficarem andando por aí correndo perigo” – não deixa de estar criando um
contexto. Errado, mas já vemos aí uma busca pela verdade. Qual é o melhor
contexto: o contexto de um compromisso definitivo, o contexto de uma família. A
lei define os limites tomando por base o princípio da consensualidade.
Um adulto que
tenha relações sexuais com uma menor de idade será considerado um infrator num
dia e um cidadão honesto no outro, dependendo que quando for o seu aniversário
de maioridade. Moralidade nem sempre é legalidade. Um argumento assim, faz uma
pessoa pensar.
A Igreja
considera o sexo algo essencialmente bom se tem lugar dentro de um casamento
entre um homem e uma mulher que se abrem à possiblidade de gerar filhos, porque
mantem os seus propósitos originais: unitivo e procriativo. Fora deste contexto
ele tende-se a se tornar egoísta e potencialmente destrutivo para qualquer
relacionamento.
Fora do
contexto e fora dos limites quantas coisas cruéis acontecem na sociedade? Sou
diretor do Ambulatório da Providência, trabalho iniciado por Dra. Elizabeth
Linhares que trabalha com moradores de rua e prostitutas portadores de AIDS.
Essa médica tem muitas histórias tristes dessas mulheres totalmente dilaceradas
física e emocionalmente. E o governo quer distribuir camisinhas? Isso é dar dignidade
humana?!
Ou seria o
trabalho, como o que a Irmã Marivel faz de acolher essas mulheres, levantar sua
auto-estima e leva-las a resgatarem a fé e a sua dignidade humana. A solução
seria legalizar a prostituição?! Não! Não é isso que faz uma sociedade mais
humana. Ou o exemplo do Padre Renato que cuida de crianças abandonadas e
usuários de crack, olhando-os como pessoas, como serem humanos! Ele chegou a
escrever uma carta a presidente Dilma, porque o governo quer cortar os recursos
aos trabalhos sociais por serem instituições confessionais, e que elas
discriminam as pessoas de outras religiões, que o tratamento com oração não é
eficaz e que elas estão impondo a sua doutrina, e outros argumento assim. A
solução é legalizar as drogas?! Não! Quem vai fazer esse trabalho? O governo?!
Tudo com a justificativa do “estado laico”...
Vejam: não defendemos
a Igreja. Não defendemos o dogma da Santíssima Trindade ou da transubstanciação
do pão e do vinho. Não. Defendemos o ser humano!!
Voltemos à
questão do homossexualismo e da contracepção. Há uma preocupação com o bem
estar das pessoas. Partamos daí, mostremos o valor comum e depois, sim,
apresentar a doutrina da Igreja.
Muitos outros
temas importantes também trata o livro é Igreja e política, liberdade
religiosa, abuso sexual e o clero, manutenção da união conjugal, etc...
Quais são,
dentro dessa metodologia de reenquadramento da crítica, os 10 PRINCÍPIOS DE UMA COMUNICAÇÃO CIVILIZADA, que o livro apresenta:
1. Procure a intenção positiva por trás
da crítica, busque seu princípio ético ainda que pareçam soterrados
2. Traga luz e não calor às discussões,
como homens de fé desejamos trazer luzes aos assuntos mais delicados que já são
por si só acalorados.
3. As pessoas não lembrarão tanto do
que você disse, mas do sentimento que você despertou nelas.
4. Não diga, simplesmente mostre. As pessoas
preferem e histórias e fatos concretos e não abstratos.
5. Pense em triângulos: não vá direto
ao ponto, nem dê uma enxurrada de argumentos. Sendo direto demais o diálogo se
fechará. E com muitos argumentos a conversa irá por caminhos tortuosos e pode
acabar num beco sem saída. Concentre seu pensamento em apenas três dos pontos
mais importantes, no máximo.
6. Seja positivo. A Igreja deve estar
mais para Madre Teresa de Calcutá que para um quartel.
7. Seja compassivo. A compaixão é a
qualidade que deve notabilizar os cristãos. A arte de ser compassivo é a chave
para sair do círculo dos ataques.
8. Baseie-se em dados. Certifique-se que
os índices de que menciona são de fácil compreensão e de fonte confiável,
porque muitas críticas à Igreja estão baseadas em números falsos e nós não
podemos cometer o mesmo erro.
9. Não é nada pessoal. As pessoas não
estão nos criticando. A boa comunicação depende essencialmente de que se ponha
o ego de lado! O oponente não está nos desrespeitando, mas os valores que eu
represento.
10. Testemunhar não significa vencer.
6ª Meditação
Partilho uma
experiência interessante que tive logo após minha ordenação sacerdotal e que
definiu para mim de forma muito específica que ser padre é ser uma pessoa que
sabe fazer mala. Porque toda hora saímos para uma atividade aqui ou acolá. E
vamos ganhando a experiência de saber escolher apenas o essencial. Como fazer
com a túnica ou a batina que é dobrada e fica toda amarrotada? Um padre
experiente me aconselhou. Assim que chegar, pendure a túnica num cabide no
banheiro, ligue o chuveiro quente, feche a porta e deixe o vapor um bom tempo,
pois o vapor desamassa a roupa. Hoje já existe o vaporizador, o que é de grande
ajuda!
Por que conto
isso? Porque assim como é preciso o ambiente saturado de vapor que desamassa a
roupa é preciso saturar as famílias com o vapor da alegria para desamassar as
caras feridas e transtornadas. Precisamos ser “famílias vaporizadoras” para
ajudarmos a cicatrizar as feridas e levar as pessoas a descobrirem que mesmo no
meio das realidades dolorosas é possível sermos alegres na vida em família.
Vimos alguns exemplos que, nas famílias onde Cristo está presente, ela se
tornam vaporizadoras de alegria: a família de Nazaré, de Betânia, a de Zaqueu,
a de Santa Terezinha, a de João Paulo II... todas passaram por muitas dores e
tinham vidas feridas, mas ainda assim, eram “vaporizadoras de alegria”! E mais,
encontraram e formaram outras famílias “vaporizadoras que sabem,-- como tantas famílias anônimas” -- , condensar
a alegria.
Precisamos de
uma verdadeira saturação de alegria. Se minha família tem essa alegria
condensada, as pessoas de dentro e de fora da minha casa, ao meu redor, ficarão
desamassadas, tornando mais suave o caminho da vida. A saturação da alegria é
um verdadeiro milagre.
Trago dois
exemplos de famílias sobrenaturais e que tiveram na história da Igreja recente
um papel decisivo para com as famílias. Primeiro lembro uma mulher: Chiara
Lubich, do Movimento Focolares. Não constituiu uma família natural, mas
deixou um testamento, chamado: “Sejam uma família”.
“Se tivesse que deixar esta Terra hoje, e me
fosse solicitada uma palavra, como última palavra que afirma o nosso ideal,
diria a vocês - certa de ser compreendida no sentido mais exato -: "Sejam
uma Família".
Há entre vocês quem sofra de provações
espirituais ou morais? Compreendam-nos como e mais do que uma mãe, iluminem-nos
com a palavra e o exemplo. Não deixem que lhes falte, aliás, aumentem em volta
deles, o calor da família.
Há entre vocês quem sofra fisicamente? Sejam
eles os irmãos prediletos. Sofram com eles. Tentem compreender as suas dores
até o fim. Façam que participem dos frutos da vida apostólica de vocês para que
saibam que eles, mais do que outros, contribuíram para tanto.
Há quem esteja à beira da morte? Imaginem-se
no lugar deles e façam o que gostariam que lhes fosse feito até o último
instante.
Há alguém feliz por um sucesso ou pro um
motivo qualquer? Fiquem felizes com ele, para que a sua consolação não se
contriste, nem se tranque o espírito, mas a alegria seja de todos.
Há alguém de partida? Não o deixem ir sem
lhe ter preenchido o coração com uma única herança: o sentido da família, para
que o leve aonde for.”
São Josemaría
Escrivá, dizia: “No dia em que nós
vivermos como indiferentes teremos matado o ambiente de família.”. Não
podemos ser indiferentes também às famílias que estão ao nosso lado!
Multiplicam-se os acompanhantes porque diminuem-se as presenças de familiares,
por exemplo. Numa visita pastoral em Madureira, o padre me levou para visitar
uma casa para idosos nas redondezas. Era muito bem instalada, havia muitos
cuidadores, mas... não é um ambiente familiar... Não existe nada como a
família. Sei que cada família tem seus problemas próprios e preocupações mas
não podemos viver só para nós mesmos. No Credo rezamos: “Creio na Comunhão dos
santos”. Minha família é capaz de fazer uma transfusão de alegria para as
outras famílias. Ás vezes com uma simples visita, não se precisa de nada muito
especial, pois o trabalho eficaz Deus já vai realizando desde antes, por meio
desta comunhão dos santos.
Dentro desta
família que menciono agora, surgiu uma ideia: Como ajudar as família a serem
família. “A Educação em Família: 21 Temas” é o título deste livro eletrônico (http://odnmedia.s3.amazonaws.com/docs/educacacao_em_familia-pt.pdf)
. Uma ideia que surgiu em casa, partindo da indagação de o que se entende por
pessoa e por família. Mas hoje o mundo vive uma “alta cota de confusão”.
O casal e seus
filhos escreveram esses 21 artigos falando da missão da família, da educação
dos filhos, do tempo livre, boas maneiras, educação para o pudor, influências
das novas tecnologias, etc. Estudaram, reuniram material e desta família nasceu
este livro digital de 200 páginas, inspirado por suas experiências pessoais e
pelos ensinamentos da Igreja. Quanta riqueza podemos partilhar com as famílias
à nossa volta! Quanto aprendizado hoje disponível com facilidade! Não podemos
mais usar a desculpa: “Eu não sei o que fazer para desamassar as famílias...”. Nossa
proximidade com as famílias é fundamental. Ás vezes, parece uma família, mas
falta o amor conjugal, os pais não sabem que tem que ser os primeiros
educadores, ou situações assim.
Leiam
novamente o “Testamento de Chiara”, com tantas recomendações bonitas e úteis. E
ela continua.
“Não anteponham jamais ao espírito de
família com os irmãos com quem vivem qualquer atividade de qualquer gênero, nem
espiritual, nem apostólica.
E aonde quer que forem para levar o ideal de
Cristo, para expandir a imensa família da Obra de Maria, não farão coisa melhor
do que procurar criar com discrição, com prudência, mas com determinação, o
espírito de família. É um espírito humilde, quer o bem dos outros, não se
envaidece..., é, enfim, a caridade verdadeira, completa.
Em resumo, se eu tivesse que partir de
vocês, deixaria na prática que Jesus em mim repetisse: "Amai-vos
reciprocamente... a fim de que todos sejam um".
Bonitas
palavras de uma mulher que não teve filhos no seu corpo, mas filhos do seu
coração e nos deixou este testamento. Ela dá uma série de orientações práticas
para nos saturarmos de alegria. Precisamos simplesmente SER FAMÍLIA. Fala de
compreendermos os outros mais do que uma mãe compreende o seu filho. Procuremos
compreender as famílias e saibamos iluminar suas vidas com nossa presença e uma
palavra de consolo. Aumentemos o calor!
Parece
traduzir o que Jesus falou no Evangelho de Mateus, quando disse (Mt 6, 26-29):
“Olhai para as
aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai
celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? E qual de
vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura? E,
quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo,
como eles crescem; não trabalham nem fiam; E eu vos digo que nem mesmo Salomão,
em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.”
Quantas vezes
queremos resolver os problemas familiares das famílias próximas promovendo
grandes atividades, quando na verdade, essas famílias precisam de presença, de
amor e acolhimento, é algo bem mais simples. É o amor que vai e vem. Um amor,
como afirmava Chiara, que tem todos os sabores. Ela dizia que amor deveria ser
como uma mãe, que faz tudo pelo bem-estar e proteção do seu filho. Se o filho
faz uma cirurgia é ela que passa a noite em claro, fica com a mesma roupa por
três dias, entra em contato com o médico, engole as lágrimas. Em casa, é a mãe
que lava os pratos, arruma tudo, é sempre a última a dormir. Em outras
palavras: a mãe é uma criada. Palavra que pode parecer feia para nós, mas é
como foi Maria. Assim, como Maria que foi em tudo servidora: “Eis aqui a Serva
do Senhor.”, assim devemos ser também nós. Observações de Chiara, uma mãe
espiritual.
Minha família
pode ser como essa mãe: servidora de todos. Isso é que Deus quer que nós
vivamos, e que assim, cumpramos nossa missão de família.
Mais uma vez,
preciso definir propósitos práticos e concretos. Não podemos simplesmente
pressupor nada. “Eles estão bem de vida, já vão à missa, fazem parte de uma
pastoral...”. Não. Às vezes, falta o óbvio. Precisamos conhecer a realidade das
famílias à nossa volta, entrando em suas vidas e. com carinho, “metermos o
bico” na vida alheia”. Será que elas têm o óbvio? Essa família precisa “ser
adotada”, ou seja, precisa ser ajudada a ser uma família alegre?
Nosso Senhor
nos pede que nossa família seja mãe de outras famílias. Que possamos irradiar e
vaporizar a nossa alegria nas famílias à nossa volta também. Não giremos apenas
em torno de nós mesmos. Uma família sadia neste sistema planetário precisa
fazer também o movimento de translação. Girar em torno de outras famílias!
Nenhum comentário:
Postar um comentário