O Magistério da Igreja e o Compromisso Social com as Crianças Abandonadas
(Dom Antônio Augusto Dias Duarte)
(Dom Antônio Augusto Dias Duarte)
Muito do Magistério da Igreja poderia ser estudado sobre esta questão. A primeira grande fonte é Jo 14, 12-31: uma das grandes obras cristãs é acolher a infância abandonada. E essa já era uma preocupação desde o início da Igreja, explícita em Tg 1,27: "A religião pura e sem mácula aos olhos de Deus e nosso Pai é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições, e conservar-se puro da corrupção deste mundo."
Vamos nos deter em algumas das publicações mais recentes. Por exemplo, o Documento de Aparecida (n. 135) diz: "A resposta ao seu chamado exige entrar na dinâmica do Bom Samaritano (cf. Lc 10, 29-37), que nos dá o imperativo de nos fazer próximos, especialmente de quem sofre, e gerar uma sociedade sem excluídos, seguindo a prática de Jesus que acolhe os publicanos e pecadores (cf. Lc 5, 29-32), que acolhe os pequenos e as crianças (cf. Mc 10, 13-16)..." E qual é a "dinâmica do Bom Samaritano"? O samaritano VIU o homem caído, precisando de ajuda. A primeira atitude é a da prestar atenção, e segunda é ação pela compaixão, ou seja, prestar socorro.
Deus Caritas Est (n. 18) exorta: "Revela-se, assim, como possível o amor ao próximo no sentido enunciado por Jesus, na Bíblia. Consiste precisamente no fato de que eu amo, em Deus e com Deus, a pessoa que não me agrada ou que nem conheço sequer. Isto só é possível realizar-se a partir do encontro íntimo com Deus, um encontro que se tornou comunhão de vontade, chegando mesmo a tocar o sentimento. Então aprendo a ver aquela pessoa já não somente com os meus olhos e sentimentos, mas segundo a perspectiva de Jesus Cristo. O seu amigo é meu amigo. Para além do aspecto exterior do outro, dou-me conta da sua expectativa interior de um gesto de amor, de atenção, que eu não lhe faço chegar somente através das organizações que disso se ocupam, aceitando-o talvez por necessidade política. Eu vejo com os olhos de Cristo e posso dar ao outro muito mais do que as coisas externamente necessárias: posso dar-lhe o olhar de amor de que ele precisa. Aqui se vê a interação que é necessária entre o amor a Deus e o amor ao próximo, de que fala com tanta insistência a I Carta de João. Se na minha vida falta totalmente o contato com Deus, posso ver no outro sempre e apenas o outro e não consigo reconhecer nele a imagem divina. Mas, se na minha vida negligencio completamente a atenção ao outro, importando-me apenas com ser « piedoso » e cumprir os meus "deveres religiosos",então definha também a relação com Deus. "
O n. 302 do Documento de Aparecida convoca: "A família, patrimônio da humanidade", constitui um dos tesouros mais valiosos dos povos latino-americanos. Ela foi e é lugar e escola de comunhão, fonte de valores cívicos, lar onde a vida humana nasce e se acolhe generosamente." Se as famílias dos casais verdadeiramente cristãos dessem exemplo para o mundo de acolhimento da infância e adolescência abandonadas, exemplo de conjugalidade fecunda, nem precisaríamos ter encontros como esses, porque o testemunho seria muito mais eloquente.
E continua o mesmo documento no n. 437 (f): "Estimular centro paroquiais e diocesanos com uma pastoral de atenção integral à família, especialmente àquelas que estão em situações difíceis: mães adolescentes e solteiras, viúvos e viúvas, pessoas da terceira idade, crianças abandonadas etc." O antendimento precisa ser cada vez mais extensivo, buscando apoiar a família como um todo, inclusive aos órfãos de "pais vivos". Neste sentido do apoio familiar, continua Documento (n. 457): "... a Igreja é chamada a compartilhar, orientar e acompanhar projetos de promoção da mulher com organismos sociais já existentes, reconhecendo o ministério essencial e espiritual que a mulher leva em suas entranhas: receber a vida, acolhê-la, alimentá-la, dar à luz, sustentá-la, acompanhá-la... A maternidade não é uma realidade exclusivamente biológica, mas se expressa de diversas maneiras. A vocação materna se cumpre através de muitas formas de amor, compreensão e serviço aos demais. A dimensão maternal também se concretiza, por exemplo, na adoção de crianças, oferecendo-lhes proteção e lar. O compromisso da Igreja nessa esfera é ético e profundamente evangélico." Precisamos lutar pela valorização da paternidade e da maternidade.
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