Encerramos, hoje, a série de postagens das palestras do XIII Congresso Nacional da Pastoral Familiar, realizado em Belo Horizonte, de 19 a 21 de agosto. Esperamos que nossos internautas aproveitem do seu conteúdo, pessoal e comunitariamente!
SOMOS CIDADÃOS E MEMBROS DA FAMÍLIA DE DEUS
(Dom Severino Clausen)
(Dom Severino Clausen)
Somos cidadãos e membros da família de Deus porque nossos nomes estão escritos no céu. Esta é a palavra de esperança que São Paulo escreve, da prisão, aos Efésios (cf. Ef 2,19). Desta ótica reflitamos sobre o maior bem da humanidade, que é a família.
Como cidadãos da família de Deus, temos o mesmo sentimento de pertença, temos os mesmos sonhos de fé e de felicidade. Não podemos nos esquecer de que somos produtos da cultura cristã, mas que enfrentamos novas questões e novas dificuldades. Necessitamos construir para nós humanos uma pátria, um lar que nos proteja e nos ajude a recuperar o sentido verdadeiro do amor. A partir de Jesus, e com a força do Espírito Santo, alimentados pela Palavra de Deus, sendo discípulos missionários a serviço da vida e rumo à pátria definitiva. Este é o nosso segredo.
Pastoralmente, temos que tomar o grande cuidado para que a Pastoral Familiar não seja apenas um movimento de casais, mas que envolva, de fato, a família inteira e que a família não seja vista como mero objeto de evangelização, mas principalmente como sujeito, agente! Cabe a nós estarmos atentos a que tipo de mundo estamos construindo para as futuras gerações.
Na família não podem faltar três palavras-chaves: trabalho, amor e transcendência:
Trabalho (criação)– é diferente de emprego, que escraviza a horários e tarefas. Trabalho é processo de ação do ser humano sobre a criação: torna-nos produtivos, revela as capacidades e potenciais humanos. Se numa família não há essa criatividade, ela se tornará amorfa. O trabalho se torna, assim, um espaço sagrado de descoberta da vocação. Mas hoje o que se vê é uma busca frenética pela sobrevivência. Quanto tempo gastamos no trabalho... A família pode acabar perdendo a sensibilidade do convívio e da ternura.
O trabalho existe para transformar e este potencial transformador pode ser usado para o bem ou para o mal. Basta olharmos para a história humana e vermos todas as mudanças materiais e culturais.
O trabalho também reflete o nosso ser pensante, que vive imaginando e buscando a felicidade e o que julga haver de melhor. Entretanto, longe da proteção divina, o ser humano se desvirtua. É Jesus que nos indica o caminho.
Amor (relação)– somos resultados do amor entre homem e mulher (apesar de quererem hoje mudar isso) e do amor de Deus. Quem ama, admira, se encanta. “Amor” é uma palavra que vem sendo, infelizmente, desgastada.... O amor é uma força extraordinária que impele as pessoas a se comprometerem com coragem e generosidade. Cada um encontra o bem próprio aderindo ao projeto de amor que Deus tem para ele, e aderindo esta Verdade, torna-se livre. O impulso interior para amar de maneira autêntica nunca desaparece por complete porque é a vocação plantada dentro de cada coração humano. O cultivo do Amro exige de cada ser humano um exercício de relação.
Desenvolve-se, assim, um processo dinâmico que integra o amor de Deus à vida do ser humano. Diz a Familiaris Consortio (11): “Deus criou o homem à sua imagem e semelhança: chamando-o à existência por amor, chamou-o ao mesmo tempo ao amor. Deus é amor e vive em si mesmo um mistério de comunhão pessoal de amor. Criando-a à sua imagem e conservando-a continuamente no ser, Deus inscreve na humanidade do homem e da mulher a vocação, e, assim, a capacidade e a responsabilidade do amor e da comunhão. O amor é, portanto, a fundamental e originária vocação do ser humano.” É muito mais que afeto e atração carnal.
Transcendência (espiritualidade)- O ser humano, que é dotado de espiritualidade, fortalece-se no amor e é melhor no trabalho. A transcendência fomenta a esperança e o sonho de retomarmos o paraíso perdido, afinal, somo cidadãos do céu. O vínculo de amor do homem e da mulher no matrimônio é sinal (sacramento) desta aliança de amor entre Deus e a humanidade e entre Jesus e a Igreja. Temos o maior patrimônio espiritual que santifica a família.
Somos membros desta família, do povo de Deus por amor. Vale a pena ficar de pé, como Maria, diante de Cruz, em atitude de prontidão, esperando a vitória definitiva sobre o pecado. Uma verdadeira Pastoral Familiar intensa e vigorosa ajudará a devolver a dignidade de família, imagem da comunhão de amor das três pessoas divinas. Que Maria e José nos ajudem a andar no caminho que defende a vida e a família, anunciando o reino de paz, amor e justiça.
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