domingo, 10 de julho de 2011

CONGRESSO NACIONAL


Seguem, a todo o vapor, os últimos preparativos para a realização do XIII Congresso Nacional de Pastoral Familiar que acontecerá em Belo Horizonte, no mês que vem, dos dias 19 a 21 de agosto de 2011. Seu tema será "Família, Pessoa e Sociedade", e seu lema "Somos cidadãos, membros da família de Deus" (Ef 2,19). O Congresso pretende reunir cerca de 1000 participantes entre bispos, assessores eclesiásticos da Pastoral Familiar, coordenadores dos Movimentos e Serviços Familiares e agentes da Pastoral Familiar de todo o Brasil. A Arquidiocese do Rio de Janeiro estará representada e trará toda a formação, debates, atualizações e diretrizes que venham do Congresso.
Para manter-se por dentro de tudo, vocês podem acessar blog oficial do evento. Acesse http://congressonacionalpf.blogspot.com. Nele também estão disponíveis a programação, tríduo preparatório, hino, oração, além de outras informações acerca do Congresso.
E desde já, neste tempo de preparação, contamos com a união de todos, em oração, para que a Pastoral Familiar se torne, como exige a Igreja e os nossos tempos modernos, “forte e vigorosa” (cf. Documento de Aparecida). Por isso, rezemos, com todo o Brasil:


ORAÇÃO DO XIII CONGRESSO NACIONAL DA PASTORAL FAMILIAR
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

Pai Santo, vosso amor misericordioso, fonte inesgotável de nossa vida revelou-se na simplicidade da vida diária da Sagrada Família, Jesus, Maria e José!
O vosso amor redentor, pela ação do Espírito Santo. Realizou o milagre da encarnação do Verbo, no seio puríssimo e virginal de Maria, obediente à vossa vontade:” E o Verbo se fez carne e habitou entre nós.” “ E de sua plenitude recebemos graça sob graça”, inspirando nossos corações segundo o exemplo confiante de José, que, iluminado por vossa graça, compreende e acolhe o magnífico desígnio de nossa salvação, em Cristo Jesus, ele, também, obediente à vossa vontade.
Lançando nosso olhar suplicante sobre nossas famílias, em vosso coração depositamos nossas preces e suplicamos a graça da sabedoria, para vivermos nossa vida familiar e nossas ações de cada dia, empenhados em fazer de nossa casa, um santuário de dignidade, escola do amor, templo de vida, preservada, promovida e defendida, em todas as suas etapas, desde a concepção até o declínio natural.
Nosso testemunho corajoso e evangélico, seja convite e convencimento para que o mundo se abra ao amor, a justiça seja marca de nossa cidadania e o horizonte de nossas vidas, seja o caminho para o reino definitivo.
Concedei-nos, Pai Santo, pela intercessão de nossa amada Mãe Maria, de São José, tudo o que vos pedimos em nossas necessidades, em nome de Jesus, o Filho, que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo.
Amém!


E tem mais....

Também o ECC (Encontro de Casais com Cristo) já começou a fase de preparação para seu XX Congresso Nacional que será realizado na cidade de Presidente Prudente/SP, nos dias 13, 14 e 15 de julho do ano que vem, 2012, e trará como tema: “Família, projeto de Deus” e o Lema: “Prudente é o homem que edifica a sua casa sobre a rocha”. A primeira reunião da comissão aconteceu em Aparecida do Norte e, além dos membros do Conselho Nacional, estiveram presentes o Diretor Espiritual do XX Congresso Nacional Padre Dirceu Montovani, o Casal
Coordenador Geral Valdecir e Zeneide e o seu casal Apoio Luiz e Marilda.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

APARECIDA, EU FUI (2)





Fotos da 3a Peregrinação Nacional das Famílias à Aparecida do Norte (28 e 29 de maio de 2011).

terça-feira, 5 de julho de 2011

APARECIDA, EU FUI (1)

Vejamos algumas fotos lindas que nos mandaram para divulgar sua visita à Casa da Mãe Aparecida nas 3a Peregriñação Nacional das Famílias deste ano.
Quer mandar a sua também?! Envie sua foto em formato JPEG, com seu nome Paróquia e vicariato para o nosso email: pastoralfrj@gmail.com.





segunda-feira, 27 de junho de 2011

RETIRO DA PASTORAL FAMILIAR (8)

Apresentamos hoje a última das meditações de Dom Antônio no retiro da Pastoral Familiar. Esperamos que nossos internautas aproveitem para suas vidas, famílias e comunidades tamanha riqueza espiritual.


5ª meditação:
Tema: O Ambiente de Família


(Dom Antônio Augusto Dias Duarte)



O ambiente social vai se transformar como uma extensão do ambiente familiar. Fortalecidos pelo Espírito Santo, meditemos sobre o ambiente da minha casa. Há uma verdade que devemos ouvir várias vezes: não basta amar os outros, é preciso aprender a amar. É preciso educar-nos para o amor. E se a lei da nossa família é o amor, expresso como uma vontade livre, não é surpreendente que depois de anos amando, procurando amar a Deus e aos outros, não nos admiremos que é preciso sempre aprender a amar. Amar é o melhor antídoto para o egoísmo; e contra este veneno nunca podemos nos considerar imunes. Não podemos ser como aqueles adolescentes que reivindicam aos pais: “Quando é que vou ser livre para poder fazer o que eu quero?”. Ao qual os pais respondem: “Meu filho nunca ninguém viveu tanto tempo assim pra conseguir isso...”. Viver e aprender a viver o amor livremente é um desafio.
Há uma passagem bíblica que, em princípio, pouco tem a ver com o casamento. Era um lugar de doentes, coxos, leprosos... a Piscina de Betsaida. Jesus dirige-se a um em particular com uma pergunta aparentemente dispensável (porque a pergunta é que era mais importante): “Queres ser curado?”E ele responde: “Senhor não tenho ninguém que me leve...”. Jesus sabia que aquele homem estava lá há 38 anos e não tinha quem o pudesse carregar. E Jesus o curou. Foi a água viva, mais eficaz que as águas daquela piscina. Nós temos uma sede muito grande desta água viva que é a força do amor. Podemos estar há 38 ao lado da piscina do amor que é o sacramento do matrimônio, uma fonte viva de amor e não termos sido curados do veneno do egoísmo.
Somos protagonistas do Evangelho e não simplesmente leitores passivos. Com que personagem deste Evangelho me identifico? Quem eu tenho sido em casa: o paralítico do amor ou o Cristo que vem dar novamente forças para que outros caminhem?
Amar dentro deste caminho do aprendizado é aproveitar todas as situações da vida cotidiana, da vida em família, viver o passo a passo do ambiente familiar. O Deus que é amor se encarnou na vida cotidiana, normal de uma família que vivia um amor que se notava nos detalhes. Na crucifixão o manto de Cristo foi sorteado e não rasgado. Provavelmente, um manto costurado linha a linha com amor por Nossa Senhora.
Aprende-se a amar, amando. O amor com que se põe a mesa, o amor com que se coloca um arranjo de flores numa mesa de cabeceira, num guardar o jornal, num chegar mais cedo em casa... Não há nada que mais enfraqueça o amor que o descuido dos detalhes. E quem não sabe cuidar dos detalhes ainda não aprendeu a amar, mesmo que já esteja casado há 38 anos...
Raras serão as oportunidades de vivermos atos extremos de amor. E não estaremos preparados para elas se não soubermos viver os pequenos detalhes. Vale este princípio pedagógico: “Quem não quer quando pode, acaba não podendo quando quer.”. Jesus pensava em todos os detalhes. No Evangelho de Marcos se vê a preocupação de Jesus com os detalhes: pede para que os apóstolos seguissem um homem carregando uma talha de água... Em João, Jesus tira o manto, se cinge, pega a bacia com água e a toalha... Deus a grande prova de amor no Calvário porque foi capaz de dar durante toda a vida de dar pequenos gestos de amor. Na Liturgia, todos os cerimoniais não são meras rubricas, mas detalhes de amor. E na Liturgia doméstica? Temos feito tudo de qualquer jeito?! “Quem for fiel no pouco, será fiel no muito.”.
O segundo princípio do amor aprendido e educado, é cumprir o dever de casa. O dever de casa de um casal, dos pais, filhos, irmãos é saber reconhecer as necessidades interiores do outro. No documento Deus é Amor, de Bento XVI, toda a primeira parte fala do EROS, o amor erótico entre o homem e a mulher. Ao introduzir este tema o Papa fala: “O amor entre o homem e a mulher é o arquétipo de todos os amores.”. No número 18 diz: “Se olharmos o outros com o olhar de Cristo saberemos suas verdadeiras necessidades.”. Se não presto atenção no outro minha relação com Deus é correta mas não tem amor. Jesus foi capaz de ver no meio da multidão de doentes à beira daquela piscina Jesus, por amor, foi capaz de reconhecer o doente mais grave no corpo, mas principalmente na alma. Viu um homem de coração paralisado, desiludido com a humanidade, talvez, depois de tantos anos de solidão... É preciso aprender a cultivar um amor “de olhos abertos”, um amor atencioso.
Talvez com o passar dos anos reduziremos toda a nossa gratidão aos pais e a Deus em uma frase: “Obrigado por ter me ensinado a amar, vendo como vocês amavam no dia a dia.”. Por isso é tão importante a disposição de fazer da nossa casa uma ESCOLA DE AMOR. Na será na escola, na rua, nem na universidade que aprenderemos a amar. Por isso, Jesus viveu numa casa por 30 anos e fez seu primeiro milagre numa festa de casamento. A capacidade que tem o coração humano de dar amor é maior que as talhas que Jesus encheu de vinho neste milagre. Já enchemos todo o nosso coração com esta capacidade para vivermos um amor cada vez maior? Ou será que depois de tantos anos estamos desiludidos como o paralítico de Betsaida?
Concluímos com uma reflexão de Dom Rafael, Llano Cifuentes, de seu livro Juventude para Todas as Idades:

- Aceito de braços abertos minha condição presente sem achar que o passado foi melhor?
- Compreendo que Deus é o eterno presente e que por isso nele terei uma permanente juventude?
Entrego o meu passado à misericórdia de Deus, o meu presente nas mãos de Deus e o meu futuro a providência de Deus?
- Aceito as limitações (física mentais ou psicológicas) que os anos podem trazer ou vou colecionando recalques? Perdia capacidade de sorrir?
- Compreendo que as perspectivas que os anos me trazem podem me tornar um homem e sereno e de oração, equilibrado interiormente?
- A medida que o tempo passa, pergunto-me não tanto se eu sou feliz, mas se as pessoas a minha volta são mais felizes?
- As cartas mais ternas e apaixonadas que li escreveu-as um antepassado meu à sua esposa depois de 30 anos de casado. E eu? Pode-se dizer o mesmo de mim? Também sou capaz de escrevê-las hoje?
- Compreendo hoje, bem melhor que em anos passados, que a dor física e moral são um mistério, mas não um absurdo? Entendo que Deus veio à terra para dignificar o sofrimento humano?
- Experimento uma grande paz ao pensar no momento supremo em que Deus me chamará da vida para a vida? Será um encontro com aquele a quem minha alma buscou tanto/
- Sei rezar pelos meus familiares? Ou me entrego a um espírito caduco e invejoso?

Uma família missionária é uma família jovem ainda que venham os anos. Ela sempre permanece jovem independentemente da sua idade cronológica. E ainda hoje Deus quer atrair as pessoas pela beleza e juventude da vocação matrimonia. Os jovens verão no casamento um ideal de vida, se virem famílias que testemunhem a beleza e juventude do casamento.

sábado, 25 de junho de 2011

RETIRO DA PASTORAL FAMILIAR (7)


3ª palestra: Família, projeto de Deus

(Dom Antonio Augusto Dias Duarte)



Na Cartilha da Pastoral Familiar, Familiaris Consortio, 3, lê-se: “A Igreja, iluminada pela fé, que lhe faz conhecer toda a verdade sobre o precioso bem do matrimônio e da família e sobre os seus significados mais profundos, sente mais uma vez a urgência de anunciar o Evangelho, isto é, a «Boa Nova» a todos indistintamente, em particular a todos aqueles que são chamados ao matrimônio e para ele se preparam, a todos os esposos e pais do mundo.”.

A Igreja tem esta experiência que a sociedade vai bem e a própria igreja vai bem quando a família vai bem. Hoje tenta-se causar uma certa comoção social dizendo quea a família está mudando por que a sociedade mudou. Este é o princípio que tem buscado legitimar e justificar muitas atitudes, posturas e até leis (ex. reconhecimento civil da união entre pessoas do mesmo sexo equiparadas a uma família).
Nosso grande trabalho é mostrar que a família e o casamento são projetos de Deus e não meramente humanos. Desde o princípio são sagrados e estão profundamente ligados à criação: Deus fez o homem e a mulher e os uniu para que colaborem com seu projeto.
O matrimônio deve ser protegido por leis, mas não estabelecido por leis. Muitos crêem que o matrimônio é humano e isto começou no século XVIII. E muitos ainda acusam a Igreja de ser retrógrada. E não há nada mais antigo que o pecado e que idéias como as do iluminismo francês que pretendeu desvincular a humanidade de Deus. Os filósofos e pensadores da época da revolução francesa eram liberdade, igualdade e fraternidade. E para que tal o homem deveria se libertar de Deus. E assim, o matrimônio passa a ser um assunto civil e não religioso. Era o início do que hoje conhecemos como “estado laico” no qual a Igreja não pode manifestar suas normas de conduta. Voltaire dizia (por volta de 1750): “Em 70 anos, acabará a Igreja.”. E a enfermeira que o atendeu à época da morte reclamou: “Nunca mais me chamem para atender um homem sem fé.”. Morreu em desespero, este homem para quem os amigos negaram a visita de um padre, achando que estaria delirando ao pedir Unção dos Enfermos.
O Iluminismo gerou uma cultura secularizada, regida pelo relativismo ético em que cada um tem o poder de determinar seu comportamento, o individualismo e o indiferentismo religioso. Não negam que Deus existe, mas não tem nada a dizer à sociedade da técnica. Nesta mentalidade, também as leis humanas é que devem determinar a natureza e a duração do matrimônio.
Nossa sociedade brasileira já está bem contaminada com esta ideologia que já se alastrou amplamente pela Europa. Basta ver o número de divórcios e a deficiência da preparação para a vida matrimonial.
Se vamos deixando que o Iluminismo e seus filhos vão penetrando em nossas paróquias o projeto de Deus fica em segundo plano. Não podemos secularizar a Igreja, mas devemos cristianizar a sociedade. O uso de meios ilícitos para viver a paternidade e a maternidade com a desculpa de que o Estado é laico e minha consciência me diz que eu posso usar pílula, camisinha, fazer ligadura, viver o hedonismo em minha família.... que perigo para o matrimônio que é instituição e vocação divina, da mesma categoria que a vocação religiosa. Não há diferença entre elas. O padre renunciou a todas as mulheres do mundo pela Igreja. O marido renunciou a todas as mulheres do mundo para ter a sua. O mesmo é com a freira e a esposa... cada um tem sua missão a ser cumprida no mundo e na Igreja. Pelo profeta Jeremias sabemos: “Antes que te formasses dentro do ventre de tua mãe, eu te conhecia...”. Em duas barrigas já estavam duas pessoas que Deus chamou desde a eternidade e estas pessoas se cruzam e juntas dizem ‘sim’ a Deus e um ao outro no matrimônio. E Deus vai dando sinais para que se conheça a vocação. Mas isto exige uma preparação, especialmente, na fase remota de preparação ao matrimônio (infância, adolescência e juventude). O matrimônio se realiza quando duas pessoas se reconhecem como dom de Deus um para o outro. É necessário uma Educação para o Amor. Claro que a vontade livre está sempre presente. Deus chama, mas eu sou livre para dar minha reposta. Um relacionamento puramente afetivo é fugaz porque depende de muitos condicionantes externos. O amor não é uma emoção, nem um afeto, mas um ATO da vontade livre. Mas não é esta vontade livre que determina a natureza da vocação. A vida a dois tem essência própria regida por Deus: uma aliança eterna e indissolúvel, aberta à vida. Somos convocados à adesão ao matrimônio, mas não à modificação. Tenho liberdade para subir ao ônibus que vai à Zona Sul ou à Zona Norte, mas não posso querer que o motorista mude o itinerário que foi determinado pelas autoridades a meu bel prazer. Entrar numa vocação é muito difícil e sair é muito fácil. Mas saibamos que sair não é simplesmente abrir uma porta. Sair é trair.
Deus não vai mudar uma vírgula do matrimônio. A vocação deve ser vivida ao modo de Deus. Isto é um grande bem para nós mesmos e para as pessoas que dependem desta vocação. Da vocação matrimonial depende toda a humanidade. É da família inclusive que saem as vocações sacerdotais. Jesus, o Sumo Sacerdote, veio de uma família. Na cerimônia em que um bispo recebeu o anel cardinalício, ele estendeu a mão para que sua mãe, ali presente, pudesse beijá-lo. Ao que ela, mostrando sua aliança de casamento, diz: ‘Você não teria seu anel se não fosse este outro anel aqui.”
A Igreja ensina que esta união íntima dos esposos é uma nova aliança, um novo testamento, elevado à ordem da graça que representa o amor esponsal de Cristo pela Igreja. As duas formas de amadurecermos nossa sexualidade na terra são o matrimônio e o celibato. Ambos prefiguram de modo concreto o casamento místico que Deus quer realizar com cada um de nós. A aliança no dedo é uma verdadeira aula de Teologia. Por isso, casamento não é uma mera convenção social. Esta aliança compromete, é um compromisso, um afeto da vontade e não só do “afeto”. Deve, sim, “afetar” todo modo de viver numa entrega de corpo e alma. Não é só “sentimento” é “consentimento” que exige das pessoas em contínuo ato de liberdade de entregarem-se mutuamente no amor e por amor.
A vocação de vida exige totalidade. É diferente da vocação profissional que se vive em horário comercial. Deus quer que eu viva um amor completo, apesar de eminentemente humano, já que não é um amor espiritual. Ele está presente no corpo, na alma, na vontade, na liberdade etc, como doação total de vida.
E, João Paulo II, no número 11 da Familiaris Consortio diz:” Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, chamando-o à existência por amor, chamou-o ao mesmo tempo ao amor. Deus é amor e vive em si mesmo um mistério de comunhão pessoal de amor. Criando-a à sua imagem e conservando-a continuamente no ser, Deus inscreve na humanidade do homem e da mulher a vocação, e, assim, a capacidade e a responsabilidade do amor e da comunhão. O amor é, portanto, a fundamental e originária vocação do ser humano.”
Logo, a pessoa que se casa, já se casa com a capacidade de amar. O objetivo dos Encontros de Preparação para Vida Matrimonial deve trazer a tona, lapidar esta capacidade de dar amor e gerar comunhão.
O matrimônio é união exclusiva porque exclui todos os outros homens e mulheres por um(a) só. Exclui, não destrói. Exclui inclusive todos os outros tipos de amor. O cônjuge vem sempre em primeiro lugar, antes dos pais, dos filhos, etc. O amor aos filhos não pode entrar na frente. Diz Bento XVI que os filhos têm o direito de ver seus pais se amando. Um direito natural, não das leis humanas. Ao nascer um filho os pais têm que se amar ainda mais.
Já o amor paternal/ maternal, por exemplo, é inclusivo. Se um filho adolescente te disser: “Pai, mãe, vocês não podem se meter na minha vida.” pode-se responder: “Ora temos todo o direito, pois você se meteu na nossa!...”. Nas relações familiares cada um deve ter o seu devido lugar. Isto não é conveniência. É do plano divino: “Deixará o homem seu pai e sua mãe...”. Assim sogro(a), avós devem cumprir seu papel de conselheiros. Isto não é desprezo, mas é dar-lhes o amor que lhes é devido. Cada um respeitando a vocação do outro. Os pais que dizem: “Meus filhos dão muito trabalho, por isso não temos tempo um para o outro.”. Não coloquem a culpa nos filhos. O casal é que tem que organizar o seu tempo e as suas prioridades.
Não se vive a fidelidade celibatária ou matrimonial porque existem leis que as regem, mas porque Deus nos concede um dom. Mas é preciso que nós queríamos com uma vontade firme renovar esta vocação que fortalece e eleva as virtudes humana. Muda sua visão da vida e do outro, vendo-os como dons de Deus.
O matrimônio além de garantir a continuidade da humanidade aumenta o número de filhos der Deus é um meio de santificação.
O sacramento aumenta a graça santificante e envia graças específicas para se viver bem esta vocação, ajudando-as em todas as circunstâncias da vida matrimonial, quando recebido em estado de graça. Daí, mais uma vez a necessidade da adequada formação.
“Onde dois ou três estiverem reunidos...”. O casamento é para ser vivido a três. Nada pode se resolver sozinho. Vejam o exemplo da Igreja, reunida como nos Atos dos Apóstolos. Sobre eles veio o Espírito Santo.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

RETIRO DA PASTORAL FAMILIAR (6)


Continuamos publicando as palestras e meditações de Dom Antônio Augusto no Retiro Arquidiocesano da Pastoral Familiar deste ano de 2011, realizado de 10 a 12 de junho, e que teve como tema: "Como minha família pode ser sal, fermento e luz do mundo?".


4ª meditação
A ação do Espírito Santo na vida pessoal, familiar, social e eclesial

(Dom Antônio Augusto Dias Duarte)


O nascimento da Igreja foi no dia de Pentecostes. Os padres e estudiosos da Igreja concordam que o Calvário foi o momento em que a humanidade foi salva, em que foi concebido o novo povo de Deus Mas o rosto deste povo só foi visto no dia de Pentecostes, quando Pedro e os demais apóstolos, cheios do Espírito Santo, falaram ao povo de todas as raças e nações. Eles então compreenderam que depois da paixão, morte, ressurreição e ascensão de Jesus surgia um novo povo de filhos de Deus redimidos.
E o rosto do Espírito Santo não é outro senão a bondade de Deus. E se este rosto ainda não se mostrava com todos os seus contornos desde o princípio da história da humanidade já podemos ter uma imagem: tudo o quando Deus fizera era bom. Tudo o que Deus faz em seu amor é bom!
Um dia Jesus foi questionado sobre a bondade da criação, sobre a originalidade do matrimônio. Perguntaram se era lícito o homem repudiar sua mulher (cf. Mt 19). E Jesus responde: “No princípio não era assim...”. Deus ao criar o homem e a mulher e aos destiná-los ao matrimonio, concluiu dizendo que tudo isso era muito bom! E a pergunta que o Espírito Santo nos faz hoje, neste dia solene de Pentecostse é esta: “É bom estar casado? É realmente boa a minha união matrimonial?”. Pode parecer uma pergunta supérflua, do contrário não estar casado, você pode pensar... Mas, hoje, o Espírito nos pergunta: “É bom estar casado, ser esposo, esposa, pai, mãe....?”.
Neste trecho do Evangelho de Mateus, vemos que Jesus não discute a lei, o que é lícito, de acordo com o bom senso. Não, Jesus não discute a licitude porque nem tudo o que é lícito é bom. Deus vai ao núcleo da questão: é bom ou não o casamento? Ë bom ou não formar uma família? E o Espírito Santo pede hoje de nós uma resposta sincera e concreta.
Os pecados, o original e os atuais, mancharam, mas não destruíram os sonhos de Deus, não impedem que a bondade de Deus, que o rosto do Espírito Santo, continue se mostrando. Se acreditamos verdadeiramente que Deus é bom e que tudo que sai das mãos de Deus, inclusive o casamento, tem este selo de bondade, temos que tirar conseqüências disso e agir coerentemente diante do que esta verdade exige de nós.
Se creio nisso a primeira conseqüência é cumprir os deveres familiares. Desde que João Paulo II se criou Papa, seus dois grandes movimentos foram com a família e a juventude. Ele partia destes dois princípios embora tenha vivido num mundo muito mal: da II Guerra Mundial, do comunismo... um mundo em que se pisoteava a liberdade e a dignidade humanas. Ele se manteve fiel ao amor e à bondade. Toda a sua família morreu sendo ele ainda muito jovem, mas Deus providenciou remansos de esperança e paz interior. “Onde não há amor, coloques amor e encontrarás amor.”: esta frase de São João da Cruz ressoou em sua alma. Este é o primeiro dever dos esposos, dos pais, das famílias cristãs no mundo. Colocar amor onde não há amor para que Deus faça nascer o amor.
O maior prazer da vida é cumprir o dever de amar e ser amado. Este dever está claríssimo na família trinitária do céu e na família trinitária da terra. Em ambas só imperava uma lei: o amor. E que ama esquece-se de si e só pensa no outro. Da infância de Jesus só conhecemos o nascimento e o episódio de Jesus aos 12 anos. E mesmo nesta última passagem, em meio à angustia da perda do menino, vemos Maria colocando José em primeiro lugar: “Teu pai e eu te procurávamos aflitos?” (cf. Lc 2). E Jesus ensina que também se esquecia de si, para cuidar das coisas de seu Pai – Deus . A família é boa porque eu vou colocar amor, vou colocar o outro na frente... e quem coloca o outro em primeiro lugar, também será colocado em primeiro lugar pelo outro. Quando o marido coloca a mulher na frente, também a mulher fará o mesmo. Pais que amam verdadeiramente os filhos serão por eles amados (mesmo que este amor não seja claro e aparente, como nas crises da adolescência, por exemplo...).
“No princípio não era assim...”. Jesus não fez análises jurídicas ou psicológicas, mas tomou o Amor original como referência. A mentalidade de hoje pode nos levar a pensar:“Se eu colocar o outro em primeiro lugar, onde eu fico? Eu só dou amor e o que recebo?”. Estas são reclamações carregadas de egoísmo, contrárias ao que o Espírito Santo inspirou a São Paulo: “Há mais alegria em dar do que em receber.”. E quem dá com amor, dilata seu coração e tem mais capacidade e receber amor, primeiramente de Deus e depois dos outros.
O dever da fidelidade também é fundamental. Quem ama é fiel em pensamentos e ações. Ser fiel não consiste em simplesmente não trair, mas em fazer tudo o que se deve fazer, manter-se fiel às promessas matrimoniais e familiares. Mesmo o que pode parecer estranho para o mundo é o certo diante de Deus. É bom ser fiel à Deus, à família, à doutrina da Igreja, à Pastoral Familiar. Não tenhamos medo de chocar o mundo. É melhor isso que escandalizar a Deus.
É bom dedicar tempo à família? Quanto tempo dedico de forma personalizada (e não genérica) ao outro: à minha esposa, meu esposo, meus filhos...? diz o Salmo “Se ouvirdes hoje a voz de Deus não endureçais o vosso coração.”. Só temos o hoje para amar, não podemos adiar para amanhã. Quando se constrói uma Igreja, antes que se comecem as celebrações é preciso que seja feita a dedicação do altar. Depois desta cerimônia, o que antes era uma mesa de pedra ou madeira, só pode ser usado como altar. Só o que tem relação com a Eucaristia pode ficar sobre ele. Até as toalhas precisam ser abençoadas. Colocar uma cadeira sobre ele e subir para trocar uma lâmpada é um sacrilégio.
Podemos fazer uma comparação com o matrimônio. Depois do sacramento, depois da dedicação o esposo, à esposa, os filhos são sagrados. Dedicar mais empenho e zelo com o trabalho seria um sacrilégio se colocar em detrimento a família. Quanto tempo espiritual e físico eu dedico à minha família? Os deveres que temos devem ser muito bem ponderados na presença de Deus para que sejam justos. Pais dedicados gerarão filhos dedicados. E um sinal próprio do amor é ser criativo neste sentido, proporcionado aos filhos a vontade de estar em família. Quantos jovens procuram diversão fora de casa, porque o ambiente doméstico não é amoroso nem atraente... É uma forma não só de proteger os filhos de ambientes perniciosos, mas também de ensinar a amar. Quem ama é criativo e pro-criativo.
É bom dedicar-se espiritualmente e fisicamente à família. O que estou renunciando para me doar mais à minha família? Cuidado, pois a rotina é o sepulcro do amor. E como o demônio não tira férias, conhece bem as tendências humanas e é muito criativo ele atuará como aquilo que é: divisor. O amor afetivo e efetivo coloca o outro em primeiro lugar, é fiel, dedicado e criativo. É dever de todos amar. Casamento não para ter os sonhos realizados, nem uma forma de dividir despesas... isso é muito secundário! Eu me casei por que vi aí uma chamada divina para ser o rosto do Espírito Santo que é amor e bondade? Casei-me para isso? O que atrai jovens hoje para ao casamento é ver família santas que estão convencidas de que fizeram o “melhor negócio das suas vidas”! O casamento é um projeto divino e não humano. Os jovens não devem casar só quando tem dinheiro para a festa ou quando tiver carro, apartamento... não! Quando há amor, começa-se como se pode e termina-se como se deve.
É bom que cada um de nós realize hoje este convite de Jesus de voltarmos ao princípio, vendo o essencial. Deus viu, desde o princípio da humanidade, que minha família era algo bom. Devemos sair deste retiro com o propósito de amarmos o mundo a ponto de deixar fluir a bondade de Deus, que é o próprio Espírito Santo. Tenho colocado amor na minha família e no mundo? Tenho sido aristocrata do amor? Pensemos nisso... que resposta daremos aos questionamentos do Espírito Santo em nós?

terça-feira, 21 de junho de 2011

RETIRO DA PASTORAL FAMILIAR (5)

3ª meditação: Família: lugar de paz e serenidade


(Dom Antônio Augusto Dias Duarte)






Se formos perguntar a um casal recém-casado quem bem eles mais desejam para sempre em sua vida matrimonial, eles certamente dirão: o amor. Depois de alguns anos, se fizermos a mesma pergunta, eles provavelmente dirão: a paz. Ora, as pessoas vão mudando o seu modo de ser com o tempo e as situações ruins ocorrem até ara fazer o amor crescer e amadurecer. E as desavenças vêm. A paz continua sendo um bem inestimável, tanto mais necessário quanto mais o temo vai passado. Não é que o amor tenha diminuído. O entusiasmo e a paixão podem ter se tornado mais serenos. O amor continua sendo um bem inestimável, mas também a paz é um dom divino.
Depois da ressurreição, após ter se entregado na cruz por amor, Jesus sempre dizia: “A paz esteja convosco.” Em um mundo em que as pessoas convivem com a falta de paz interior e exterior, as família missionárias precisam ser redutos de paz. E paz que vem da harmonia nas diferenças, que é construída a partir da compreensão, da valorização e da firmeza do amor. Compreender, animar e exigir. Para que haja paz no mundo, a família tem que transbordar a paz e para que a família transborde a paz, cada um de nós tem que transbordar a sua paz interior. Transbordar a paz na consciência para gerar a paz na convivência.
Jesus era cheio de paz. Há uma cena emblemática que começa com uma cena de violência. Está Jo 8: querem saber a opinião de Jesus sobre apedrejar a mulher adúltera. E Jesus abaixa a cabeça e escreve na areia (pena que o vento levou sua escrita..., como gostaríamos de saber o que ele escreveu...). Diante da insistência das pessoas, Jesus responde: “Quem estiver sem pecado, atire a primeira pedra.”. Vejam o aparente paradoxo: quem tem paz na consciência que faça a violência. Ora Jesus sabia que quem tem paz verdadeira, não é capaz de atos violentos. E Jesus conclui: “Nem eu te condeno. Vá e não peques mais.”. Exemplo emblemático de compreensão, valorização e firmeza.

Compreender:
Nunca aprovar e nem ser causa de violência. Especialmente contra os seus, dentro do seu lar. Não ferir o outro. Sermos imitadores de Jesus, respondendo a violência com serenidade. Ter o autodomínio para não responder precipitadamente. Imitar Jesus que se acalmou antes de responder à situação conflituosa que lhe foi apresentada. Quem não gastar com a virtude, gastará mais tarde com remédios... Compreenda o outro. Faça como Jesus: abaixe sua cabeça e escreva no chão...
No episódio do seu julgamento, um dos soldados o esbofeteia e Jesus questiona sua atitude violenta com serenidade. Quando queriam jogá-lo precipício abaixo... mas Jesus, com sua paz, passa em meio aos homens furiosos, abrindo caminho entre eles. Os remédios específicos para os humanos desentendimentos não podem ser puramente psicológicos. Há de ser de ordem moral. E não são outros senão o ato de humildade e o ato de generosidade. “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”, disse Jesus. Quando nos dominamos, as pessoas vão aprendendo a se calar e a serem mansas, humildes, compreensivas. E daí vem a valorização, a animação, o apoio, o estímulo... ingredientes fundamentais para a paz familiar. Portanto, em primeiro lugar silêncio, calma, serenidade... Do contrário, faremos coisas piores do que os que nos ofendem. Primeiro escrever no chão do coração.

Valorizar:
Lembremos do episódio em que dois dos discípulos queriam ter privilégios e envolveram sua mãe: “Quando estabelecer seu reino na terra, coloca os meus filhos um a tua direita e outro à tua esquerda...”. Diante deste mal-estar causado entre os outros, disse Jesus: “Podeis beber do cálice que eu hei de beber?” e eles responderam: “Podemos.”. Mas Jesus deixa bem claro que o lugar que ocuparão só cabem ao Pai escolher. Vemos que mesmo diante dos defeitos, Jesus valoriza os dois jovens.
Para que haja paz familiar é preciso potencializar as capacidades das pessoas, nunca fazer por elas e no lugar delas. Propor desafios na vida, ir contra os climas extremos opostos: ou muito sentimentalista ou muito autoritário. Vejam tudo o que Tiago e João fizeram!
Enxergar na pessoa seus limites, mas também a graça de Deus que habita nela e a pode fazer crescer, criando um sadio complexo de superioridade que a faça dizer: “Eu posso! Eu sou capaz de fazer muitas coisas boas!”. Que grande gesto de amor é este: ajudar as pessoas a terem autoestima, a vencerem os seus limites. Quando prepara-se as pessoas para isto é mais fácil exigir.

Firmeza:
A mulher adúltera sentiu amor na exigência de Jesus: “Vá e não peques mais.”. O mesmo com a mulher samaritana (Jo 4). Primeiro, Jesus valorizou seu serviço: “Dá-me de beber.”. Só depois fez a exigência: “É verdade, não tens marido.”. E ela percebeu que Jesus olhava além do comportamento. E acabou se convertendo e realizando uma grande missão.
Quem ama corrige e ajuda a pessoa a se superar, exige mudança de atitudes. Mas para isso é preciso dar os dois passos prévios do exigir, que são: compreender e valorizar.

Para vivermos estes três passos da paz, o primeiro caminho é a oração. Não só rezar a Deus pelos familiares, mas conversar com Deus sobre os familiares, conhecer por onde Deus está querendo conduzir as pessoas. Nosso erro é querer ajudar as pessoas a serem melhores pelo nosso caminho e não ajudando-as a cumprir os planos de Deus. E para sabermos qual é o jeito de Deus, precisamos levar várias pessoas à oração. O apostolado é transbordamento da vida de oração. Entender as pessoas em Deus é um grande propósito que o amor exige de nós. Cada pessoa é um dom de Deus. Só somos capazes de perceber este tesouro se estivermos muito mergulhados em Deus. Só o conhecimento psicológico, técnico das pessoas não basta. É de Deus que sairão palavras de vida eterna, o bom conselho e o entendimento inspirados pelo Espírito Santo. Isso é o início para que o lar se transforme num remanso de paz.
São Paulo, homem de passado violento, depois de muitos anos, escreveu aos Efésios: “Nenhuma palavra má saia da vossa boca, mas só a que for útil para a edificação, sempre que for possível, e benfazeja aos que ouvem. Não contristeis o Espírito Santo de Deus, com o qual estais selados para o dia da Redenção. Toda amargura, ira, indignação, gritaria e calúnia sejam desterradas do meio de vós, bem como toda malícia. Antes, sede uns com os outros bondosos e compassivos. Perdoai-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou, em Cristo.” (Ef 4, 29-32)
Podemos perguntar para Deus: Que bem inestimável eu preciso cultivar mais em minha família? Que sementes mais precisam germinar? Demos ao Espírito Santo a alegria de promovermos a paz na família e desde a família.