terça-feira, 30 de agosto de 2011

Palestras XIII Congresso Nacional (5)


IDENTIDADE PESSOAL E FAMÍLIA

(Dra. Renate Jost de Moraes)



A partir dos resultados obtidos com a pesquisa da interioridade humana na Abordagem Direta do Inconsciente (ADI) e os valores intrínsecos do ser humano que aí aparecem, é possível remover e prevenir sofrimentos da família e da sociedade.
O mais sério sofrimento da humanidade é a desestruturação familiar, não só por falta de recursos materiais, mas principalmente emocionais, afetivos, relacionais e existenciais. Quantas crianças são geradas sem amor e por isso nunca aprendem o que é amar. São educadas sem segurança, sem limites, tornando-se vítimas fáceis para as drogas, da gravidez precoce, do aborto. Tornam-se adultos fracos, instáveis, tendem a naturalizar os problemas e perpetuam este ciclo vicioso de agressividade, angústia existencial e amoralidade.
A destruição das famílias monogâmicas é uma estratégia política para enfraquecer a sociedade e torná-la mais fácil de se dominar. Esta situação ainda é corroborada pela ciência, que neutraliza a verdade e que considera o homem como ser apenas físico (quando muito psíquico), sem referencial humanístico.
Mas existem movimentos contrários: a Pastoral Familiar é um deles e com ela todos os Movimentos Familiares e iniciativas como a Fazenda Esperança, etc.

ADI
A Abordagem Direta do Inconsciente olha os sintomas, mas procura pela terapia, com a pessoa em alto grau de relaxamento, revelar as raízes dos problemas formulados através de decisões de ser ou fazer: “Sou um problema, sou divido, não devo viver...”. A ADI resgata estas formulações e, por meio, de olhares positivos da situação, reformula estas proposições.
Descobriu-se com esta pesquisa que a fase da gestação é a mais importante da vida humana, pois é quando se estruturam não só o organismo, mas também o psiquismo, a vida relacional e amorosa. O que a criança mais quer no útero materno é a união dos pais e é nesta fase que programa registros positivos ou negativos. Como é importante os casais se acertarem, dialogarem sem discutir, nem brigar... A criança que tem pais que se amam, dificilmente vai dar problemas.
O nascimento reflete a gestação, e o próprio bebê é capaz de influir sobre o seu nascimento, enrolando o cordão umbilical no pescoço, prendendo-se pelos ombros, antecipando ou atrasando o parto ou mudando de posição para dificultar o parto. As pesquisas descobriram que o parto reflete no ser, no pensar e no agir, e que o médico pode falar à criança, para ajudar no parto.
Na fase da infância, a criança é altamente intuitiva, percebe naturalmente o inconsciente e percebe o que há por detrás das palavras e gestos. É capaz de identificar-se com o pai ou a mãe. Necessita continuar vendo seus pais se amando para aprender a amar e para manter-se equilibrada. Os problemas sociais ou escolares têm sua origem na família, especialmente na desunião dos pais.
A adolescência e a juventude, ao contrário do que muitos pensam, não são fases de problemas, mas de transformações. Adolescentes e jovens querem acertar sua vida e mudar o mundo, querem viver o amor autêntico. O sexo precoce e as drogas só aparecem em cena quando não se sabe amar a si e aos outros. Quando não se tem experiências de amor, a única saída possível parece ser fugir de si mesmo. Mas as crises existenciais só aumentam, pois nada disso satisfaz. O que mais precisamos é treinar, exercitar nossa capacidade de amar. Quantos perdem tempo no sexo frívolo, quando o sexo existe para ser complemento no amor legítimo, e não é base do relacionamento.
Na vida conjugal aparece muito a mulher identificada à sua mãe e o marido identificado ao seu pai. Há uma transferência de características e de problemas também, que são passados pelas gerações.
O resultado das pesquisas com mais de cem mil pacientes revela, que no momento da concepção, a criança se vê por inteiro e se enxerga no óvulo e no espermatozóide separados na hora exata da concepção. A pessoa se vê porque já existe numa luz. Os relatos revelam que a pessoa vem de uma luz de amor (alguns chegam a verbalizar que a luz é Deus). É um “eu” noológico, que existe fora do tempo, que habita na eternidade. Na concepção, a pessoa busca um modelo em seus ancestrais, assimilando características positivas ou negativas de sua família.
Desde esse momento, o “eu-pessoal” livre é capaz de decidir. O paciente que se cura neste tipo de terapia volta ao seu eu-original, resgata o bem e decide ficar bom, física e psiquicamente. Na interioridade humana, todas as realidades se encontram numa só verdade.

Aplicando os resultados da Pesquisa à Pratica
Dicas para um casamento realizador:
- abertura para a chegada de um filho;
- alinhamento nas decisões conjugais;
- evitar ou postergar a todo custo qualquer assunto que possa causar tensão na gestação
- cultivar gestos de carinho do casal entre si;
- abertura para qualquer que seja o sexo da criança;
- abertura para a intimidade social;
- falar bem do outro;
- querer o bem do outro;
- focar no positivo para esquecer o negativo;
- criar um ambiente acolhedor em casa;
- dialogar: o que eu faço que te desagrada?
- querer que dê certo, mais do que querer ter razão

Como orientar os filhos:
- dosar firmeza com amor;
- falar sobre a existência de sofismas;
- exercitar a escuta interior;
- ser coerente e ter bom senso;
- conduzir à humanização e à integração social;
- quebrar os desvios de comportamento;
- aproveitar o sono da criança para falar ao seu ouvido mensagens positivas;
- abrir-se à prática da espiritualidade.

Se todos os problemas do mundo fossem resumidos em um só seriam o “desamor”. Com a aprendizagem do amor cortaremos os males sociais pela raiz. Humanizar, harmonizar e socializar o mundo dos nossos filhos. O referencial do amor lhes dá segurança para optarem pelo que é melhor para eles e para o bem comum. Com pessoas mais equilibradas, equilibraremos as famílias e a sociedade. São coisas simples que fazem muita diferença em meio à escuridão do mal.
A solução para os problemas sociais não é criar mais prisões, nem clínicas para adolescentes grávidas, mas trabalhar a família e, mais especificamente, os problemas psicológicos dos casais. Vivenciar o amor é querer acertar.

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