sexta-feira, 25 de outubro de 2013

CONGRESSO DA PASTORAL FAMILIAR (2)

Trazemos agora aos amigos internautas, a segunda palestra do Congresso 2013, com o Padre Antônio José, pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, Rainha de Todos os Santos, no Vicariato Norte.




Pistas para fazer uma Revolução (Pe. Antonio José)
O Papa Francisco, no sábado, na vigília do jovens, usou a seguinte expressão: É preciso que vocês vão para o ataque! Isto me faz lembrar um time de futebol que pode ter dois tipos de postura: ou fica na defensiva ou avança para o gol. O papa “deu o toque no meio de campo” e jogou a bola para os nosso pés, e agora é nossa tarefa irmos adiante. Agora a bola é nossa.
Ninguém faz uma revolução só com bons propósitos, é precisos persistência, perseverança e compromisso. É preciso além dos bons desejos muito envolvimento. Nada de brigas, mas constância e persuasão de amor, uma insistência no próprio compromisso com Deus.
Na homilia do Santo Padre na Missa de envio da Jornada Mundial da Juventude Rio 2013 lemos:
“Venerados e amados Irmãos no episcopado e no sacerdócio,
Queridos jovens!
«Ide e fazei discípulos entre todas as nações». Com estas palavras, Jesus se dirige a cada um de vocês, dizendo: «Foi bom participar nesta Jornada Mundial da Juventude, vivenciar a fé junto com jovens vindos dos quatro cantos da terra, mas agora você deve ir e transmitir esta experiência aos demais». Jesus lhe chama a ser um discípulo em missão! Hoje, à luz da Palavra de Deus que acabamos de ouvir, o que nos diz o Senhor? Três palavras: Ide, sem medo, para servir.”
Ide - sem medo - para servir. Nossa tarefa é sermos o binômio do cristão: sermos discípulos missionários. Só assim se vivem estas três palavras. Que dicas elas nos dão! E o papa continua em sua homilia:
“Ide. Durante estes dias, aqui no Rio, vocês puderam fazer a bela experiência de encontrar Jesus e de encontrá-lo juntos, sentindo a alegria da fé. Mas a experiência deste encontro não pode ficar trancafiada na vida de vocês ou no pequeno grupo da paróquia, do movimento, da comunidade de vocês. Seria como cortar o oxigênio a uma chama que arde. A fé é uma chama que se faz tanto mais viva quanto mais é partilhada, transmitida, para que todos possam conhecer, amar e professar que Jesus Cristo é o Senhor da vida e da história (cf. Rm 10,9).”
O papa repete o mandato de Jesus antes de voltar para o Pai em sua ascensão. Assim medimos o valor nas ultimas palavras do Senhor: “Ide por todo mundo anuncia o evangelhos a toda criatura... eu estarei com vocês até o fim dos tempos.” Muitas coisas são importantes mas se há algo que Jesus espera de nós é que conjuguemos o verbo IDE, da família do “mexa-se, anda, acorda, não fique parado, mova-se!”. Nos preocupamos com tantos detalhes e nos perdemos no principal. Jesus espera isso de mim e de você. Espera que vamos ao encontro daqueles que ainda não o conhecem. E esse movimento deve começar na nossa casa. Muitas coisas aprendi com meus pais não porque eles disseram, mas porque faziam. Meu pai nunca me disse para ter responsabilidade com os trabalhos era algo importante, porque eu via isso com ele, cumprindo seus compromissos. Vi o quanto eles eram ativos para gravarem a fé em nossos corações, eu via minha mãe rezando e assim eu aprendi a importância de rezar. Minha catequista teve muito pouco trabalho, pois as coisas da fé eu aprendi quase tudo em casa... Esse “ide”, deve começar na família da gente, ensinado as pessoas a serem homens e mulheres de Deus. Ide a outras famílias próximas que não terão talvez outra oportunidade de evangelização. Você tem ido às pessoas ou espera só por quem vem até você? Evangelização tem que se pra gente um estilo de vida, temos que aproveita todas as oportunidades! É uma pena quando os cristãos são seres invisíveis e sua presença não é notada a não se RNA Igreja. Há uma expressão que Jesus usa para explicar quem ele é e quem nós devemos ser: LUZ DO MUNDO. Aos olhos do Nosso Senhor, nós somos essa luz que deve brilhar no mundo. Você é luz do mundo onde Deus te acendeu: na sua família, no seu prédio, na sua comunidade, no seu ambiente de trabalho...
     Nós somos o corpo de Cristo aqui na terra. Qual é a diferença entre o corpo vivo e o corpo morto. O corpo morto não se mexe. O corpo vivo se mexe é dinâmico e saudável. Não sei como vai ser o dia em que o Senhor nos chamar para junto dele, mas duas coisas devem estar no alto da lista: “O que fez você com o seu tempo que poderia ser utilizado para oração? Você obedeceu ao meu ide”?. O mais é secundário, não podemos deixar que eles tomem o lugar do que é primordial. Ide.
“Mas, atenção! Jesus não disse: se vocês quiserem, se tiverem tempo, mas: «Ide e fazei discípulos entre todas as nações». Partilhar a experiência da fé, testemunhar a fé, anunciar o Evangelho é o mandato que o Senhor confia a toda a Igreja, também a você. É uma ordem sim; mas não nasce da vontade de domínio ou de poder, nasce da força do amor, do fato que Jesus foi quem veio primeiro para junto de nós e nos deu não somente um pouco de Si, mas se deu por inteiro, deu a sua vida para nos salvar e mostrar o amor e a misericórdia de Deus. Jesus não nos trata como escravos, mas como homens livres, amigos, como irmãos; e não somente nos envia, mas nos acompanha, está sempre junto de nós nesta missão de amor.”
Penúltima frase: não somos escravos, mas amigos. Na obra de Deus o Senhor não conta com escravos, mas com amigos. É com amigos que ele divide das duas grandes paixões do seu coração: a vontade do Pai, e nós. Por essas duas paixões ele deu tudo e se deu por inteiro. O verdadeiro evangelizador é amigo de Jesus e não um funcionário que tem um tempo para cumprir dentro da Igreja, mas ao contrário, a todo tempo persegue as oportunidades para evangelizar. Nossas palavras nos traem: Dizemos: “Vou trabalhar na Igreja.”. Não! A obra de Deus não é um trabalho, que tem contrato, hora de chegada, de saída, metas, férias... Se faz em todo tempo e em todo lugar. Temos que tomar cuidado para não colocarmos na nossa cabeça que a obra de Deus é só o que fazemos dentro da Igreja. Isso é só uma parte.
     Deixo mais uma reflexão: qual foi a última vez que você falou intencionalmente de Jesus fora da Igreja? Ide! Só vai quem tem o coração em chamas.A luz não pode passar despercebida. Você não trabalha como agente de Pastoral Familiar, você é cristão! Por isso, Jesus Cristo espera que você responda a esse Ide com gente naufragando, indo pro inferno ao nosso lado e somos cristãos invisíveis e acomodados e não fazemos nada.
Mas anunciar o Evangelho é muito difícil, eu tenho que estar preparado, fazer um curso. Não! Evangelizar se aprende evangelizando. Evangelho significa “boa notícia”. Num mundo onde só se ouvem más notícias todos vão querer ouvir a boa notícia que eu tenho ara dar. Notícia ruim ou mentira é que precisa de enrolação. E a notícia é muito simples: você vai dar o s primeiros passos. A vida cristã Jesus comparou com uma porta e um caminho. Ambos estreitos. Uma porta você atravessa com um passo. Isso é a evangelização. Depois a pessoa vai trilhar este caminho com seus próprios passos. Um resumo está em Jo 3, 16-17 “De tal modo Deus amou o mundo para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque o Filho do Homem não veio para julgar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele.”.
Tem gente que acha que Deus é só pros outros. Lembremos por exemplo a incredulidade de Zacarias, que estava cercado de tudo que era mais sagrado e mesmo assim achava que não era para ele...
Deus deu para nós o que tinha de melhor. Como não se sentir amado? Deus só espera que confiemos nele, para depois irmos caminhando. Cristianismo não é moralismo. Nós somos muito amados por este Pai que tem sonhos belíssimos para nós. Só nos cabe andar com ele. Há pessoas que só vãos conseguir mudar se se sentirem amadas, se puderem confiar de novo em alguém. Quem crê em Jesus, não estraga, não azeda. Você não vai dividir esta Verdade com o outros?
Nossa tarefa não é condenar o mundo, nossa tarefa é dizer para este mundo de más notícias que ainda vale a pena viver. Divida com outros essa beleza. 
“Para onde Jesus nos manda? Não há fronteiras, não há limites: envia-nos para todas as pessoas. O Evangelho é para todos, e não apenas para alguns. Não é apenas para aqueles que parecem a nós mais próximos, mais abertos, mais acolhedores. É para todas as pessoas. Não tenham medo de ir e levar Cristo para todos os ambientes, até as periferias existenciais, incluindo quem parece mais distante, mais indiferente. O Senhor procura a todos, quer que todos sintam o calor da sua misericórdia e do seu amor.”
Jesus diz ide por TODO mundo e anuncia o Evangelho a TODA criatura. Algumas pessoas dizem que “Aqui, isso não funciona. As pessoas aqui não querem, aqui em Copacabana não dá, na Piedade isso não funciona...”. Todo mundo é TODO mundo, a TODA criatura é a TODA pessoa. Nossa tarefa é anunciar não é fazer acontecer. Esta parte cabe ao Espírito Santo. O Evangelho não funciona se não for anunciado. Um remédio no vidro não funciona: só se for tomado. O Evangelho funciona: ah, mas no Rio de Janeiro não funciona. O Rio de Janeiro não é mais difícil que outros lugares. O problema pode ser que as pessoas do Rio de Janeiro não vão...
Todos nós vivemos em periferias existenciais. Quantas pessoas estão perdidas dentro delas mesmas pois estão arrebentadas por dentro. Não conseguem ter uma vida equilibrada e saudável. Será que Deus colocou você perto destas pessoas por acaso? Se você pedir a Deus para ver o que Ele vê, talvez ele visse um campo com muitos frutos já maduros que precisam de ceifadores, do contrário, apodrecerão. Ou talvez mostre você dentro de um barco seguro e as pessoas se afogando a sua volta, esperando que você as estenda a mão. Sai de si mesmo, olhe ao seu redor, note quem está ao seu lado. Comece exercitando-se na sua família. Nesse treino de perceber o outro, como eu tenho me saído ultimamente? Há muita gente machucada por fora e por dentro que precisa que eu note e faça algo.
“De forma especial, queria que este mandato de Cristo -”Ide” – ressoasse em vocês, jovens da Igreja na América Latina, comprometidos com a Missão Continental promovida pelos Bispos. O Brasil, a América Latina, o mundo precisa de Cristo! Paulo exclama: «Ai de mim se eu não pregar o evangelho!» (1Co 9,16). Este Continente recebeu o anúncio do Evangelho, que marcou o seu caminho e produziu muito fruto. Agora este anúncio é confiado também a vocês, para que ressoe com uma força renovada. A Igreja precisa de vocês, do entusiasmo, da criatividade e da alegria que lhes caracterizam! Um grande apóstolo do Brasil, o Bem-aventurado José de Anchieta, partiu em missão quando tinha apenas dezenove anos! Sabem qual é o melhor instrumento para evangelizar os jovens? Outro jovem! Este é o caminho a ser percorrido!”
O mundo precisa de Jesus Cristo, ele é indispensável. Nós temos o que o mundo precisa, mas será que acreditamos no valor daquilo que nós temos? Trabalho na PUC e vejo como é difícil para os alunos católicos terem uma presença mais incisiva. Parece que só falta eles falarem: “Desculpe, sou católico...”. Não precisamos ser católicos esquisitos, nem complexados.
“Sem medo. Alguém poderia pensar: «Eu não tenho nenhuma preparação especial, como é que posso ir e anunciar o Evangelho»? Querido amigo, esse seu temor não é muito diferente do sentimento que teve Jeremias, um jovem como vocês, quando foi chamado por Deus para ser profeta. Acabamos de escutar as suas palavras: «Ah! Senhor Deus, eu não sei falar, sou muito novo». Deus responde a vocês com as mesmas palavras dirigidas a Jeremias: «Não tenhas medo… pois estou contigo para defender-te» (Jr 1,8). Deus está conosco!
«Não tenham medo!» Quando vamos anunciar Cristo, Ele mesmo vai à nossa frente e nos guia. Ao enviar os seus discípulos em missão, Jesus prometeu: «Eu estou com vocês todos os dias» (Mt 28,20). E isto é verdade também para nós! Jesus não nos deixa sozinhos, nunca lhes deixa sozinhos! Sempre acompanha a vocês!
Além disso, Jesus não disse: «Vai», mas «Ide»: somos enviados em grupo. Queridos jovens, sintam a companhia de toda a Igreja e também a comunhão dos Santos nesta missão. Quando enfrentamos juntos os desafios, então somos fortes, descobrimos recursos que não sabíamos que tínhamos. Jesus não chamou os Apóstolos para viver isolados, chamou-lhes para que formassem um grupo, uma comunidade. Queria dar uma palavra também a vocês, queridos sacerdotes, que concelebram comigo esta Eucaristia: vocês vieram acompanhando os seus jovens, e é uma coisa bela partilhar esta experiência de fé! Mas esta é uma etapa do caminho. Continuem acompanhando os jovens com generosidade e alegria, ajudem-lhes a se comprometer ativamente na Igreja; que eles nunca se sintam sozinhos!”
Ide, sem medo. Sem medo! Existe um homem muito precioso para a Igreja que está em processo de beatificação. Ele é bispo da Igreja no Vietnã e por isso era subversivo. Ele foi preso e levado a um campo de reeducação para se tornar comunista. Ele não pode levar nenhum distintivo que o identificasse como religioso. Ele foi considerado de alta periculosidade porque convertia a todos a sua volta. Confie mais na graça de Deus do que nos seus defeitos, porque eles não são empecilhos para Deus. O maior recurso que temos para evangelizar está dentro de nós. Os outros meios só amplificam, mas o conteúdo é o principal. É isso que chega ao coração das pessoas. O que Deus tem feito nas nossas vidas: isso é o que temos de principal.
“A última palavra: para servir. No início do salmo proclamado, escutamos estas palavras: «Cantai ao Senhor Deus um canto novo» (Sl 95, 1). Qual é este canto novo? Não são palavras, nem uma melodia, mas é o canto da nossa vida, é deixar que a nossa vida se identifique com a vida de Jesus, é ter os seus sentimentos, os seus pensamentos, as suas ações. E a vida de Jesus é uma vida para os demais. É uma vida de serviço.” 
Imperativo, segunda pessoa, plural, Ide. Na obra da Evangelização nunca trabalhamos sozinhos. A Igreja não é lugar para fazermos carreira solo, somos um orquestra e precisamos uns dos outros. Por isso, existe a Pastoral Familiar, famílias evangelizando famílias. Somos uma comunidade. São Paulo diz: a Igreja é a família de Deus. A Igreja é o lugar onde juntos temos um relacionamento com Deus. O mais importante da pastoral não é trabalho, nem agenda, mas nossos relacionamentos. Jesus deu a vida por gente, a Igreja é gente. Do contrário vamos vivendo de evento em evento e gastarmos o nosso fôlego entre um evento e outro. Uma família deve ter momentos de festa mas nenhuma família vive de festa. Vive de cultivar a intimidade no dia-a-dia. Não adianta só fazer eventos. Podemos ter mil meios, mas eles não substituem as tecnologias. Trabalhamos juntos, mas a vida não se faz de eventos, mas de relacionamentos cuidados, construídos no dia-a-dia. É muito mais fácil construirmos eventos, porque eles tem data fixa, acabas e nos dão a sensação de que fizemos alguma coisa... Relacionamentos dão muito mais trabalho porque são constantes, não têm data para acabar, e às vezes parecem tempo perdido. Mas não são. No final, é o que se colhe nos relacionamentos, isso é o que fica.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu pude graças à Deus participar desse momento tão rico. Sábias palavras do Padre Antonio José.