quinta-feira, 24 de outubro de 2013

CONGRESSO DA PASTORAL FAMILIAR



Transcrevemos a ABERTURA do Congresso Pastoral Familiar 2013, proferida por DOM ANTONIO Augusto Dias Duarte.

Começo relembrando 3 citações do papa Francisco que deveríamos grifar, dentre tantas outras também importantes:
1)      No discurso aos voluntários, o Papa Francisco disse:
“Deus chama para escolhas definitivas, Ele tem um projeto para cada um: descobri-lo, responder à própria vocação significa caminhar na direção da realização jubilosa de si mesmo. A todos Deus nos chama à santidade, a viver a sua vida, mas tem um caminho para cada um.
Alguns são chamados a se santificar constituindo uma família através do sacramento do Matrimônio. Há quem diga que hoje o casamento está “fora de moda”; está fora de moda? na cultura do provisório, do relativo, muitos pregam que o importante é “curtir” o momento, que não vale a pena comprometer-se por toda a vida, fazer escolhas definitivas, “para sempre”, uma vez que não se sabe o que reserva o amanhã.
Em vista disso eu peço que vocês sejam revolucionários, que vão contra a corrente; sim, nisto peço que se rebelem: que se rebelem contra esta cultura do provisório que, no fundo, crê que vocês não são capazes de assumir responsabilidades, que não são capazes de amar de verdade. Eu tenho confiança em vocês, jovens, e rezo por vocês. Tenham a coragem de “ir contra a corrente”. Tenham a coragem de ser felizes!”
 
2)      Em Copacabana, afirmou:
“Vejam, queridos amigos, a fé realiza na nossa vida uma revolução que podíamos chamar copernicana, porque nos tira do centro e o restitui a Deus; a fé nos imerge no seu amor que nos dá segurança, força, esperança. Aparentemente não muda nada, mas, no mais íntimo de nós mesmos, tudo muda. No nosso coração, habita a paz, a mansidão, a ternura, a coragem, a serenidade e a alegria, que são os frutos do Espírito Santo (cf. Gl 5, 22) e a nossa existência se transforma, o nosso modo de pensar e agir se renova, torna-se o modo de pensar e de agir de Jesus, de Deus.”
 
3)      E no discurso aos bispos no Sumaré, falou novamente o Papa:
 
“Em Aparecida, verificam-se de forma relevante duas categorias pastorais, que surgem da própria originalidade do Evangelho e nos podem também servir de orientação para avaliar o modo como vivemos eclesialmente o discipulado missionário: a proximidade e o encontro. Nenhuma das duas é nova, antes configuram a maneira como Deus se revelou na história. É o “Deus próximo” do seu povo, proximidade que chega ao máximo quando Ele encarna. É o Deus que sai ao encontro do seu povo. Na América Latina e no Caribe, existem pastorais “distantes”, pastorais disciplinares que privilegiam os princípios, as condutas, os procedimentos organizacionais... obviamente sem proximidade, sem ternura, nem carinho.
Ignora-se a “revolução da ternura”, que provocou a encarnação do Verbo. Há pastorais posicionadas com tal dose de distância que são incapazes de conseguir o encontro: encontro com Jesus Cristo, encontro com os irmãos. Este tipo de pastoral pode, no máximo, prometer uma dimensão de proselitismo, mas nunca chegam a conseguir inserção nem pertença eclesial. A proximidade cria comunhão e pertença, dá lugar ao encontro. A proximidade toma forma de diálogo e cria uma cultura do encontro.”
 
Reassando os discursos do papa linha por linha, veremos com que força ele usa as palavras revolução ou rebelião. Diz-se que por onde a JMJ passou a cidade jamais foi a mesma: gerou uma revolução. Por isso, escolhemos este tema para o nosso Congresso deste ano.
Diante desta palavras, cabem-nos duas posturas
- Concordar e cruzar os braços ou
- Propor-nos de verdade a fazermos esta revolução própria da fé, Uma revolução que nos faz caminhar contra a corrente. Mas para tal, precisamos ser homens e mulheres rebeldes. Deus nos pede isso, que vivamos esta revolução. A fé autêntica [e revolucionário, vira uma pessoa pelo avesso, muda um estilo pastoral. Quando a Palavra de Deus e as palavras do papa são só palavras, não causam nenhuma revolução. Mas se enfrentamos os desafios divinos, fazemos uma revolução. O Cristianismo é uma religião que nos desafia. Nos desafia à santidade, a mudar o mundo, a perdoar sempre, a viver a castidade, a honestidade, etc.
O Papa não disse apenas palavras. Como o Francisco de Assis, nos mostra como temos que revolucionar as pastorais, a nossa paróquia, a nossa arquidiocese. Mas precisamos crescer em rebeldia. A rebeldia não é uma atitude negativa, nem violenta, nem contestadora. Não precisamos ser pessoas que causem confusão. Ser rebelde é não ficar satisfeito enquanto não se vive a verdadeira Verdade.
Me marcou uma citação de um pensador contemporâneo que pensa como esta caminhando o mundo. Fala de uma pessoa acomodada e de fé atrofiada:
“O ser humano prefere, por razões de conveniência, errar junto com a massa do que ter razão contra ela.” Essa é uma tendência que o pecado original deixou em nós, dando-nos conformismo.
Num mundo em que se valoriza tanto o individualismo e o politicamente correto, onde esse dá tanto espaço para pessoas que estão eletronicamente dirigidas (como robôs “Maria-vai-com-as-outras). Se me diferenciar corro o risco de ser discriminado e excluído. Num mundo assim que é especialmente manipulado, diante deste mundo é que a pessoa rebelde não se conforma. Diante da manipulação parcial para que as pessoas não cheguem a formação integral. O “tudo” não é nunca mostrado ou dito. Ex. Ninguém diz tudo o que está por trás destas manifestações que vemos desde junho... Não são ditas todas as verdades, todos os valores, todas as informações “nuas e cruas”. Um mundo manipulado leva as pessoas a irem com a massa e não tomarem decisões rebeldes. Quando não se tem formação, não se pensa. Hoje colhemos os frutos podres da manipulação que começou na década de 70.
Neste mundo o papa nos diz que é urgente a rebeldia revolucionária. Em dois pontos podemos nos concentrar:
  1. Tem que haver rebeldia da família. As nossas famílias têm que ser rebeldes
  2.  E as famílias que estão na Pastoral Familiar devem fazer uma revolução dentro de suas próprias famílias e da sua pastoral.
 
Ponto 1
Na palestra: “A Luta pela Família Já Começou” (pronunciada por Franz Keningnen muito amigo de João Paulo II, ele disse que é na família onde o ser humano aprende a dar-se. Vive o respeito e o carinho. O amor é incapaz de sobreviver se não é alimentado na família.Não venha me falar de amor aos pobre, aos diferentes, ã pátria, se o amor não é alimentado na família... não podemos deixar que a família se apodreça e seja extinta. É preciso entrar nesta luta pela família, se preciso sacrificar-se, para que o amor não morra. Quando os bens materiais se tornam mais importantes do que a família, não se pode surpreender com uma crise.
Notamos a pouca consideração tanto na política como na educação e também na reforma das leis com a família. No nossos tempo as pessoas estão experimentando o que é um mundo sem Deus e sem amor.
A rebeldia não é uma mera atitude de critica ou de se do contra, mas um sadio anticonformismo. Não posso me conformar que minha família entre em realidade s que não são do projeto de Deus. Não adiante ficar sentado no sofá sentado olhando a TV e dizendo: Como o mundo está mal, como estes programas são horríveis, como o mundo está egoísta... Isso de nada adianta se, na minha casa, as pessoas tem espaço para aquilo que não vai ser uma fonte de amor de respeito, de doação ou de partilha. Pior do que não saber o que quer é não querer. O rebelde sabe que quer para sua família um ambiente ético e por isso não deixa entrar certos ventos que trazem contra-valores para sua família.
Por exemplo, um valor familiar cotidiano – a responsabilidade – que nos leva a assumir a família com algo próprio. Como vemos hoje as pessoas irresponsáveis na palavra dada... É um absurdo um filho sair de casa e o pai e a mãe não sabem onde ele estava. Não podemos nos conformar com isso. Numa família de verdade, tudo é de todos. E todos são importantes. Os pais vão se conformando que os filhos são bagunceiros, a esposa vai se conformando que o seu marido só gosta de ficar no computador, o marido se conforma que a mulher sempre estoura o cartão de crédito... vamos nos conformando e a família vai se afastando cada vez mais de ser um projeto de Deus.
Outro exemplo: a liberdade – palavra muito manipulada hoje em dia. Somos chamados a viver um amor autêntico e ordenado. Não posso me conformar que pessoas da minha família se dediquem no amor ao próximo de forma tão disponível que não tenham cinco minutos de amor para estar ao lado de um irmão, irmã, avô, avó... Nossa vocação é a família. Ela deve vir em primeiro lugar. Não podemos nos conformar dizendo: “Não tem mais jeito...”.
Não podemos nos conformar com programas de televisão. Não podemos ceder naquilo que não e nosso mas é de Deus: a família não é nossa, é projeto de Deus. Podemos dar retoques na decoração, mas jamais na viga mestra desta estrutura. Do contrário, apodrecerá e morrerá. Não podemos ceder naquilo que não é nosso. Assim como o sacerdote não pode ceder naquilo que não é dele, como por exemplo a doutrina.
 
 
Ponto 2
Precisamos ser revolucionários na família. O que quer dizer isso? De forma concreta, fazer com que cada pessoa da família saiba dizer “sim” ao que é importante e dizer não ao que é secundário. A revolução acontece quando cada um sabe buscar o que é o melhor para todos.
Precisamos dizer “não”, às vezes, a coisas importantes para dizer “sim” a coisas essenciais. Por exemplo, é importante descansar, mas é mais importante atender uma pessoa que me telefona às 10h da noite precisando de uma palavra de consolo.
Outra forma de causar uma revolução na família é sermos criativos. A família hoje em dia precisa ser muito criativa porque o mundo é muito sugestivo, sugere mil programas para as pessoas. Por exemplo, o programa da sexta-feira à tarde, do chopinho na mesinha do bar: parece um mandamento na sociedade de hoje. Por quê? Porque um colega sugere, e não há nada mais criativo para se fazer. Enquanto isso, a família espera em casa... Falta criatividade para promover festas dos filhos com os amigos dos filhos em ambientes sadios. Do contrário, eles vão para as discotecas ou raves.
Duas palavras importantíssimas para vivermos esta rebeldia na família e tornarmos isso uma forma de ser familiar. Primeiro precisamos de valentia. Não podemos aceitar passivamente que só porque todos façam assim devemos nos conformar com isso. Dizem que “Deus criou o mundo, mas o alugou para os valentes.” , mas vemos hoje que quem está tomando conta dele são os medíocres, que o sub-locam por R$1,99, oferecendo coisas de pouquíssimo valor.
E o outro ponto é a audácia. Uma família revolucionaria consegue criar esta onda.
Perguntas:
1-      Até que ponto estou insatisfeito com tanto consumismo, hedonismo, materialismo e permissivismo que afetam minha família?
2-      Compreendo que sé me revoltando de modo sadio posso defender minha família deste coletivismo social (todo mundo faz assim...)?
3-      Em que aspectos da minha família é mais urgente s rebeldia e a revolução?
4-      Quais são as principais limitações artificiais que eu imponho a mim mesmo e a minha família? (ex. “Não consigo fazer com que meus filhos arrumem sua cama, não consigo desligar a televisão na hora em que todos estamos jantando...”)
5-      Onde, na minha família, se está perdendo o sentido da vida familiar?
 

 



 

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