domingo, 28 de agosto de 2011

Palestras XIII Congresso Nacional (4)


ECOLOGIA HUMANA
(Dom Petrini)


Introdução:
“A primeira ecologia a ser defendida é a ecologia humana”, disse Bento XVI pela abertura da Campanha da Fraternidade deste ano de 2011 e acrescentou que podemos incluir entre os “gemidos da criação” os que são provocados ao próprio homem, pelo egoísmo humano
A primeira destruição irracional do ambiente natural que é mais grave é a destruição do ser humano e a primeira estrutura em favor da ecologia humana é a família, disse João Paulo II na Centesimus Annus, pois é na família que, através do amor, da verdade e do bem, se aprende a ser pessoa. Isso só acontece em plenitude, diz o Papa, na família fundada sobre a rocha firme do matrimônio.
Não temos apenas que defender a terra, a água e o ar, mas, sobretudo, proteger o homem da destruição de si mesmo, diz Bento XVI na Caritas in Veritatem. Essa destruição não é só física, mas atinge ainda sua humanidade, aquilo que é lhe mais característico da sua condição humana: o problema decisivo é a solidez moral da sociedade em geral. Sem isso, de que adiantam as penalidades para empresas poluidoras ou incentivos fiscais para as empresas verdes?! Se não é respeitado o direito à morte natural, se se torna artificial a concepção e a gestação, se são sacrificados embriões nas pesquisas científicas de que adianta lutarmos por leis na ecologia do meio ambiente?!
O debate cultural que se trava faz com que a Igreja tenha que dar as razões e os signficados para revelar o significado da pessoa mesma, da convivência, da beleza do matrimônio e da família. É preciso voltar às origens: “A cada um nos toca recomeçar em Jesus Cristo.” (Novo Milenio Ineunte, 28). Não basta repetir as doutrinas, relembrar os papéis familiares... é preciso testemunhar essa beleza da vida em família, como fonte de plena realização do ser humano. É preciso gerar fascínio e atração das novas gerações para o matrimônio. Foi assim com a multidão que seguia Jesus...

Ecologia: uma casa para o homem
Ecologia vem do grego e significa o estudo da casa. É o estudo que se preocupa em garantir uma morada que bem acolha o ser humano, levando em conta todos os fatores contextuais.
Como estudo, interessou-se nas condições para garantir o equilíbrio da natureza física e animal, mas algumas mentes mais iluminadas estão mostrando sua preocupação com o futuro do ser humano e da sua convivência na sociedade.
O ser humano tem considerado sua autonomia, com escolhas determinadas por suas preferências subjetivas, alegando poder sobre a vida e sobre a morte, ignorando sua natureza de criatura. Trata-se de uma mentalidade, hoje, difusa, que começou formalmente com as ideologias marxistas. O homem tem a ilusão de poder criar-se a si mesmo pelo seu trabalho.
Um grupo de estudiosos ateus, de origem hebraica, nos anos de 193/40, formaram a Escola de Frankfurt. Dois deles Adorno e Dorkheimer, migraram para os EUA e foram críticos da razão como colocada no Iluminismo. Denunciaram a razão como sendo usada para o lucro de poucos e não para trazer o bem humano e o bem comum.
O debate ecológico é um dos debates da “razão instrumental”, que não hesitou em poluir, destruir, envenenar, destruir, dizimar, para obter lucros ingerentes e rápidos, sem preocupar-se com o que as futuras gerações iriam encontrar. Destruição que começa largamente junto com a revolução industrial. Demoramos 200 anos antes de compreender que é preciso impor limites a certos avanços tecnológicos. Já há legislações neste sentido, mas muito mais ainda que se avançar. Será que devemos levar outros duzentos anos para tratar também da ecologia humana?!
Os interesses econômicos que, às vezes, prevalecem sobre os valores da natureza também tem prevalecido sobre a genética humana. O primeiro passo para pensar uma ecologia humana é retornar ao desígnio de Deus sobre o matrimônio e a família. Diz a Gaudium et Spes (24) que o homem só se encontra no dom de sim ao outro. Vivemos numa cultura em que são valorizados os “gladiadores”, os “vampiros”, os “predadores” que estraçalham a vida dos outros para poderem viver. A quem temos ensinado nossos filhos a valorizar: o “predador” ou o bom samaritano?
Esta mentalidade hostil ao bem é pior do que a poluição das grandes cidades que atinge a todos os que lá moram. Os desvios morais vêm atingindo a todos e são absorvidos até pelas “boas famílias”... Mesmo sem querer acabamos participando disso. Por isso, é preciso ter como filtro o Evangelho. As famílias precisam ser bem formadas.

Fatores que desequilibram a ecologia humana:
Desde Adão e Eva, havia o tripé sobre o qual se apóia o matrimônio e a família: amor – sexualidade – procriação. E assim o foi até poucas décadas atrás. A sexualidade deveria expressar o amor e estar aberta à vida. Agora é encarado como “normal” o desvirtuamento de sexo sem amor, procriação sem sexo, procriação sem amor, sexo sem procriação... Os vínculos afetivos entre homem e mulher foram profundamente abalados e consequentemente o sentido da vida do próprio ser humano, da família e, em última análise, da sociedade. Esta mentalidade não concorre para o bem do ser humano. A cultura de massa especializou-se em oferecer a banalidade e a vulgaridade e daí decorre a violência.
O que caracteriza a família é a cooperação entre os sexos que gera a comunhão.




Quando falamos de ecologia humana nos referimos à teia de relações que favorecem o pleno desenvolvimento do ser humano. Isto inclui a família, toda a cultura, escola, lazer, etc... tudo que influencia a realização autêntica do ser humano.
“...a essência e os deveres da família são, em última análise, definidos pelo amor. Por isto é-lhe confiada a missão de guardar, revelar e comunicar o amor, qual reflexo vivo e participação real do amor de Deus pela humanidade e do amor de Cristo pela Igreja, sua esposa.” (Familiaris Consortio, 17)
Mostrar Jesus para que no seu exemplo os jovens e as famílias tenham um ponto de referência para saber a amar. “Gosto; quero para mim!” – é a mentalidade do mundo. Mas a mentalidade cristã é “Gosto, então quero entregar minha vida!”. Onde se aprende a viver o amor nesta qualidade superior?? A família cristã tem esta tarefa, de mostrar a beleza do amor verdadeiro, que corresponde mais à ecologia humana.

Pastoral Familiar Intensa e Vigorosa:
O que devemos então fazer na Pastoral Familiar?
Na dimensão eclesial:
- Criar grupos de vida fraterna de famílias, com momentos de conversa, partilha, espiritualidade, troca de experiências... Buscar especialmente as famílias afastadas, tendo uma postura missionária
- Presença transversal em outras pastorais
- Semana da Família
- Semana da Vida

Na dimensão social:
- Associação de famílias para ganhar visibilidade social
- Dia municipal da família
- Peregrinação Nacional das Famílias à Aparecida

Na dimensão formativa:
- Cursos do INAPF
- Escolas de Famílias
- Seminários, congressos
- subsídios

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