Transcrevemos a ABERTURA do Congresso Pastoral Familiar 2013, proferida por DOM ANTONIO Augusto Dias Duarte.
Começo relembrando 3 citações do papa Francisco que deveríamos grifar, dentre
tantas outras também importantes:
1)
No discurso aos voluntários, o Papa Francisco disse:
“Deus chama para escolhas
definitivas, Ele tem um projeto para cada um: descobri-lo, responder à própria
vocação significa caminhar na direção da realização jubilosa de si mesmo. A
todos Deus nos chama à santidade, a viver a sua vida, mas tem um caminho para
cada um.
Alguns são chamados a se
santificar constituindo uma família através do sacramento do Matrimônio. Há
quem diga que hoje o casamento está “fora de moda”; está fora de moda? na
cultura do provisório, do relativo, muitos pregam que o importante é “curtir” o
momento, que não vale a pena comprometer-se por toda a vida, fazer escolhas
definitivas, “para sempre”, uma vez que não se sabe o que reserva o amanhã.
Em vista disso eu peço que vocês
sejam revolucionários, que vão contra a corrente; sim, nisto peço que se
rebelem: que se rebelem contra esta cultura do provisório que, no fundo, crê
que vocês não são capazes de assumir responsabilidades, que não são capazes de
amar de verdade. Eu tenho confiança em vocês, jovens, e rezo por vocês. Tenham
a coragem de “ir contra a corrente”. Tenham a coragem de ser felizes!”
2)
Em Copacabana, afirmou:
“Vejam, queridos amigos, a fé realiza na nossa vida uma
revolução que podíamos chamar copernicana, porque nos tira do centro e o
restitui a Deus; a fé nos imerge no seu amor que nos dá segurança, força,
esperança. Aparentemente não muda nada, mas, no mais íntimo de nós mesmos, tudo
muda. No nosso coração, habita a paz, a mansidão, a ternura, a coragem, a
serenidade e a alegria, que são os frutos do Espírito Santo (cf. Gl 5, 22) e a
nossa existência se transforma, o nosso modo de pensar e agir se renova,
torna-se o modo de pensar e de agir de Jesus, de Deus.”
3)
E no discurso aos bispos no Sumaré, falou novamente o
Papa:
“Em Aparecida, verificam-se de forma relevante duas
categorias pastorais, que surgem da própria originalidade do Evangelho e nos
podem também servir de orientação para avaliar o modo como vivemos eclesialmente
o discipulado missionário: a proximidade e o encontro. Nenhuma das duas é nova,
antes configuram a maneira como Deus se revelou na história. É o “Deus próximo”
do seu povo, proximidade que chega ao máximo quando Ele encarna. É o Deus que
sai ao encontro do seu povo. Na América Latina e no Caribe, existem pastorais
“distantes”, pastorais disciplinares que privilegiam os princípios, as
condutas, os procedimentos organizacionais... obviamente sem proximidade, sem
ternura, nem carinho.
Ignora-se a “revolução da ternura”, que provocou a
encarnação do Verbo. Há pastorais posicionadas com tal dose de distância que
são incapazes de conseguir o encontro: encontro com Jesus Cristo, encontro com
os irmãos. Este tipo de pastoral pode, no máximo, prometer uma dimensão de
proselitismo, mas nunca chegam a conseguir inserção nem pertença eclesial. A
proximidade cria comunhão e pertença, dá lugar ao encontro. A proximidade toma
forma de diálogo e cria uma cultura do encontro.”
Reassando os discursos do papa linha por linha, veremos com
que força ele usa as palavras revolução ou rebelião. Diz-se que por onde a JMJ
passou a cidade jamais foi a mesma: gerou uma revolução. Por isso, escolhemos
este tema para o nosso Congresso deste ano.
Diante desta palavras, cabem-nos duas posturas
- Concordar e cruzar os braços ou
- Propor-nos de verdade a fazermos esta revolução própria da
fé, Uma revolução que nos faz caminhar contra a corrente. Mas para tal,
precisamos ser homens e mulheres rebeldes. Deus nos pede isso, que vivamos esta
revolução. A fé autêntica [e revolucionário, vira uma pessoa pelo avesso, muda
um estilo pastoral. Quando a Palavra de Deus e as palavras do papa são só
palavras, não causam nenhuma revolução. Mas se enfrentamos os desafios divinos,
fazemos uma revolução. O Cristianismo é uma religião que nos desafia. Nos
desafia à santidade, a mudar o mundo, a perdoar sempre, a viver a castidade, a
honestidade, etc.
O Papa não disse apenas palavras. Como o Francisco de Assis,
nos mostra como temos que revolucionar as pastorais, a nossa paróquia, a nossa
arquidiocese. Mas precisamos crescer em rebeldia. A rebeldia não é uma atitude
negativa, nem violenta, nem contestadora. Não precisamos ser pessoas que causem
confusão. Ser rebelde é não ficar satisfeito enquanto não se vive a verdadeira
Verdade.
Me marcou uma citação de um pensador contemporâneo que pensa
como esta caminhando o mundo. Fala de uma pessoa acomodada e de fé atrofiada:
“O ser humano prefere, por razões de conveniência, errar
junto com a massa do que ter razão contra ela.” Essa é uma tendência que o
pecado original deixou em nós, dando-nos conformismo.
Num mundo em que se valoriza tanto o individualismo e o
politicamente correto, onde esse dá tanto espaço para pessoas que estão
eletronicamente dirigidas (como robôs “Maria-vai-com-as-outras). Se me
diferenciar corro o risco de ser discriminado e excluído. Num mundo assim que é
especialmente manipulado, diante deste mundo é que a pessoa rebelde não se
conforma. Diante da manipulação parcial para que as pessoas não cheguem a
formação integral. O “tudo” não é nunca mostrado ou dito. Ex. Ninguém diz tudo
o que está por trás destas manifestações que vemos desde junho... Não são ditas
todas as verdades, todos os valores, todas as informações “nuas e cruas”. Um
mundo manipulado leva as pessoas a irem com a massa e não tomarem decisões
rebeldes. Quando não se tem formação, não se pensa. Hoje colhemos os frutos
podres da manipulação que começou na década de 70.
Neste mundo o papa nos diz que é urgente a rebeldia
revolucionária. Em dois pontos podemos nos concentrar:
- Tem que haver rebeldia da família. As nossas famílias têm que ser rebeldes
- E as famílias que estão na Pastoral Familiar devem fazer uma revolução dentro de suas próprias famílias e da sua pastoral.
Ponto 1
Na palestra: “A Luta pela Família Já Começou” (pronunciada por
Franz Keningnen muito amigo de João Paulo II, ele disse que é na família onde o
ser humano aprende a dar-se. Vive o respeito e o carinho. O amor é incapaz de
sobreviver se não é alimentado na família.Não venha me falar de amor aos pobre,
aos diferentes, ã pátria, se o amor não é alimentado na família... não podemos
deixar que a família se apodreça e seja extinta. É preciso entrar nesta luta
pela família, se preciso sacrificar-se, para que o amor não morra. Quando os
bens materiais se tornam mais importantes do que a família, não se pode surpreender
com uma crise.
Notamos a pouca consideração tanto na política como na
educação e também na reforma das leis com a família. No nossos tempo as pessoas
estão experimentando o que é um mundo sem Deus e sem amor.
A rebeldia não é uma mera atitude de critica ou de se do
contra, mas um sadio anticonformismo. Não posso me conformar que minha família
entre em realidade s que não são do projeto de Deus. Não adiante ficar sentado
no sofá sentado olhando a TV e dizendo: Como o mundo está mal, como estes
programas são horríveis, como o mundo está egoísta... Isso de nada adianta se,
na minha casa, as pessoas tem espaço para aquilo que não vai ser uma fonte de
amor de respeito, de doação ou de partilha. Pior do que não saber o que quer é
não querer. O rebelde sabe que quer para sua família um ambiente ético e por
isso não deixa entrar certos ventos que trazem contra-valores para sua família.
Por exemplo, um valor familiar cotidiano – a
responsabilidade – que nos leva a assumir a família com algo próprio. Como
vemos hoje as pessoas irresponsáveis na palavra dada... É um absurdo um filho
sair de casa e o pai e a mãe não sabem onde ele estava. Não podemos nos conformar
com isso. Numa família de verdade, tudo é de todos. E todos são importantes. Os
pais vão se conformando que os filhos são bagunceiros, a esposa vai se
conformando que o seu marido só gosta de ficar no computador, o marido se
conforma que a mulher sempre estoura o cartão de crédito... vamos nos
conformando e a família vai se afastando cada vez mais de ser um projeto de
Deus.
Outro exemplo: a liberdade – palavra muito manipulada hoje
em dia. Somos chamados a viver um amor autêntico e ordenado. Não posso me
conformar que pessoas da minha família se dediquem no amor ao próximo de forma tão
disponível que não tenham cinco minutos de amor para estar ao lado de um irmão,
irmã, avô, avó... Nossa vocação é a família. Ela deve vir em primeiro lugar.
Não podemos nos conformar dizendo: “Não tem mais jeito...”.
Não podemos nos conformar com programas de televisão. Não
podemos ceder naquilo que não e nosso mas é de Deus: a família não é nossa, é
projeto de Deus. Podemos dar retoques na decoração, mas jamais na viga mestra
desta estrutura. Do contrário, apodrecerá e morrerá. Não podemos ceder naquilo
que não é nosso. Assim como o sacerdote não pode ceder naquilo que não é dele,
como por exemplo a doutrina.
Ponto 2
Precisamos ser revolucionários na família. O que quer dizer
isso? De forma concreta, fazer com que cada pessoa da família saiba dizer “sim”
ao que é importante e dizer não ao que é secundário. A revolução acontece
quando cada um sabe buscar o que é o melhor para todos.
Precisamos dizer “não”, às vezes, a coisas importantes para
dizer “sim” a coisas essenciais. Por exemplo, é importante descansar, mas é
mais importante atender uma pessoa que me telefona às 10h da noite precisando
de uma palavra de consolo.
Outra forma de causar uma revolução na família é sermos
criativos. A família hoje em dia precisa ser muito criativa porque o mundo é
muito sugestivo, sugere mil programas para as pessoas. Por exemplo, o programa
da sexta-feira à tarde, do chopinho na mesinha do bar: parece um mandamento na
sociedade de hoje. Por quê? Porque um colega sugere, e não há nada mais
criativo para se fazer. Enquanto isso, a família espera em casa... Falta
criatividade para promover festas dos filhos com os amigos dos filhos em
ambientes sadios. Do contrário, eles vão para as discotecas ou raves.
Duas palavras importantíssimas para vivermos esta rebeldia
na família e tornarmos isso uma forma de ser familiar. Primeiro precisamos de
valentia. Não podemos aceitar passivamente que só porque todos façam assim
devemos nos conformar com isso. Dizem que “Deus criou o mundo, mas o alugou
para os valentes.” , mas vemos hoje que quem está tomando conta dele são os
medíocres, que o sub-locam por R$1,99, oferecendo coisas de pouquíssimo valor.
E o outro ponto é a audácia. Uma família revolucionaria
consegue criar esta onda.
Perguntas:
1- Até
que ponto estou insatisfeito com tanto consumismo, hedonismo, materialismo e
permissivismo que afetam minha família?
2- Compreendo
que sé me revoltando de modo sadio posso defender minha família deste coletivismo
social (todo mundo faz assim...)?
3- Em
que aspectos da minha família é mais urgente s rebeldia e a revolução?
4- Quais
são as principais limitações artificiais que eu imponho a mim mesmo e a minha
família? (ex. “Não consigo fazer com que
meus filhos arrumem sua cama, não consigo desligar a televisão na hora em que
todos estamos jantando...”)
5- Onde,
na minha família, se está perdendo o sentido da vida familiar?
Nenhum comentário:
Postar um comentário