quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Enquanto a tradução não vem...



Enquanto a tradução em português do Relatório Final do Sínodo dos bispos não vem, pelo texto já disponível no site do Vaticano, já podemos destacar alguns pontos importantes da XVI Assembleia Geral ordinária com o tema “A Vocação e a Missão da Família na Igreja e no Mundo Contemporâneo” (04-25 outubro 2015).

1. O texto vem trazer um caminho de discernimento espiritual e pastoral, e começa recordando que Jesus veio ao mundo no seio de uma família, pois a família é a primeira e fundamental “escola de humanidade”, comunhão de pessoas sonhada por Deus, desde o princípio. E, na sociedade de hoje, cada família é convidada a ser discípula missionária na evangelização de outras famílias.

2. Na primeira parte do relatório, os bispos reafirmam a doutrina perene do matrimônio como querido por Deus desde o princípio:  a união de um homem e de uma mulher numa aliança de amor indissolúvel e aberta a uma nova vida. O matrimônio é o sinal sagrado do amor de Cristo pela sua Igreja e, por isso mesmo, a família cristã é convocada a ser uma “Igreja Domestica”.

3. Os bispos reconhecem as diversas dificuldades que ameaçam às famílias de hoje, como: (1) as resistências das novas gerações ao matrimônio e à família, (2) o feminismo que desvaloriza a maternidade, (3) a ideologia de gênero que anula as diferenças sexuais; (4) as diversas situações de conflitos sociais, (5) matrimônios de mista religiaõ. Diante de todas essas e outras situações de fragilidade, os padres sinodais lembram que a força da família está no amor! Pedem ainda a formação de redes de famílias que se sustentem mutuamente e políticas públicas promotoras e defensoras da família.

4. O documento menciona várias situações em que se necessita lutar pela plena inclusão social: a terceira idade, os imigrantes, as pessoas portadoras de necessidades especiais, pessoas que nunca se casaram, os viúvos, etc. Destaca, ainda, os papéis das figuras masculina, feminina e das crianças na riqueza das relações familiares.

5. Uma das seções é dedicada à á afetividade, á maturidade humana e ao dom sincero de si ao outro (que é a característica do verdadeiro amor). Para combater a cultura hedonista e descartável, que só leva à imaturidade e fragilidade afetiva, é preciso uma ação pastoral apropriada que promova um processo de “Educação para o Amor”. Deve-se sempre buscar criatividade pastoral e meios apropriados para se atingir os jovens.

6. Recorda, ainda, que o matrimônio é uma vocação e que a preparação para a vida matrimonial deve ser uma catequese muito melhorada, começando desde a preparação remota, como um verdadeiro itinerário de formação. Os recém-casados também merecem atenção pastoral especial.
7. A Igreja mostra a família como imagem viva da Santíssima Trindade que é comunhão de pessoas. Para tal, traça um detalhado percurso pela Palavra de Deus e o Magistério da Igreja, ressaltando o que chama de “Chave Cristocêntrica do Matrimônio”.

8. O documento reafirma a doutrina da procriação e da vida, estimulando a paternidade e maternidade responsáveis através do planejamento natural da família e da abertura generosa aos filhos. Explica o mal moral das técnicas de reprodução assistida e da contracepção que manipulam e destroem a fertilidade humana, que é dom de Deus.

9. Fala sobre a tristeza da separação e do divórcio e de como devemos ter atitudes de misericórdia e verdade, de acolhimento e respeito, especialmente com os cônjuges que foram abandonados, com as famílias monoparentais, e  com aqueles que estão em uma nova união. Os recasados devem ser inseridos na comunidade, com discernimento evitando-se escândalos que confundam a comunidade quanto ao valor e a indissolubilidade do matrimônio. Os casais em segunda união devem receber adequada orientação quanto á possibilidade da nulidade matrimonial.

10. Um atenção especifica deve ser dada ao acompanhamento às famílias que convivem com pessoas de tendências homossexuais. Estes, como qualquer pessoa, merecem ser tratados com respeito e dignidade, sem discriminação.

11. O papel decisivo dos pais, como primeiros e insubstituíveis educadores dos filhos, tem lugar de destaque no relatório, que propõe que se cria  cultura do aconselhamento, na qual famílias ajudam famílias e reafirmou a “tolerância” zero para casos de abuso sexual e violência doméstica.


12. É necessário um forte reavivamento da Pastoral Familiar, com boa formação para todos os agentes envolvidos: presbíteros, diáconos, religioso(a)s, catequistas, agentes de pastoral e seminaristas, para ajudar a formar famílias evangelizadas e evangelizadoras, que sejam capazes de dialogar com sua cultura, sem perder sua identidade e abrir mão dos seus valores.

(Por Tatiana e Ronaldo de Melo - Núcleo de Formação e Espiritualidade - CAPF - RJ)

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