quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

FORMAÇÃO - Família, Escola de Valores (2)


2- O QUE SÃO OS VALORES?


Inicialmente, pode-se pensar em valor no sentido material e financeiro. Pretendemos falar de valor como um bem imaterial digno de apreciação, desejável, identificável com ações positivas e boas, orientado para o bem da pessoa e o bem comum. É uma opinião estável, identificável com uma posição ética. Entram, assim, na categoria da discussão de valores especialmente aqueles referidos como a família, o aborto, o direito à vida, a fecundidade e similares.
Sem valores uma pessoa ou grupo fica fraco, sem orientação, exposto a tudo o que existe no mundo. Vira “presa fácil” para que os meios de comunicação incutam sua ideologia mundana. Ter e cultivar valores liberta as pessoas e as faz enxergar o sentido da vida. É importante perceber que os valores são nossa fonte de motivação.

A família é o lugar apropriado, onde o homem nasce, cresce e recebe as primeiras noções da verdade e do bem. É onde são ensinados os valores culturais, éticos, e religiosos, que são essenciais para o desenvolvimento e bem-estar tanto dos seus próprios membros como da sociedade. É a primeira escola das virtudes que todos os povos necessitam. A família ajuda a que as pessoas desenvolvam alguns valores fundamentais que são imprescindíveis para formar cidadãos livres, honestos e responsáveis, por exemplo, a verdade, a justiça, a solidariedade, o amor aos outros, a tolerância, etc.
Os seres humanos, criados à imagem e semelhança divina, são capazes, pelo uso de sua razão, de reconhecer os valores, construí-los e elevá-los a uma dimensão sobrenatural. Os valores humanos ganham um sentido transcendente quando Cristo assume a nossa natureza humana e abre para o gênero humano a possibilidade de tender à perfeição ao nos redimir com sua Cruz.
Muito embora cada valor seja importante, é fundamental haver uma hierarquia adequada na qual o espiritual conte mais que o material. A classe de valores espirituais contribui diretamente para a plena realização da pessoa e da sociedade, enquanto que os valores materiais têm ação muito limitada neste sentido.

Em nome de que poderíamos afirmar que um ato humano é bom ou mau, que tal conduta é justa ou injusta, que tal comportamento é correto ou não? Sobre o que se apóiam os valores?
Nas sociedades que nos precederam um dos pilares era religioso, sem dúvida. Deus manifesta sua vontade através de sua lei. Ao contrário do que muitos possam pensar, isso não “diminui” a inteligência humana; ao contrário, de toda a criação, apenas o homem é capaz de chegar ao conhecimento da verdade. É intrínseco à dignidade do homem que sua inteligência tenha sido criada com a capacidade de apreender a Verdade.
O segundo fundamento era de caráter metafísico, o que poderíamos chamar de “consciência”. Mas, e hoje? Não nos parece que estes dois pilares foram derrubados?!

A educação para os valores é fundamental para o equilíbrio pessoal e social. Uma pessoa conhece os valores através da sua inteligência e os desenvolve através da sua vontade. Ela avalia, julga ordena, classifica e os aplica para a sua vida. A família é a escola de valores por excelência, onde aprendemos os valores pela força dos laços afetivos que unem cada um de seus membros entre si.
Quais são, então, os requisistos essenciais da família que forma as novas gerações? Quais são os estímulos e proteções para que os filhos cresçam saudáveis e fortes? Qual a receita para formar pessoas responsáveis e úteis ao próximo?
Ora, especilamente após a II Guerra Mundial, o conceito natural de família foi posto em xeque, questionado como um produto cultural, uma instituição rígida e cheia de prejuízos para o desenvolvimento humano. O início dos ataques à família tinha como pretexto atacar o autoritarismo da figura paterna. Esta postura ignora, ou finge ignorar, que, se não existir uma figura de referência é instalado o caos. As tentativas de se abolir a autoridade paterna só vieram esvaziar o papel da figura masculina dentro da família e, consequentemente, prejudicar seu desempenho. Isto vem trazendo grandes prejuízos à formação integral da criança.
Já está comprovado que nenhuma organização social podem substituir as inúmeras contribuições que a família dá: afetividade, assistência, bem-estar, sustentabilidade, mas, sobretudo, a função educativa. Qualquer um pode dar um brinquedo a uma criança, mas a mãe que cuida do seu filho com amor, lhe transmite sinais de ternura que os filhos guardam na memória como sensações positivas. Estes sinais representam um alimento espiritual de que os filhos se nutrem, porque uma das poucas certezas que temos é que "não só de pão, vive o homem.". Portanto, a criança inicia o seu conhecimento do mundo externo através da ternura que recebem. Essa é a primeira experiência fundamental que a acompanhará pelo resto de sua vida. A partir daí, ela poderá desenvolver a confiança.
A família formada por um pai e uma mãe que se amam e se respeitam e por seus filhos que são cuidados e ajudados a crescer fisicamente e espiritualmente é o melhor lugar para se desenvolverem as novas gerações. Pelo simples fato de ser, na família, o lugar em que se começa a aprender as regras morais de maneira natural, através do agir cotidiano. Não servem os livros de Psicologia, que podem, muitas vezes, confundir as ideias. Serve o instinto natural de uma mãe que ama o filho, com o sustento do pai que a ajudará no momento oportuno.
Na família em que não se renunciou a responsabilidade educativa e que dá um bom exemplo, a criança aprende o alfabeto do código moral e a necessidade de conter os impulsos egoístas próprios da natureza humana, corrompida pelo pecado, por amor à mãe e ao pai. Aprende que não pode ter tudo o que quer, na hora que quer, mas que existem etapas na vida: hoje se pode fazer uma coisa, amanhã, outra. Aprende a conter a frustração, a procrastinar os desejos, a dividir os brinquedos e os afetos.
Os filhos experimentam o senso moral nos Dez Mandamentos bíblicos, o mínimo denominador comum no relacionamento com Deus e os demais. Se cada um pudesse decidir o que é certo e o que é errado – como deseja a nova moral moderna, seguindo o dogma da liberdade de escolha --- o resultado será o caos ético e o vandalismo universal (que já está se instalando...). Por que a criança aceita limites e imposições que não são naturais no seu estado de desenvolvimento? Porque sentem que lhe pedem um sacrifício, mas que querem bem a ela. Ela tem confiança em quem lhe põe os limites, que isto será para o seu bem.
O modelo cristão de família vê o amor como elemento básico e não como chantagem emocional e é o amor dos pais que gera a confiança nos filhos, bem precioso que não pode ser perdido. Se isto acontecer não haverá possibilidade de intervir de modo produtivo: qualquer intevenção, por melhor que fosse, seria interpretado de modo errôneo. Não trair nunca a confiança é regra fundamental, nunca mentir.
A instituição familiar não é isenta de problemas, uma vez que e composta por pessoas em toda a sua complexidade, com características indiviuais, fraquezas e inseguranças. Apesar das tensões fica o saldo positivo do amor. O fato de sermos seres humanos imperfeitos e ainda estamos longe de sermos famílias ideais não significa que não precisemos de modelos e nem que não velha a pena lutar. Sempre é possível, ao menos, nos aproximarmos da nossa meta.

Nenhum comentário: