segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

FORMAÇÃO - Família, Escola de Valores (5)


5- Os Valores da Retidão

A família é a base da sociedade em qualquer civilização. A Igreja Católica sempre considerou a família como um exemplo de pequena sociedade. A qualidade dos relacionamentos determina o desenvolvimento de um grupo. Se não aprendemos no lar formas apropriadas de convivência, que parâmetros de comportamento serão reproduzidos na sociedade?
Na realidade, a degradação da esfera pública não pode ser imputada, em primeira instância, à família, mas aqueles processos de mercantilização da vida social que dominam e privatizam as famílias. As famílias são as primeiras vítimas de uma falta de virtude social que é gerada por outros sub-sistemas, que operam com métodos e regras que impedem as famílias de serem virtosas, por exemplo:
a) os sistemas políticos, quando tolhem a competância educativa das famílias para confiar tal tarefa a outras agências, e depois constatam a falência destes terceiros;
b) os sistemas econômicos, quando constrangem os pais a horários de trabalho incompatíveis com o cuidado familiar;
c) os sistemas judiciário e de assistência social, quando realmente cancelam os direitos de solidariedade entre as famílias, porque exaltam e radicalizam o direito do puro indivíduo, sem relações. As famílias que desejam ser prosociais devem nadar contra a corrente.
Daí deriva a importância social da família, pois formar bons filhos é formar bons cidadãos. Destaquemos os valores ou virtudes sociais mais importantes a serem desenvolvidos no seio familiar:
A honestidade é a forma mais elevada de respeito e consiste em não fazer mau uso daquilo que nos é confiado. Uma pessoa honesta vive corretamente, tem princípios, mantém a palavra dada, inspira confiança, suas ações correspondem ao que pensa e diz.
Colocar em prática o valor da honestidade não nos isentará de problemas, mas, ao contrário, pode nos causar problemas, dependendo do contexto em que atuemos. Num mundo em que importa sempre ter, possuir mais e mais, ser honesto não é tarefa fácil. Num mundo em que a concorrência é desleal, a tentação é grande: “Se uma mentira pode me salvar, por que não dize-la?”; “Se um bilhete pode agilizar meu processo, por que não enviá-lo?”; “Se este suborno pode me beneficiar, por que não dá-lo?”; “Se todos levam algum por fora, por que não eu?”.
A honestidade nos dá riquezas que nenhum dinheiro pode comprar: a boa reputação e a total tranqüilidade de consciência. A honestidade é um caminho seguro para a vida e a base para o verdadeiro desenvolvimento de uma pessoa ou nação.
A verdade é o valor que pressupõe as coisas como elas são. Quando os membros da família evitam a verdade, cria-se um clima de desconfiança, que acaba sendo transferido para a vida em sociedade. A mentira é algo que se aprende. Vivemos numa era de engano, em que estar na falsidade pode ser até um motivo de vanglória. Desde pequenos, nos damos conta de que a mentira pode aparentemente nos salvar de situações desagradáveis e nos pode conseguir alguns benefícios. Não nos esqueçamos, porém, do que diz a própria sabedoria popular: “A mentira tem perna curta.”, ou seja, não dura para sempre.
A sinceridade nos ensina a nos expressarmos sem disfarçarmos nossos pensamentos, reconhecermos nossos próprios erros, sermos transparentes e aprendermos o equilíbrio entre dizer as coisas sem medo das conseqüências, mas fazendo-o como pede a boa educação e a caridade cristã, mesmo em meio a um mundo de antivalores, que nos obriga a vestirmos “máscaras”. A sinceridade precisa estar sempre ligada à prudência para direcionar o nosso propósito sempre para a verdade. Sendo francos e diretos no momento certo e da forma certa, evitaremos mal-entendidos e manteremos uma boa convivência com todos. A sinceridade é o cimento da amizade e o alicerce do matrimônio.
A fidelidade vem da fé, ser fidedigno, fiel à confiança que em nós depositam. É comprometer-se, cultivar, proteger e enriquecer os relacionamentos. A fidelidade se nutre do amor e não da obrigação. Devemos concentrar toda a nossa vontade em cumprirmos nossos compromissos, trabalharmos para nos mantermos unidos.
Infelizmente nossos relacionamentos são cada vez mais pobres, frios, curtos e virtuais. No mundo atual com sua cultura do descartável, se algo não nos satisfaz mais, em vez de procurarmos solucionar o problema buscando e combatendo as suas causas, simplesmente nos livramos dele. Nós vivemos dentro dela, mas podemos, sim, reforçar nossa identidade cristã. Adaptar-nos às circunstâncias não significa que devemos mudar nossa essência. Se algo não está bem, não devemos trocar de família, mas sim trocar de atitude, de comportamento. Para isto, é preciso estarmos dispostos a dialogar, a sermos tolerantes, não pensarmos só em nós mesmos... A lealdade significa ser sincero e honrado, estar ao lado de alguém para defende-lo e ampara-lo. A lealdade se vai construindo em uma relação quando há coisas em comum, porque compartilhamos dos mesmos princípios. Sem dúvida, uma das maiores dores morais é sermos traídos. A traição é cada vez mais freqüente por culpa do nosso individualismo e egoísmo. Ser leal implica em não falar mal dos outros, nem abandona-los quando surgem adversidades. É uma atitude que une a família e que só existe quando alguém se sente verdadeiramente parte daquele grupo.
A família cristã tem o grandíssimo desafio de formar na verdade e na retidão a consciência moral dos seus filhos, respeitando escrupulosamente sua dignidade e liberdade, de modo que lhes ajude a formar uma consciência reta sobre as grandes questões da vida humana: a adoração e respeito a Deus Criador e Salvador, o amor aos pais, o respeito à vida, ao próprio corpo e ao dos outros, o respeito aos bens materiais e a honra do próximo, a fraternidade entre todos os homens, o destino universal dos bens da criação, a não discriminação por motivos religiosos, sociais ou econômicos, etc. Pontos firmes deste ensino são os preceitos do Decálogo e as Bem-aventuranças.
Os pais devem educar hoje a seus filhos com confiança e valentia nestes valores essenciais, começando pelo mais radical de todos: a existência da verdade e a necessidade de procurá-la e segui-la para realizar-se como homens. Outros valores chave hoje são o amor à justiça e a educação sexual clara e delicada que leve a uma valorização pessoal do corpo e a superar a mentalidade e a praxe que o reduz a objeto de prazer egoísta.
Condição fundamental desta educação é criar nos filhos amor e sintonia com a Igreja e, mais em particular, com o Papa, os bispos e os sacerdotes; para que vejam neles a preocupação de uma boa mãe que os ama e só deseja ajudar-lhes a viver de modo reto e digno neste mundo e gozar da contemplação de Deus na Glória.

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