terça-feira, 8 de dezembro de 2009

FORMAÇÃO - Família, Escola de Valores (6)


6- Os Valores da Comunicação

O diálogo está para o amor, assim como o sangue está para o corpo. Quando a circulação para, o corpo morre. Quando cessa o diálogo, o amor morre e nascem o ressentimento e a solidão. O egoísmo favorece o fechamento em si mesmo e a incapacidade para ouvir. O diálogo reestrutura os relacionamentos e é o bálsamo que nos conforta nas provações.
Sabemos que os elementos básicos da comunicação são: emissor, receptor, mensagem, canal de transmissão e o momento da comunicação. O emissor precisa se expressar claramente, e o receptor precisa ouvir de forma atenta. A mensagem deve ser clara, completa e adequada ao receptor. Além disso, precisa ser transmitida por meio de um canal adequado. Para ser eficaz a comunicação precisa ser apropriada e ter a reta intenção de compartilhar e de promover a integração. Quando alguém se comunica com a intenção de ser ouvido, mas não aceita ouvir o outro a comunicação se torna ineficiente.
Na família, todos os membros alternam entre serem emissores e receptores. Os pais têm a responsabilidade de comunicar a seus filhos os valores humanos e espirituais, e promover meios para que esses valores sejam apreendidos e transformados em experiências de vida concretas. É obrigação também dos pais ouvir seus filhos em atitude de abertura e aceitação, guiá-los com amor e lhes transmitir a confiança de que eles serão sempre ouvidos com compreensão e amor.
O objetivo da comunicação eficaz é o entendimento satisfatório entre o emissor e o receptor, e, daí, emergirá a crescente unidade. Quanto melhor a comunicação, maior será a unidade da família. A comunicação é a essência prática do amor.
A chave para a comunicação é saber ouvir. Quando o processo da comunicação se dá com amor, fica mais fácil se abrir à compreensão. Quando aquele se dá, porém, com agressividade, surge naturalmente uma postura defensiva que dificulta a escuta. A comunicação profunda e amorosa processa a mensagem de modo a entender os fatos e emoções. Isto permite o uso correto, não apenas da linguagem verbal, mas também da linguagem corporal: olhar, gestos, movimentos do corpo.
Num verdadeiro diálogo não existem vencedores ou perdedores. Quem se comunica verdadeiramente não derrota nem se sente derrotado. A comunicação profunda acontece quando há vontade de que os sentimentos sejam compartilhados. É importante comunicar os sentimentos de modo positivo e oportuno, com a real intenção de revelá-los e de que estes sejam compreendidos. Caso contrário, os relacionamentos se tornarão cada vez mais distantes.
Tanto os sentimentos positivos quanto os negativos precisam ser expressados: sentir-se acolhido, reconhecido e satisfeito, mas também sentir-se ignorado, abandonado e insatisfeito. Os sentimentos podem geram ações construtivas se forem comunicados com sinceridade e respeito. Quando os membros da família aprendem a se comunicar, identificando como, quando e onde podem se expressar melhor, compartilhando aquilo que têm em comum e procurando construir uma relação sólida e positiva, isso contribui para que todos se sintam amados, acolhidos, e que as relações gerem segurança, confiança e laços emocionais e psicológicos que suprem todas as suas necessidades afetivas. A comunicação dentro da família requer uma forma de expressão assertiva e uma forma ativa de escuta. Isso implica incluir as diferenças adequar a forma de comunicação às pessoas, idades e circunstâncias, ter consciências dos erros e falhas e tirar vantagem da comunicação como forma privilegiada para a transmissão dos valores que guiam a vida familiar.
No mundo de hoje, percebemos que o tempo que uma criança ou jovem dedica aos meios de comunicação de massa (Internet, videogame, televisão, rádio, revistas, etc...) supera amplamente o horário escolar. Porém, a atenção que os pais e os poderes públicos dão à influência dos efeitos desta "dieta midiática", principalmente aos pequeno, é muito menor do que a preocupação com a escola, problemas de saúde ou alimetação.
Os meios de comunicação trouxeram, sem dúvida, muitos avanços, mas também algumas armadilhas: a imprensa escrita extendeu a leitura a todos os extratos sociais e possibilitou o ensino universal obrigatório, mas apagou muita riqueza da cultura oral; a televisão mudou o modo de imaginar, de aprender e de raciocinar, assim como a Internet está mudando os hábitos de consumo e os circuitos mentais da "geração digital". Estas transformações fazem parte do desenvolvimento humano. A humanidade pode levar gerações para incorporar, assimilar e dominar tais mudanças. Nesse processo de assimilação, que é pessoal e social, se produzem disfunções, ou, no mínimo, se paga um preço alto.
Um exemplo disso, é a crescente onda de homicídios influenciada por atitudes mostradas em filmes e viodegames. Outro, é o aumento absurdo no número de crianças com TDAH (transtorno do déficit de atenção e hiperatividade). Nos EUA, em 1970, eram 150 mil, em 1985, este número havia triplicado, e, em 2000, já eram 6 milhões. Apesar de que, a televisão não é a única responsável por este incremento, pois também influenciam outros fatores, como a desestruturação da família (aumento no número de divórcios, o trabalho fora do lar, etc). Pediatras e especialistas que vem aconselhando pouca ou nenhuma televisão para as crianças têm obtido melhorias notáveis no comportamento dos que apresentam estas disfunções.
É claro que, além dos meios em si, não podemos nos esquecer da atenção aos conteúdos que eles veiculam, o que torna esta reflexão ainda mais inquietante. Seus efeitos são bem sentidos nas mudanças de estilo de vida, de atitudes, de critérios de escala de valores... O estudioso Paolo Braga analisou os seriados americanos mais assistidos e copiados no mundo e constatou que todos os protagonistas têm em comum o fato de serem heróis no campo profissional, mas antiheróis no campo familiar.
E, se os jovens, hoje, têm trocado muito do tempo devotado à televisão pela Internet, a situação não é menos séria. O mercado pronográfico na rede movimentou, em 2007, quase 3 milhões de dólores, parte disso, ligado ao submundo da pedofilia que conta, por exemplo, com 522 organizações e 500 agências que se ocupam em defender nos tribunais pessoas acusadas de pedofilia e em promover o "Dia do amor entre homens e meninos", uma imitação do "Dia do orgulho gay".
É no momento atual do ciclo da vida que percebemos como estes ensinamentos são valiosos. Vivemos em um mundo que colhe os frutos do uso intenso e contínuo de seus recursos. Levou muito tempo para os cientistas aceitarem o fato de que o clima mundial está mudando por causa da atividade humana. O aumento da população e das atividades industriais, o desflorestamento e a exploração excessiva dos recursos naturais alteraram nosso ecossistema de forma irreversível.
Agora é hora de rever nossa atitude, de gerar idéias simples e que atendam aos requisitos de longo prazo. Sustentabilidade significa o uso efetivo de recursos, sem desperdícios. Não é apenas uma questão de não gerar impactos negativos, mas sim de gerar impactos positivos. Está relacionada com o meio como as coisas são feitas. Fazer de forma diferente, inovadora e efetiva. Num mundo onde presenciamos constantemente a perda de valores, o resgate do essencial é o que faz a grande diferença.
Uma família deveria ser sustentável por sua própria natureza. Família significa um grupo de pessoas unidas por valores e princípios em comum. Uma família sustentável é aquela que cria condições para as próximas gerações crescerem e para a transição entre gerações, que pensa em longo prazo e na sua própria continuidade, que preserva valores. É aquela que cuida, que prepara as próximas gerações, que continuamente cria exemplos e inspiram outros. É aquela que fortalece o indivíduo no sentido de resgatar sua própria essência. É aquela que respeita. É preciso conhecer uns aos outros, entender e alinhar necessidades. Não existe nada que não seja alcançado com diálogo e um coração honesto. Todo o resto é conseqüência... Família é um local para praticar o que é essencial.

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