sábado, 26 de dezembro de 2009

JESUS, MARIA E JOSÉ, NOSSA FAMÍLIA VOSSA É!


“Um anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor refulgiu ao redor deles, e tiveram grande temor. O anjo disse-lhes: “Não temais, eis que vos anuncio uma boa nova que será alegria para todo o povo: hoje vos nasceu na Cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: achareis um recém-nascido envolto em faixas e posto numa manjedoura”. E subitamente ao anjo se juntou uma multidão do exército celeste, que louvava a Deus e dizia: ‘Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens que Ele ama’. Depois que os anjos os deixaram e voltaram para o céu, falaram os pastores uns com os outros: “Vamos até Belém e vejamos o que se realizou e o que o Senhor nos manifestou”. Foram com grande pressa e acharam Maria e José, e o menino deitado na manjedoura.” (Lc 2, 9-16)

Neste Natal, o desejo de toda a comisão arquidiocesana da Pastoral Familiar é que você, como os pastores, continue a caminhar – com grande pressa – para Deus, pois caminhar em busca de Sua vontade é sempre caminhar em busca da felicidade. Vamos correndo até Belém!
Mas onde está Belém? Está onde Maria e José continuam a depositar Seu Filho na manjedoura. Por isso, olhemos para a Sagrada Família e encontraremos o Bom Menino, a Luz de Deus, a Chama da Paz que brilha para todos, do jeito mais terno o humilde que pode haver: como doce e pequeno recém-nascido, que nos convida a sermos simples, sinceros, a perdoar, a fazer só bem.

Em clima de ação de graças, encerramos o ano civil de 2009 com as bênçãos da festa litúrgica da Sagrada Família. À sua proteção entregamos o ano de 2010 para que nossas famílias sejam fortañecidas na fé e que a atuação da Pastoral Familiar em nossa Arquidiocese seja cada vez mais intensa e vigorosa, como pede o Papa Bento XVI.
Neste encerramento, disponiblizamos algumas fotos da confraternização arquidiocesana da pastoral, realizada na Paróquia São João Batista da Lagoa (Botafogo), em dezembro. Estiveram presentes a comissão, com seus coordenadores , assessores, representantes vicarias e dos movimentos familiares, recepcionados por D. Antônio Augusto e os padres Alex e Alceu.
Celebremos com muita alegria o nascimento do Menino Deus, para que possamos caminhar com Ele em 2010!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

JUBILEU DE OURO SACERDOTAL DE DOM RAFAEL


Foi celebrado com muita alegria o jubileu de ouro sacerdotal de Dom Rafael Llano Cifuentes, bispo da Diocese de Nova Friburgo, precursor e entusiasta da Pastoral Familiar, não apenas no Rio de Janeiro, mas em todo o Brasil.
A celebração eucarística em ação de graças aconteceu no dia 19 de dezembro, no auditório do Colégio Anchieta (Nova Friburgo - RJ) e reuniu milhares de convidados.
Dom Rafael foi ordenado sacerdote na Prelazia do Opus Dei no dia 20 de dezembro de 1959, em Madri. Já foi bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro e, desde 2004, está à frente da Diocese de Nova Friburgo, onde, entre outras realizações, construiu o Seminário Diocesano da Imaculada Conceição.
Sob as bênçãos da Virgem de Guadalupe, estiveram presentes à comemoração: Dom Orani Tempesta da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, acompanhado de seus bispos auxiliares Dom Edney, Dom Wilson, Dom Dimas e Dom Romer. Igualmente, compareceram bispos das demais dioceses do Regional Leste I e também de Curitiba e de Goiânia, Monsenhor Vicente e Monsenhor Barreto da Prelazia de Santa Cruz (Opus Dei – Brasil), além de dezenas de sacerdotes e seminaristas da Diocese de Nova Friburgo.
O Chanceler da Cúria Diocesana de Nova Friburgo, Padre Gelcimar, fez a leitura da carta de congratulação enviada pelo Papa Bento XVI.
Na homilia, o pregador, D. Roberto, da Arquidiocese de Niterói, iniciou fazendo referência ao que considera a obra-prima de D. Rafael: seu livro “Sacerdotes para o Terceiro Milênio”, reverenciando o autor como verdadeiro espelho desse título. “Não é possível imaginar Dom Rafael em outra missão que não fosse a grandiosidade do sacerdócio católico.”, afirmou.

Dom Roberto continuou, elencando as virtudes sacerdotais bem assimiladas por Dom Rafael, como também as virtudes humanas que o formaram uma pessoa entusiasta, corajosa e otimista e como escritor penetrante, simples, bem-humorado e altamente sensível à natureza humana. O pregador também destacou as atuações marcantes de Dom Rafael junto às Pastorais da Juventude, Universitária e Familiar, como fundador do Instituto Pró-Família, docente em Direito e membro da Academia Brasileira de Filosofia e da Academia Friburguense de Letras.
Ao final das homenagens, Dom Rafael, tomando a palavra emocionado, afirmou: “Vale a pena, mil vezes, vale a pena a fidelidade! Só ela traz a felicidade. Não pode haver uma sem a outra. São palavras parecidas foneticamente e na realidade da vida. A vocação sacerdotal se edifica sobre as dificuldades superadas, com uma fidelidade que é o caminho seguro para a felicidade. Obrigado, Senhor, muito obrigado! Não sabia que me darias tanto, quando eu tão pouco te entreguei!” E finalizou com uma verdadeira declaração de amor ao Brasil: “Aqui quero viver e morrer!”.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Celebrando o Advento


Fechando nossa formação sobre a família como formadora de valores humanos e cristãos associada aos nove dias das novena. Encerramos com esta celebração simples, mas signficativa neste tempo forte do Advento.

CELEBRAÇÃO PARA O ADVENTO
(Começar com um canto mariano e entronização de um presépio ou de uma imagem de Nossa Senhora)
D: Em Maria, o mistério de Deus se realizou. Rezemos o ângelus com o coração agradecido a Deus, que, por Maria, nos trouxe o Salvador. O anjo do Senhor anunciou a Maria.
T: E ela concebeu do Espírito Santo. Ave Maria....
D: Eis aqui a serva do Senhor.
T: Faça-se em mim segundo a vossa Palavra. Ave Maria...
D: E o verbo se fez carne
T: E habitou entre nós. Ave Maria...
D: Nosso coração quer acolher o Cristo, luz do mundo, príncipe da paz. Ouçamos a proclamação do Evangelho de Lc 1,67-79.
D: Inspirados pelo Evangelho, vamos fazer a Deus nossas preces espontâneas: um agradecimento, um pedido, uma entrega confiante. Ao final de cada uma delas, todos responderemos juntos:
T: Fica conosco, Senhor.
D: Senhor Jesus, aceita a hospitalidade do nosso coração e vem fazer morada conosco. Venha, Senhor, e não tardes mais, trazendo paz, esperança e amor às nossas vidas e à terra inteira. Concluamos nossa celebração, rezando, de mãos dadas, a oração da família cristã
T: Pai Nosso...

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

FORMAÇÃO - Família Escola de Valores (8)


08 - Os Valores do Autodomínio

O autodomínio (ou temperança) é a habilidade de fazer com que diferentes dimensões da própria personalidade sejam ordenadas de acordo com a verdade e o bem de todos. No mundo em que vivemos este conceito pode parecer deslocado, pois aprendemos que nada que seja da vontade do indivíduo lhe deva ser negado. Corremos sempre o risco de nos deixarmos dominar por coisas e situações. Parece que esquecemos que a pessoa e a comunidade são forjados justamente pelo autodomínio. Isto não consiste num cultivo egocêntrico, mas sim no controle sobre o corpo e a mente que provém da liberdade do ser humano para tomar suas decisões e escolher seus caminhos.
É próprio do ser humano querer buscar sua comodidade e menor esforço. Quem tem o autodomínio sabe que todas as suas ações repercutirão de alguma forma na sua vida. Aprende que tudo tem a sua medida: a comida, a bebida, o sexo, o sono, o dinheiro... ter controle sobre os sentidos nos fortalece para que para termos controle sobre as decisões mais determinantes da nossa vida. O equilíbrio nos ajuda a canalizarmos nossas vontades para algo de bom e útil. É fundamental para não cairmos nos erros do excesso e nem da autocensura.
O autodomínio deve ser exercitado para podermos servir melhor a Deus e aos irmãos. O autodomínio é um valor ensinado pelos pais aos seus filhos no dia-a-dia, muito mais pelos exemplos concretos do que pelas palavras. Ele nos garante disciplina ao seguirmos uma dieta, perseverança para alcançarmos uma meta, liberdade para nos impormos nossos próprios limites. Assim, desenvolveremos muitas outras atitudes que são necessárias para uma vida de êxito. Apresentamos algumas virtudes relacionadas ao alcance do autodomínio:
Por causa do pecado original, temos a tendência de amar mais a nós mesmos do que ao Criador. A sobriedade é o hábito que ordena o indivíduo internamente, trazendo grande paz. Ela é manifestada de diferentes modos: através da moderação no comer e no beber, lembrando-nos que tudo o que temos é dom e graça de Deus para ser usado para o nosso próprio bem e a saúde do nosso corpo; através da modéstia que faz com que nos comportemos adequadamente no exterior (no modo de se vestir) e no interior (no modo como tratamos os demais); através da humildade que modera uma tendência ao orgulho, à autoexaltação.
A diligência é a virtude necessária para cumprirmos bem todas as nossas obrigações. Implica compromisso, disciplina, produtividade no trabalho, no lar, na escola, na Igreja. Implica realizar todas as tarefas com generosidade, vontade de servir. Devemos ter cuidado com os dois vícios relacionados a esta virtude: a preguiça e o ativismo. Pela preguiça postergamos ou deixamos de cumprir nossas obrigações, ou, pelo ativismo, somos falsamente diligentes, utilizando alguma tarefa que nos é mais cômoda ou prazerosa como pretexto para deixarmos de lado outras tarefas.
Todo êxito verdadeiro é precedido de esforço. O esforço nos torna mais capazes,mais competentes, desenvolve em nós a criatividade e a resistência nas adversidades. Quando vemos uma obra terminada, nos sentimos realizados, porque sabemos todas as horas, toda a energia que a ela dedicamos. Porque sabemos o quanto nos custou, podemos valoriza-la mais. Porém, se não nos depararmos com nenhum obstáculo na vida, ficaremos espiritualmente atrofiados. Pais que dão tudo “de bandeja” para os filhos só prejudicam seu desenvolvimento. É preciso dar-lhes as ferramentas e não fazer o trabalho por eles. Assim, impediremos que se tornem apáticos, preguiçosos e conformistas.
A paciência a habilidade de suportar situações adversas sem se aborrecer. Leva-nos a sermos tolerantes e compreensivos. Não é, de forma alguma, sinal de fraqueza. Um exemplo: não se trata de não corrigir quem comete um erro, mas deixar que a pessoa se explique e, aí sim, falar ou agir em cima do problema. Especialmente para a boa convivência familiar, o domínio da personalidade, das paixões e dos altos e baixos do humor é sinal de amor e humildade.
A prudência, enquanto virtude inspirada, é presente de Deus, mas precisa ser exercitada constantemente para que melhor se desenvolva. É ela que nos inspira a bem usar todos os demais valores e virtudes da maneira correta. Uma pessoa prudente tem cuidado co m o que diz e faz, sem cair nos dois vícios extremos, ou seja, de se tornar excessivamente temerária, nem precipitada ou insensata.
A prudência requer percepção, discernimento, estarmos alertas ao que acontece ao nosso redor, antes de emitirmos um juízo. Exige saber calar, escutar, investigar, informar-se, ponderar, levar em conta sua própria experiência antes de tomar uma decisão. Estas considerações, porém, não significam que a pessoa prudente não saiba como agir de imediato. Ao contrário: a prudência armazena e depura em nós valiosas informações que nos servirão de base para tomarmos as decisões adequadas, mesmo numa emergência. Não significa também que uma pessoa prudente jamais se equivoque... mas ela, com certeza, aprenderá com seu erro, para não mais repetí-lo.
Os pais ensinam seus filhos a serem prudentes quando mostram a importância de pensar antes de agir, medindo, assim, as conseqüências de seus atos. “O que poderia me acontecer se eu fosse àquela festa? E se eu não fizer o meu dever de casa? Isto é bom ou ruim para mim? Será que é isso que Deus quer para a minha vida?”. Estes são questionamentos que devem embasar nossas decisões e nos encorajarem a agirmos corretamente. Cabe também aos pais ensinarem que sempre podemos contar com a graça divina para vivermos prudentemente.
Santo Agostinho bem alerta que o domínio de si é um longo trabalho que envolve autoconhecimento, ascese, obediência a Deus, exercício das virtudes morais e fidelidade na oração. É um longo caminho e ninguém pode dizer que já o possui, pois precisa ser renovado em cada estágio da vida. O esforço se torna mais intenso, porém, em certas etapas do desenvolvimento da personalidade como a infância e adolescência. A temperança faz do homem senhor da sua razão, mais resistente às tentações.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

FORMAÇÃO - Família, Escola de Valores (7)


7- O Valor da Vida
A principal questão que a família de hoje deve encarar na educação cristã dos seus filhos não é religiosa mas principalmente antropológica: o relativismo radical ético-filosófico, segundo o qual não existe uma verdade objetiva sobre o homem e, por conseguinte, tampouco sobre o matrimônio e sobre a família. A mesma diferença sexual, manifestada na biologia do homem e da mulher, não se fundamenta na natureza, mas é um simples produto cultural, que cada um pode mudar. Com isso se nega e destrói a mesma possibilidade do matrimônio e da família.
Diante desta realidade tão radical e condicionante, a família tem hoje a inevitável tarefa de transmitir aos seus filhos a verdade sobre o homem. Como já ocorreu nos primeiros séculos, hoje é de capital importância conhecer e compreender a primeira página do Gênesis: existe um Deus pessoal e bom, que criou o homem e a mulher com igual dignidade, mas diferentes e complementares entre si, e deu-lhes a missão de gerar filhos, mediante a união indissolúvel de ambos em una caro, ou seja uma só carne (matrimônio). Os textos narram a criação do homem, evidenciando que o casal homem-mulher são – segundo o desígnio de Deus – a primeira expressão da comunhão de pessoas, pois Eva é criada semelhante a Adão como aquela que, em sua alteridade, o completa (cf. Gn 2, 18) para formar com ele uma só carne (cf. Gn 2, 24). Ao mesmo tempo, ambos têm a missão procriadora que os faz colaboradores do Criador (cf. Gn 1, 28).
São Paulo descreveu tudo isso com traços muito vigorosos em sua carta aos Romanos, ao escrever a situação do paganismo da sua época e a desordem moral em que havia caído por não querer reconhecer com a vida o Deus que havia conhecido com a razão (cf. Rm 1, 18-32). Esta página do Novo Testamento deve ser bem conhecida hoje pela família, para não edificar sua ação educadora sobre areia movediça. O desconhecimento de Deus leva também ao ofuscamento da verdade sobre o homem.
Os Padres da Igreja oferecem doutrina abundante e são um bom exemplo no modo de proceder, pois tiveram que explicar detalhadamente a existência de um Deus Criador e Providente, que criou o mundo, o homem e o matrimônio, como realidades boas; e combater as desordens morais do paganismo que causavam dano ao matrimônio e à família.
A Igreja vê no homem, em cada homem, a imagem viva de Deus mesmo; imagem que encontra – e está chamada a descobrir cada vez mais profundamente – sua plena razão de ser no mistério de Cristo. Cristo nos revela a Deus em sua verdade; mas, às vezes, manifesta também o homem aos homens. Este homem recebeu de Deus uma incomparável e inalienável dignidade, pois foi criado à sua imagem e semelhança e destinado a ser filho adotivo. Cristo, com sua encarnação uniu-se, de alguma maneira, com todo homem.
Por ter sido feito à imagem de Deus, o ser humano tem a dignidade de pessoa: não é só alguma coisa, mas alguém. É capaz de conhecer-se, de dar-se livremente e de entrar em comunhão com outras pessoas. Esta relação com Deus pode ser ignorada, esquecida ou removida, mas jamais pode ser eliminada, porque a pessoa humana é um ser pessoal criado por Deus para relacionar-se e viver com Ele.
A dignidade da pessoa humana – de toda pessoa humana – não depende de nenhuma instância humana, mas de seu mesmo ser, criado à imagem e semelhança de Deus. Ninguém, portanto, pode maltratar essa dignidade sem cometer uma gravíssima violação da ordem querida pelo Criador. Portanto, uma sociedade justa só pode realizar-se no respeito da dignidade transcendente da pessoa humana.
Os não-nascidos são também pessoas desde o mesmo momento da sua concepção; e sua vida não pode ser destruída pelo aborto ou pela experimentação científica. Destruir a vida de um não-nascido, que é completamente inocente, é um ato de suprema violência e de gravíssima responsabilidade diante de Deus.
Uma corajosa mudança de mentalidade passa, sem dúvida, pela família. Primeiramente porque a família é o lugar onde aprendermos (ou não) a amar. Nas palavras de João Paulo II, a família foi criada por Deus para ser uma escola de amor. Em segundo lugar, porque essa escola de amor é que nos fornece as habilidades humanas e sociais que são necessárias para nos relacionarmos com os outros. E, finalmente, porque a família tem o potencial de transcender obstáculos políticos, especialmente no que diz respeito à proteger a vida humana.
Ao contrário do que se pensa e diz nos âmbitos seculares, um dos aspectos mais interessantes da Igreja Católica é seu entendimento tão profundo do físico: não nos dá medo nem vergonha falar sobre a sexualidade humana.
Para entender o valor da vida humana não se deve evadir o tema da sexualidade. A Igreja deve aproveitar seu profundo conhecimento sobre a corporeidade humana para falar e manifestar sua posição sobre o tema. A corporeidade está arraigada até mesmo na vida religiosa cotidiana dos fiéis: tocamos relíquias, beijamos imagens, nos damos as mãos, seguramos rosários... O corpo de Cristo não está totalmente formado; nós é que temos que formá-lo e devemos começar com o que temos.
A ética nos ensina que temos que respeitar o corpo, não com um determinismo biológico, mas simplesmente não podemos contradizer violentamente o corpo humano. O exercício e a experiência da própria sexualidade não estão limitados ao âmbito físico, mas encontram sua razão e propósito divino através da vida espiritual e da fé. Vivemos um tempo de cultura de morte, que ganha forças, principalmente, por questões econômicas. Mas mesmo muitos não-católicos têm reconhecido na Igreja um ponto de profunda verdade na defesa apaixona de toda a vida humana, desde a primeira célula até o último suspiro.
A família pode ser a salvação para gerarmos uma cultura de vida. Deus decidiu trazer vida nova ao mundo por meio de um ato de amor. A forte cultura para desinstitucionalizar o matrimônio prega que este é um modelo de vida “fora de moda”, que prejudica o exercício da liberdade humana. Ora, o fato de o casamento ser um compromisso duradouro tem, até mesmo, uma raiz biológica, visto que o ser humano é, dentre todos os mamíferos e dentre todos os animais, o que mais leva tempo para amadurecer.
Mas nós sabemos que a família é o lugar onde aprendemos a amar, a partilhar, a nos sacrificar pelo outro, a respeitar as diferenças entre os sexos, a exercermos diversos papéis (de pai, filho, irmão...). É na família onde ganhamos as habilidades necessárias para enfrentar a vida, onde leis e costumes da sociedade podem ser transcendidos... Uma instituição assim pode ser substituída por outras formas de associação?

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

FORMAÇÃO - Família, Escola de Valores (6)


6- Os Valores da Comunicação

O diálogo está para o amor, assim como o sangue está para o corpo. Quando a circulação para, o corpo morre. Quando cessa o diálogo, o amor morre e nascem o ressentimento e a solidão. O egoísmo favorece o fechamento em si mesmo e a incapacidade para ouvir. O diálogo reestrutura os relacionamentos e é o bálsamo que nos conforta nas provações.
Sabemos que os elementos básicos da comunicação são: emissor, receptor, mensagem, canal de transmissão e o momento da comunicação. O emissor precisa se expressar claramente, e o receptor precisa ouvir de forma atenta. A mensagem deve ser clara, completa e adequada ao receptor. Além disso, precisa ser transmitida por meio de um canal adequado. Para ser eficaz a comunicação precisa ser apropriada e ter a reta intenção de compartilhar e de promover a integração. Quando alguém se comunica com a intenção de ser ouvido, mas não aceita ouvir o outro a comunicação se torna ineficiente.
Na família, todos os membros alternam entre serem emissores e receptores. Os pais têm a responsabilidade de comunicar a seus filhos os valores humanos e espirituais, e promover meios para que esses valores sejam apreendidos e transformados em experiências de vida concretas. É obrigação também dos pais ouvir seus filhos em atitude de abertura e aceitação, guiá-los com amor e lhes transmitir a confiança de que eles serão sempre ouvidos com compreensão e amor.
O objetivo da comunicação eficaz é o entendimento satisfatório entre o emissor e o receptor, e, daí, emergirá a crescente unidade. Quanto melhor a comunicação, maior será a unidade da família. A comunicação é a essência prática do amor.
A chave para a comunicação é saber ouvir. Quando o processo da comunicação se dá com amor, fica mais fácil se abrir à compreensão. Quando aquele se dá, porém, com agressividade, surge naturalmente uma postura defensiva que dificulta a escuta. A comunicação profunda e amorosa processa a mensagem de modo a entender os fatos e emoções. Isto permite o uso correto, não apenas da linguagem verbal, mas também da linguagem corporal: olhar, gestos, movimentos do corpo.
Num verdadeiro diálogo não existem vencedores ou perdedores. Quem se comunica verdadeiramente não derrota nem se sente derrotado. A comunicação profunda acontece quando há vontade de que os sentimentos sejam compartilhados. É importante comunicar os sentimentos de modo positivo e oportuno, com a real intenção de revelá-los e de que estes sejam compreendidos. Caso contrário, os relacionamentos se tornarão cada vez mais distantes.
Tanto os sentimentos positivos quanto os negativos precisam ser expressados: sentir-se acolhido, reconhecido e satisfeito, mas também sentir-se ignorado, abandonado e insatisfeito. Os sentimentos podem geram ações construtivas se forem comunicados com sinceridade e respeito. Quando os membros da família aprendem a se comunicar, identificando como, quando e onde podem se expressar melhor, compartilhando aquilo que têm em comum e procurando construir uma relação sólida e positiva, isso contribui para que todos se sintam amados, acolhidos, e que as relações gerem segurança, confiança e laços emocionais e psicológicos que suprem todas as suas necessidades afetivas. A comunicação dentro da família requer uma forma de expressão assertiva e uma forma ativa de escuta. Isso implica incluir as diferenças adequar a forma de comunicação às pessoas, idades e circunstâncias, ter consciências dos erros e falhas e tirar vantagem da comunicação como forma privilegiada para a transmissão dos valores que guiam a vida familiar.
No mundo de hoje, percebemos que o tempo que uma criança ou jovem dedica aos meios de comunicação de massa (Internet, videogame, televisão, rádio, revistas, etc...) supera amplamente o horário escolar. Porém, a atenção que os pais e os poderes públicos dão à influência dos efeitos desta "dieta midiática", principalmente aos pequeno, é muito menor do que a preocupação com a escola, problemas de saúde ou alimetação.
Os meios de comunicação trouxeram, sem dúvida, muitos avanços, mas também algumas armadilhas: a imprensa escrita extendeu a leitura a todos os extratos sociais e possibilitou o ensino universal obrigatório, mas apagou muita riqueza da cultura oral; a televisão mudou o modo de imaginar, de aprender e de raciocinar, assim como a Internet está mudando os hábitos de consumo e os circuitos mentais da "geração digital". Estas transformações fazem parte do desenvolvimento humano. A humanidade pode levar gerações para incorporar, assimilar e dominar tais mudanças. Nesse processo de assimilação, que é pessoal e social, se produzem disfunções, ou, no mínimo, se paga um preço alto.
Um exemplo disso, é a crescente onda de homicídios influenciada por atitudes mostradas em filmes e viodegames. Outro, é o aumento absurdo no número de crianças com TDAH (transtorno do déficit de atenção e hiperatividade). Nos EUA, em 1970, eram 150 mil, em 1985, este número havia triplicado, e, em 2000, já eram 6 milhões. Apesar de que, a televisão não é a única responsável por este incremento, pois também influenciam outros fatores, como a desestruturação da família (aumento no número de divórcios, o trabalho fora do lar, etc). Pediatras e especialistas que vem aconselhando pouca ou nenhuma televisão para as crianças têm obtido melhorias notáveis no comportamento dos que apresentam estas disfunções.
É claro que, além dos meios em si, não podemos nos esquecer da atenção aos conteúdos que eles veiculam, o que torna esta reflexão ainda mais inquietante. Seus efeitos são bem sentidos nas mudanças de estilo de vida, de atitudes, de critérios de escala de valores... O estudioso Paolo Braga analisou os seriados americanos mais assistidos e copiados no mundo e constatou que todos os protagonistas têm em comum o fato de serem heróis no campo profissional, mas antiheróis no campo familiar.
E, se os jovens, hoje, têm trocado muito do tempo devotado à televisão pela Internet, a situação não é menos séria. O mercado pronográfico na rede movimentou, em 2007, quase 3 milhões de dólores, parte disso, ligado ao submundo da pedofilia que conta, por exemplo, com 522 organizações e 500 agências que se ocupam em defender nos tribunais pessoas acusadas de pedofilia e em promover o "Dia do amor entre homens e meninos", uma imitação do "Dia do orgulho gay".
É no momento atual do ciclo da vida que percebemos como estes ensinamentos são valiosos. Vivemos em um mundo que colhe os frutos do uso intenso e contínuo de seus recursos. Levou muito tempo para os cientistas aceitarem o fato de que o clima mundial está mudando por causa da atividade humana. O aumento da população e das atividades industriais, o desflorestamento e a exploração excessiva dos recursos naturais alteraram nosso ecossistema de forma irreversível.
Agora é hora de rever nossa atitude, de gerar idéias simples e que atendam aos requisitos de longo prazo. Sustentabilidade significa o uso efetivo de recursos, sem desperdícios. Não é apenas uma questão de não gerar impactos negativos, mas sim de gerar impactos positivos. Está relacionada com o meio como as coisas são feitas. Fazer de forma diferente, inovadora e efetiva. Num mundo onde presenciamos constantemente a perda de valores, o resgate do essencial é o que faz a grande diferença.
Uma família deveria ser sustentável por sua própria natureza. Família significa um grupo de pessoas unidas por valores e princípios em comum. Uma família sustentável é aquela que cria condições para as próximas gerações crescerem e para a transição entre gerações, que pensa em longo prazo e na sua própria continuidade, que preserva valores. É aquela que cuida, que prepara as próximas gerações, que continuamente cria exemplos e inspiram outros. É aquela que fortalece o indivíduo no sentido de resgatar sua própria essência. É aquela que respeita. É preciso conhecer uns aos outros, entender e alinhar necessidades. Não existe nada que não seja alcançado com diálogo e um coração honesto. Todo o resto é conseqüência... Família é um local para praticar o que é essencial.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

FORMAÇÃO - Família, Escola de Valores (5)


5- Os Valores da Retidão

A família é a base da sociedade em qualquer civilização. A Igreja Católica sempre considerou a família como um exemplo de pequena sociedade. A qualidade dos relacionamentos determina o desenvolvimento de um grupo. Se não aprendemos no lar formas apropriadas de convivência, que parâmetros de comportamento serão reproduzidos na sociedade?
Na realidade, a degradação da esfera pública não pode ser imputada, em primeira instância, à família, mas aqueles processos de mercantilização da vida social que dominam e privatizam as famílias. As famílias são as primeiras vítimas de uma falta de virtude social que é gerada por outros sub-sistemas, que operam com métodos e regras que impedem as famílias de serem virtosas, por exemplo:
a) os sistemas políticos, quando tolhem a competância educativa das famílias para confiar tal tarefa a outras agências, e depois constatam a falência destes terceiros;
b) os sistemas econômicos, quando constrangem os pais a horários de trabalho incompatíveis com o cuidado familiar;
c) os sistemas judiciário e de assistência social, quando realmente cancelam os direitos de solidariedade entre as famílias, porque exaltam e radicalizam o direito do puro indivíduo, sem relações. As famílias que desejam ser prosociais devem nadar contra a corrente.
Daí deriva a importância social da família, pois formar bons filhos é formar bons cidadãos. Destaquemos os valores ou virtudes sociais mais importantes a serem desenvolvidos no seio familiar:
A honestidade é a forma mais elevada de respeito e consiste em não fazer mau uso daquilo que nos é confiado. Uma pessoa honesta vive corretamente, tem princípios, mantém a palavra dada, inspira confiança, suas ações correspondem ao que pensa e diz.
Colocar em prática o valor da honestidade não nos isentará de problemas, mas, ao contrário, pode nos causar problemas, dependendo do contexto em que atuemos. Num mundo em que importa sempre ter, possuir mais e mais, ser honesto não é tarefa fácil. Num mundo em que a concorrência é desleal, a tentação é grande: “Se uma mentira pode me salvar, por que não dize-la?”; “Se um bilhete pode agilizar meu processo, por que não enviá-lo?”; “Se este suborno pode me beneficiar, por que não dá-lo?”; “Se todos levam algum por fora, por que não eu?”.
A honestidade nos dá riquezas que nenhum dinheiro pode comprar: a boa reputação e a total tranqüilidade de consciência. A honestidade é um caminho seguro para a vida e a base para o verdadeiro desenvolvimento de uma pessoa ou nação.
A verdade é o valor que pressupõe as coisas como elas são. Quando os membros da família evitam a verdade, cria-se um clima de desconfiança, que acaba sendo transferido para a vida em sociedade. A mentira é algo que se aprende. Vivemos numa era de engano, em que estar na falsidade pode ser até um motivo de vanglória. Desde pequenos, nos damos conta de que a mentira pode aparentemente nos salvar de situações desagradáveis e nos pode conseguir alguns benefícios. Não nos esqueçamos, porém, do que diz a própria sabedoria popular: “A mentira tem perna curta.”, ou seja, não dura para sempre.
A sinceridade nos ensina a nos expressarmos sem disfarçarmos nossos pensamentos, reconhecermos nossos próprios erros, sermos transparentes e aprendermos o equilíbrio entre dizer as coisas sem medo das conseqüências, mas fazendo-o como pede a boa educação e a caridade cristã, mesmo em meio a um mundo de antivalores, que nos obriga a vestirmos “máscaras”. A sinceridade precisa estar sempre ligada à prudência para direcionar o nosso propósito sempre para a verdade. Sendo francos e diretos no momento certo e da forma certa, evitaremos mal-entendidos e manteremos uma boa convivência com todos. A sinceridade é o cimento da amizade e o alicerce do matrimônio.
A fidelidade vem da fé, ser fidedigno, fiel à confiança que em nós depositam. É comprometer-se, cultivar, proteger e enriquecer os relacionamentos. A fidelidade se nutre do amor e não da obrigação. Devemos concentrar toda a nossa vontade em cumprirmos nossos compromissos, trabalharmos para nos mantermos unidos.
Infelizmente nossos relacionamentos são cada vez mais pobres, frios, curtos e virtuais. No mundo atual com sua cultura do descartável, se algo não nos satisfaz mais, em vez de procurarmos solucionar o problema buscando e combatendo as suas causas, simplesmente nos livramos dele. Nós vivemos dentro dela, mas podemos, sim, reforçar nossa identidade cristã. Adaptar-nos às circunstâncias não significa que devemos mudar nossa essência. Se algo não está bem, não devemos trocar de família, mas sim trocar de atitude, de comportamento. Para isto, é preciso estarmos dispostos a dialogar, a sermos tolerantes, não pensarmos só em nós mesmos... A lealdade significa ser sincero e honrado, estar ao lado de alguém para defende-lo e ampara-lo. A lealdade se vai construindo em uma relação quando há coisas em comum, porque compartilhamos dos mesmos princípios. Sem dúvida, uma das maiores dores morais é sermos traídos. A traição é cada vez mais freqüente por culpa do nosso individualismo e egoísmo. Ser leal implica em não falar mal dos outros, nem abandona-los quando surgem adversidades. É uma atitude que une a família e que só existe quando alguém se sente verdadeiramente parte daquele grupo.
A família cristã tem o grandíssimo desafio de formar na verdade e na retidão a consciência moral dos seus filhos, respeitando escrupulosamente sua dignidade e liberdade, de modo que lhes ajude a formar uma consciência reta sobre as grandes questões da vida humana: a adoração e respeito a Deus Criador e Salvador, o amor aos pais, o respeito à vida, ao próprio corpo e ao dos outros, o respeito aos bens materiais e a honra do próximo, a fraternidade entre todos os homens, o destino universal dos bens da criação, a não discriminação por motivos religiosos, sociais ou econômicos, etc. Pontos firmes deste ensino são os preceitos do Decálogo e as Bem-aventuranças.
Os pais devem educar hoje a seus filhos com confiança e valentia nestes valores essenciais, começando pelo mais radical de todos: a existência da verdade e a necessidade de procurá-la e segui-la para realizar-se como homens. Outros valores chave hoje são o amor à justiça e a educação sexual clara e delicada que leve a uma valorização pessoal do corpo e a superar a mentalidade e a praxe que o reduz a objeto de prazer egoísta.
Condição fundamental desta educação é criar nos filhos amor e sintonia com a Igreja e, mais em particular, com o Papa, os bispos e os sacerdotes; para que vejam neles a preocupação de uma boa mãe que os ama e só deseja ajudar-lhes a viver de modo reto e digno neste mundo e gozar da contemplação de Deus na Glória.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

FORMAÇÃO - Família Escola de Valores (4)


4- Os Valores do Espírito


Os valores do espírito nos colocam em intimidade com Deus, nos abrem para o transcendente. O cristão, movido pelo Espírito Santo, tem na oração o sentido da sua vida e do seu trabalho. A oração cria nele uma atitude de louvor e gratidão, aumenta a fé, conforta na esperança e o torna fiel no apostolado. A família cristã, evangelizada e evangelizadora, deve seguir o exemplo do Cristo orante, pois, assim como a Sua oração sustenta a Igreja, a oração da família a “Igreja Doméstica”.
O ESPÍRITO SANTO vive no interior de cada um de nós, que recebemos no dia do Batismo. Precisamos conhecê-lo, despertá-lo em nosso coração, estimulando-o com orações e atitudes de amor, a fim de podermos sentir a ação dos seus preciosos carismas, que verdadeiramente operam em todas as pessoas, clareando a consciência, conformando o caráter e as virtudes das pessoas, animando o fiel a buscar o modelo Divino, a fim de alcançar a paz interior e júbilo existencial, para sua satisfação pessoal e maior honra e glória da SANTÍSSIMA TRINDADE que nos criou. Destacamos como valores espirituais:
O Estado de Graça é a vida na Graça, dom gratuito de Deus que recebemos desde o Batismo, pelos méritos de Cristo que, com sua morte e ressurreição, nos devolveu a vida sobrenatural. O estado de graça mostra nosso grau de intimidade com Deus. Ele é perdido quando pecamos e, consequentemente, é restaurado pelos sacramentos da confissão e comunhão.
A é a virtude teologal que nos concede acreditar em Deus e em tudo o que ele nos ensinou e revelou e o que nos propõe pela sua santa Igreja. É a fé que possibilita o nosso contato com Deus ainda que não o vejamos face a face. Ter fé é confiar em Deus, no seu infinito poder e no seu amor infinito revelado por Cristo. A maturidade na fé se realiza através do nosso pleno cumprimento da vontade de Deus. Uma fé genuína nos permita levantar após cada queda, superando com alegria cada sofrimento por nos associarmos à Cruz de Cristo.
A família cristã é a principal transmissora da fé. É na família que se aprende a rezar, a ouvir a Palavra de Deus e a viver todas as virtudes, especialmente a caridade. Como a fé tem uma dimensão comunitária, a família cristã é chamada a evangelizar a sociedade.
A oração cristã é a relação entre Deus e o homem: pela ação do Espírito Santo, nos dirigimos ao Pai, em união com o Filho, feito homem. A oração é o diálogo pessoal com Deus, como entre pai e filho, é parte essencial na vivência cristã: ela promove a fé, cultiva a caridade e nutre a esperança. É a oração que faz de cada família uma Igreja Doméstica.
A oração é a base de toda vida espiritual e nos leva paulatinamente a termos os mesmos sentimentos de Cristo. Os sacramentos fazem crescer a vida espiritual, especialmente a Eucaristia, centro da vida da Igreja e fortaleza da família cristã. A intimidade com a Palavra de Deus e a devoção à Virgem Maria são também elementos básicos para a constância e perseverança na vida espiritual. Este progresso é o caminho para a santidade.
A meditação Bíblica, como nos recorda o Catecismo (§2653), a Igreja “exorta a todos os fiéis cristãos, com veemência e de modo peculiar... a que pela, frequente leitura das divinas Escrituras, aprendam ‘a eminente ciência de Jesus’...Lembrem-se, porém, que a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada pela oração a fim de que se estabeleça o colóquio entre Deus e o homem; pois ‘a ele falamos, quando rezamos; a ele ouvimos, quando lemos os divinos oráculos’”
A santidade é dom de Deus e precisa ser a meta de vida de cada cristão. Alguns acham que a santidade é um privilégio de alguns poucos eleitos, mas ser santo é missão de todo cristão, missão que nasce do Batismo. Todo cristão fiel é chamado à plenitude da vida cristã, à perfeição da caridade. O caminho da santidade começa nas tarefas familiares cotidianas, nos pequenos atos de amor, como Jesus nos mandou que amássemos uns aos outros como ele nos amou.
A vivência da vocação nos recorda que, na Igreja, somos todos vocacionados, chamados por Deus. A vocação à santidade matrimonial é essencial para o surgimento de família que formam cristãos justos para a Igreja e a sociedade. O discernimento vocacional é feito quando rezamos, ouvimos a voz do Espírito Santo na nossa reta consciência, visa sacramental, dedicação ao apostolado e sincera abertura ao amor de Deus em nossas vidas. É especialmente importante a orientação de um diretor espiritual ou confessor, bem como o apoio da família com relação a este discernimento.
Estes valores são conquistados com perseverança, dia a dia, por meio dos Exercícios Espirituais, que devem ocupar uma posição proeminente na vida de todas as pessoas e famílias, considerando que são necessários para forjar as almas no ideal cristão e na disposição de sempre servir, principalmente exercitando com atenção e disponibilidade a caridade, em favor daqueles que esperam e necessitam de ajuda.
A família é a primeira experiência de Igreja que recebe uma pessoa, pois nela a pessoa recebe uma primeira e elementar iniciação à fé, recebe os sacramentos mais importantes e tem a primeira experiência da caridade.
De fato, nascendo, os pais levam seus filhos para serem batizados e se comprometem a educar-lhes para que possam receber a Primeira Comunhão e a Confirmação, iniciando-lhes assim no mistério de Cristo e da Igreja. Quando já têm a capacidade de entender algo, ensinam-lhes as primeiras orações, abençoam os alimentos com eles, usam sinais religiosos, e iniciam-lhes nos primeiros passos do amor à Virgem Santíssima. Quando já são capazes de compreender algo, lêem com eles a Palavra de Deus e a explicam de uma maneira singela e acessível. No momento de assumir as responsabilidades de sua vocação pessoal: matrimonial, sacerdotal, religiosa, ou celibatária no meio do mundo, estão com eles. Desde o mesmo momento do seu nascimento, mostram-lhes um imenso carinho e uma constante dedicação, sobretudo, quando estão doentes ou têm alguma má formação ou deficiência física e/ou psíquica.
Uma experiência particularmente intensa de Igreja em família acontece quando pais e filhos participam na Missa do domingo. Nela, ao reunir-se com outras famílias e outros irmãos na fé, escutam a Palavra de Deus, rezam pelas necessidades de todos os necessitados e se alimentam de Cristo imolado por nós. A fé cresce e se desenvolve com estas experiências tão bonitas que dão sentido à vida ordinária, infundem paz no coração.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

FORMAÇÃO - Família, Escola de Valores (3)


3- O Amor é a Fonte de Todos os Valores

Definir o amor sempre foi algo difícil, mas todos nós sabemos o quanto o necessitamos, e que, sem ele, a vida perde o sentido. O AMOR não é precisamente um sentimento, mas um ato voluntário que é acompanhado por um sentimento. Ou seja, não é algo que aconteça por si só: somos nós que decidimos amar ou não. De fato, em praticamente todas as atitudes da nossa vida ele se encontra presente, seja porque o afirmamos ou o negamos.
Começo amando-me a mim mesmo para poder, depois, amar os demais: meu cônjuge, minha família, minha comunidade, meu país, o mundo inteiro. Mas é claro que existem diferentes classes de amor.
O amor aos pais, aos filhos, aos familiares, que começa pela proximidade e pelos laços genéticos que fazem crescer espontaneamente o afeto é um amor natural. Este é a razão de ser de uma família.
Outra forma de amor é a amizade, uma relação de afeto que se dá com aqueles que escolhemos manter uma relação baseada no afeto pela convivência cotidiana.
E, sem dúvida, há o amor que acontece entre o homem e a mulher, parte integrante da sexualidade. É um afeto que começa com uma atração, que evoluindo e amadurecendo, acaba por encontrar sua finalidade em fazer feliz a pessoa amada.
Infelizmente, com o estilo que vida que temos na atualidade, com as informações “deformadas” que recebemos diariamente pelos meios de comunicação e a velocidade com que vivemos a vida temos aprendido que o amor é algo banal, supérfluo, sexual, momentâneo, emocional, de impacto... A conseqüência disso são relacionamentos frustrantes, divórcio, rupturas familiares e carências de toda a ordem.
Se não formos egoístas, nem soberbos aprenderemos a amar verdadeiramente. Compreenderemos, assim, que muitos que causam danos aos demais é porque não sabem o que é o amor e, portanto, não são capazes de amar. O melhor remédio é o amor. Se formos capazes de dá-lo a todos, especialmente aos que mais necessitam dele, estaremos plantando sementes de um mundo melhor.
Sou capaz de amar quando:

- Ajudo os mais necessitados
- Desejo o bem dos outros
- Alegro-me com o êxito de alguém
- Escuto todos com atenção
- Procuro eliminar meus defeitos
- Sou capaz de sorrir até nas dificuldades

Mas não podemos deixar de falar em AMOR sem associá-lo ao próprio Deus. O amor verdadeiro vem de Deus e o ser humano só é capaz de amar justamente por foi criado à imagem e semelhança de Deus, que é amor. É o que nos lembra Bento XVI:
« Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele » (1 Jo 4, 16). ... Nós cremos no amor de Deus — deste modo pode o cristão exprimir a opção fundamental da sua vida. Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo. No seu Evangelho, João tinha expressado este acontecimento com as palavras seguintes: « Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu o seu Filho único para que todo o que n'Ele crer (...) tenha a vida eterna » (3, 16). Com a centralidade do amor, a fé cristã acolheu o núcleo da fé de Israel e, ao mesmo tempo, deu a este núcleo uma nova profundidade e amplitude. O crente israelita, de fato, reza todos os dias com as palavras do Livro do Deuteronômio, nas quais sabe que está contido o centro da sua existência: « Escuta, ó Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor! Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças » (6, 4-5). Jesus uniu — fazendo deles um único preceito — o mandamento do amor a Deus com o do amor ao próximo, contido no Livro do Levítico: « Amarás o teu próximo como a ti mesmo » (19, 18; cf. Mc 12, 29-31). Dado que Deus foi o primeiro a amar-nos (cf. 1 Jo 4, 10), agora o amor já não é apenas um « mandamento », mas é a resposta ao dom do amor com que Deus vem ao nosso encontro. (..)
Em primeiro lugar, recordemos o vasto campo semântico da palavra « amor »: fala-se de amor da pátria, amor à profissão, amor entre amigos, amor ao trabalho, amor entre pais e filhos, entre irmãos e familiares, amor ao próximo e amor a Deus. Em toda esta gama de significados, porém, o amor entre o homem e a mulher, no qual concorrem indivisivelmente corpo e alma e se abre ao ser humano uma promessa de felicidade que parece irresistível, sobressai como arquétipo de amor por excelência, de tal modo que, comparados com ele, à primeira vista todos os demais tipos de amor se ofuscam. Surge então a questão: todas estas formas de amor no fim de contas unificam-se sendo o amor, apesar de toda a diversidade das suas manifestações, em última instância um só, ou, ao contrário, utilizamos uma mesma palavra para indicar realidades totalmente diferentes?
Ao amor entre homem e mulher, que não nasce da inteligência e da vontade mas de certa forma impõe-se ao ser humano, a Grécia antiga deu o nome de eros. Diga-se desde já que o Antigo Testamento grego usa só duas vezes a palavra eros (paixão) , enquanto o Novo Testamento nunca a usa: das três palavras gregas relacionadas com o amor — eros, philia (amor de amizade) e ágape — os escritos neo-testamentários privilegiam a última, que, na linguagem grega, era quase posta de lado. Quanto ao amor de amizade (philia), este é retomado com um significado mais profundo no Evangelho de João para exprimir a relação entre Jesus e os seus discípulos. A marginalização da palavra eros, juntamente com a nova visão do amor que se exprime através da palavra agape, denota sem dúvida, na novidade do cristianismo, algo de essencial e próprio relativamente à compreensão do amor. (Deus Caritas Est, 1-3)

A família que queira viver o amor como fonte de todos os demais valores precisa perseverar na Comunhão íntima com Cristo, que foi quem nos revelou o amor do Pai. A vida sacramental, de oração e de caridade preparam nossa inteligência e vontade para sermos fiéis aos valores que o amor nos aponta a praticarmos. Este trecho de artigo de Padre Luiz Antônio Bento, da Comissão Nacional de Pastoral Familiar, é bastante esclarecedor:
“Educar para o amor é despertar para a resposta a Deus, sobretudo através do próximo. Educar para o amor requer conhecimento claro das dimensões e formas do amor humano. O amor altruísta (ágape) é o que mais se aproxima da novidade cristã. É a dimensão gratuita do amor, que nada espera em troca. O amor incondicional vivido e comunicado por Jesus Cristo. Ama-se pelo dom de amar e de sair de si ao encontro do outro. O amor verdadeiro é sempre um ato de reciprocidade, uma constante oblação, recepção, acolhida. Quem ama vai além da materialidade, passa a uma visão personalista, na qual o outro não é considerado um objeto. O puro “eros” é superado e permanece o amor como oferecimento de si. O amor ágape é o que existe no coração de Deus (cf. Jo 3,16), um amor incondicional, desinteressado. Já a espera de recompensa e de retorno do amor oferecido representa, talvez, aquilo que torna o ser humano menos livre para submeter o amor humano ao ágape de Deus.”

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

FORMAÇÃO - Família, Escola de Valores (2)


2- O QUE SÃO OS VALORES?


Inicialmente, pode-se pensar em valor no sentido material e financeiro. Pretendemos falar de valor como um bem imaterial digno de apreciação, desejável, identificável com ações positivas e boas, orientado para o bem da pessoa e o bem comum. É uma opinião estável, identificável com uma posição ética. Entram, assim, na categoria da discussão de valores especialmente aqueles referidos como a família, o aborto, o direito à vida, a fecundidade e similares.
Sem valores uma pessoa ou grupo fica fraco, sem orientação, exposto a tudo o que existe no mundo. Vira “presa fácil” para que os meios de comunicação incutam sua ideologia mundana. Ter e cultivar valores liberta as pessoas e as faz enxergar o sentido da vida. É importante perceber que os valores são nossa fonte de motivação.

A família é o lugar apropriado, onde o homem nasce, cresce e recebe as primeiras noções da verdade e do bem. É onde são ensinados os valores culturais, éticos, e religiosos, que são essenciais para o desenvolvimento e bem-estar tanto dos seus próprios membros como da sociedade. É a primeira escola das virtudes que todos os povos necessitam. A família ajuda a que as pessoas desenvolvam alguns valores fundamentais que são imprescindíveis para formar cidadãos livres, honestos e responsáveis, por exemplo, a verdade, a justiça, a solidariedade, o amor aos outros, a tolerância, etc.
Os seres humanos, criados à imagem e semelhança divina, são capazes, pelo uso de sua razão, de reconhecer os valores, construí-los e elevá-los a uma dimensão sobrenatural. Os valores humanos ganham um sentido transcendente quando Cristo assume a nossa natureza humana e abre para o gênero humano a possibilidade de tender à perfeição ao nos redimir com sua Cruz.
Muito embora cada valor seja importante, é fundamental haver uma hierarquia adequada na qual o espiritual conte mais que o material. A classe de valores espirituais contribui diretamente para a plena realização da pessoa e da sociedade, enquanto que os valores materiais têm ação muito limitada neste sentido.

Em nome de que poderíamos afirmar que um ato humano é bom ou mau, que tal conduta é justa ou injusta, que tal comportamento é correto ou não? Sobre o que se apóiam os valores?
Nas sociedades que nos precederam um dos pilares era religioso, sem dúvida. Deus manifesta sua vontade através de sua lei. Ao contrário do que muitos possam pensar, isso não “diminui” a inteligência humana; ao contrário, de toda a criação, apenas o homem é capaz de chegar ao conhecimento da verdade. É intrínseco à dignidade do homem que sua inteligência tenha sido criada com a capacidade de apreender a Verdade.
O segundo fundamento era de caráter metafísico, o que poderíamos chamar de “consciência”. Mas, e hoje? Não nos parece que estes dois pilares foram derrubados?!

A educação para os valores é fundamental para o equilíbrio pessoal e social. Uma pessoa conhece os valores através da sua inteligência e os desenvolve através da sua vontade. Ela avalia, julga ordena, classifica e os aplica para a sua vida. A família é a escola de valores por excelência, onde aprendemos os valores pela força dos laços afetivos que unem cada um de seus membros entre si.
Quais são, então, os requisistos essenciais da família que forma as novas gerações? Quais são os estímulos e proteções para que os filhos cresçam saudáveis e fortes? Qual a receita para formar pessoas responsáveis e úteis ao próximo?
Ora, especilamente após a II Guerra Mundial, o conceito natural de família foi posto em xeque, questionado como um produto cultural, uma instituição rígida e cheia de prejuízos para o desenvolvimento humano. O início dos ataques à família tinha como pretexto atacar o autoritarismo da figura paterna. Esta postura ignora, ou finge ignorar, que, se não existir uma figura de referência é instalado o caos. As tentativas de se abolir a autoridade paterna só vieram esvaziar o papel da figura masculina dentro da família e, consequentemente, prejudicar seu desempenho. Isto vem trazendo grandes prejuízos à formação integral da criança.
Já está comprovado que nenhuma organização social podem substituir as inúmeras contribuições que a família dá: afetividade, assistência, bem-estar, sustentabilidade, mas, sobretudo, a função educativa. Qualquer um pode dar um brinquedo a uma criança, mas a mãe que cuida do seu filho com amor, lhe transmite sinais de ternura que os filhos guardam na memória como sensações positivas. Estes sinais representam um alimento espiritual de que os filhos se nutrem, porque uma das poucas certezas que temos é que "não só de pão, vive o homem.". Portanto, a criança inicia o seu conhecimento do mundo externo através da ternura que recebem. Essa é a primeira experiência fundamental que a acompanhará pelo resto de sua vida. A partir daí, ela poderá desenvolver a confiança.
A família formada por um pai e uma mãe que se amam e se respeitam e por seus filhos que são cuidados e ajudados a crescer fisicamente e espiritualmente é o melhor lugar para se desenvolverem as novas gerações. Pelo simples fato de ser, na família, o lugar em que se começa a aprender as regras morais de maneira natural, através do agir cotidiano. Não servem os livros de Psicologia, que podem, muitas vezes, confundir as ideias. Serve o instinto natural de uma mãe que ama o filho, com o sustento do pai que a ajudará no momento oportuno.
Na família em que não se renunciou a responsabilidade educativa e que dá um bom exemplo, a criança aprende o alfabeto do código moral e a necessidade de conter os impulsos egoístas próprios da natureza humana, corrompida pelo pecado, por amor à mãe e ao pai. Aprende que não pode ter tudo o que quer, na hora que quer, mas que existem etapas na vida: hoje se pode fazer uma coisa, amanhã, outra. Aprende a conter a frustração, a procrastinar os desejos, a dividir os brinquedos e os afetos.
Os filhos experimentam o senso moral nos Dez Mandamentos bíblicos, o mínimo denominador comum no relacionamento com Deus e os demais. Se cada um pudesse decidir o que é certo e o que é errado – como deseja a nova moral moderna, seguindo o dogma da liberdade de escolha --- o resultado será o caos ético e o vandalismo universal (que já está se instalando...). Por que a criança aceita limites e imposições que não são naturais no seu estado de desenvolvimento? Porque sentem que lhe pedem um sacrifício, mas que querem bem a ela. Ela tem confiança em quem lhe põe os limites, que isto será para o seu bem.
O modelo cristão de família vê o amor como elemento básico e não como chantagem emocional e é o amor dos pais que gera a confiança nos filhos, bem precioso que não pode ser perdido. Se isto acontecer não haverá possibilidade de intervir de modo produtivo: qualquer intevenção, por melhor que fosse, seria interpretado de modo errôneo. Não trair nunca a confiança é regra fundamental, nunca mentir.
A instituição familiar não é isenta de problemas, uma vez que e composta por pessoas em toda a sua complexidade, com características indiviuais, fraquezas e inseguranças. Apesar das tensões fica o saldo positivo do amor. O fato de sermos seres humanos imperfeitos e ainda estamos longe de sermos famílias ideais não significa que não precisemos de modelos e nem que não velha a pena lutar. Sempre é possível, ao menos, nos aproximarmos da nossa meta.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

FORMAÇÃO - Família, Escola de Valores (1)


Aproveitando o tempo do Advento, trazemos uma série de nove reflexões sobre a importância de se cultivar os valores cristãos dentro da família. Esperamos que possam ser bem meditadas, podendo ser usadas enquanto fazemos a Novena de Natal ou, ainda, como formação pastoral.


1- FAMÍLIA, ESCOLA DE VALORES


A família, nascida da íntima comunhão de vida e de amor, é o fundamento da vida das pessoas e o protótipo de toda organização social. É o lugar apropriado no qual o homem nasce e cresce, recebe as primeiras noções da verdade e do bem, onde aprende o que quer dizer amar e ser amado e, por conseguinte, o que quer dizer ser pessoa. É o âmbito mais apropriado para o ensinamento e transmissão dos valores culturais, éticos, sociais, espirituais e religiosos, que são essenciais para o desenvolvimento e bem-estar tanto dos seus próprios membros como da sociedade. De fato, é a primeira escola das virtudes sociais, que todos os povos necessitam. A família ajuda a que as pessoas desenvolvam alguns valores fundamentais que são imprescindíveis para formar cidadãos livres, honestos e responsáveis, por exemplo, a verdade, a justiça, a solidariedade, a ajuda ao débil, o amor aos outros por si mesmos, a tolerância, etc.
A principal questão que a família de hoje deve encarar na educação cristã dos seus filhos não é apenas religiosa mas principalmente antropológica: o relativismo radical ético-filosófico, segundo o qual não existe uma verdade objetiva sobre o homem e, por conseguinte, tampouco sobre o matrimônio e sobre a família... O relativismo afirma também que Deus não existe e que nem é possível conhecê-lo, e tampouco existem normas éticas e valores permanentes. Diante desta realidade tão radical e condicionante, a família tem hoje a inevitável tarefa de transmitir aos seus filhos a verdade sobre o homem. A família é a melhor escola para criar relações comunitárias e fraternas, frente às atuais tendências individualistas. De fato, o amor – que é a alma da família em todas as suas dimensões – só é possível se houver entrega sincera de si mesmo aos outros.
A família cristã tem o grandíssimo desafio de formar na verdade e na retidão a consciência moral dos seus filhos, respeitando escrupulosamente sua dignidade e liberdade, de modo que lhes ajude a formar uma consciência reta sobre as grandes questões da vida humana: a adoração e respeito a Deus Criador e Salvador, o amor aos pais, o respeito à vida, ao próprio corpo e ao dos outros, o respeito aos bens materiais e a honra do próximo, a fraternidade entre todos os homens, o destino universal dos bens da criação, a não discriminação por motivos religiosos, sociais ou econômicos, etc.