sábado, 25 de maio de 2013

III SIMPOSIO NACIONAL DA FAMILIA


     

      Dom João Carlos Petrini, Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família, deu as boas-vindas as famílias presentes para o III Simpósio Nacional da Família que acontece na Canção Nova, em Cachoeira Paulista. Em seguida, a abertura do Simpósio foi feita por Dom Raymundo Damasceno, que em seu discurso, ressaltou que a missão da família crista é de educar na fé da Igreja os filhos que Deus lhes confiar. O tema do Simpósio – Educação e Transmissão da Fé aos Filhos – esta, portanto, em profunda harmonia com o Ano da Fe que estamos vivendo e com o tema da JMJ Rio 2013, que se aproxima.
Dom Raymundo ressaltou que o maior fruto da fé, é em ultima analise, a santidade. Deu o exemplo de Santa Teresinha, que, ao ver seu pai recolhido em oração, teve o exemplo concreto da paternidade divina. A família assume, assim, a parte que lhe cabe e toma a justa direção para que os filhos encontrem, pela fé, o sentido de suas vidas. De fato, a família e lugar privilegiado para que o ser humano atinja o plano de Deus em sua vida. E os pais são convocados por Jesus a redescobrirem a alegria de crer e redobrar o entusiasmo de proclamar a fé. Concluiu, animando a todos a se confiarem a Mãe Aparecida para bem desempenharem este papel educador.

1º tema – O matrimônio e a família segundo o desígnio de Deus (Dom João Carlo Petrini)
Disse João Paulo II que quando se há muita confusão, como nos dias de hoje, é preciso voltar as origens para reaprenderem o projeto de felicidade plena de Deus. A família fundada por Deus por meio do matrimonio entre homem e mulher e o bem mais decisivo para que a sociedade encontre a paz. O futuro da humanidade passa pela família, disse o beato na Familiaris Consortio. Sabemos que hoje, apesar da propaganda contraria, muitas pessoas fazem uma experiência muito positiva da família. Em uma pesquisa recente, encomendada por um jornal de grande circulação, 98% dos entrevistados consideravam a família como a coisa mais importante de suas vidas.
Sabemos também que é preciso redescobrir o fascínio pela beleza do matrimônio e da família. Um novo começo e necessário porque muitos princípios até óbvios sobre a família parecem ignorados pela cultura contemporânea, ou gravemente deformados. Propõe também o documento de Aparecida que é preciso recomeçar a partir de Jesus Cristo.
Um primeiro ponto que vale a pena refletir é que o ser humano não se faz a si mesmo, mas é criado. Recebemos de graça a vida. Somos criados, queridos, amados. Pai e mãe foram os colaboradores de uma vontade e de um amor infinitamente maior, que veio do próprio Deus. Por isso, podemos dizer que cada ser humano é relação com o mistério criador. Um bica de água só existe por há uma manancial muito maior que não vemos. Entre eles existe um canal, uma comunicação. Assim também deve ser nossa comunicação com Deus e é exatamente por daí que vem nossa dignidade humana inviolável. Daí vem a afirmação de João Paulo II que a pessoa humana jamais pode ser usada como um objeto.
A pessoa tem sua singularidade. Cada um é especial, pois não somos apenas um individuo a mais de uma mesma espécie. A pessoa é marcada por uma vida interior e também pela capacidade de escolher, diferentemente dos animais que vivem por puro instinto, apenas segundo sua natureza carnal. O ser humano tem a capacidade de crescer, de se desenvolver, de fazer escolhas para atingir o melhor em sua vida.
No livro do Gênesis lemos que Deus criou o homem a sua imagem e semelhança. Podemos concluir que somos semelhantes a Deus pela inteligência e também pela capacidade de amar. Mas João Paulo II também recorda que somo semelhantes a Deus porque, como ele, somos chamados a viver na comunhão, vivendo em relação de amor uns com os outros. Na comunhão encontramos a origem da nossa vida que é essa nascente, essa fonte inesgotável da nossa vida terrena. A comunhão também é o nosso destino, quando retornaremos a casa do Pai. Mas a comunhão também esta no meio do caminho. Nos encontrando com os outros, construindo comunhão já aqui nesta vida. E a comunhão esponsal é a primeira e mais importante que imita a comunhão da Santíssima Trindade. Vemos assim a grandeza da família nos planos de Deus. Deus não é solidão, mas família, disse o mesmo João Paulo II, Deus é Pai, é Filho e é amor. Assim, a família não é algo estranho a Deus. A comunhão familiar é chamada a ser um sinal visível da comunhão de Deus.
Uma outra palavra do Gênesis nos lembra que Deus nos criou homem e mulher. João Paulo II, no Mulieris Dignitatem, nos convoca a reconhecermos a intenção do Criador na diferença sexual. E desígnio de Deus para que os seres humanos, pela comunhão da diferença, inclusive em sua constituição corpórea, sejam fecundos e participem o seu processo criador. O ser humano existe para a relação com o outro que o complementa, até mesmo fisicamente. Fomos feitos para a doação e para o vinculo amoroso, e a diferença sexual é um meio privilegiado para isso. A dignidade e os direitos de homens e mulheres são os mesmos, mas a beleza de cada um esta na diferença.
A família permanece como o lugar em que as exigências humanas profundas (de amor, aceitação, de felicidade, etc) são mais fortemente respondidas.
Como esta comunhão se torna possível: da mesma forma que acontece na Trindade. Pelo dom total de si para o outro. Assim também nos somos chamado a repetir esta atitude no dia-a-dia, doando-nos uns aos outros.
Esta é a visão cristã, que passa, até mesmo pelo sacrifício por amor ao outro. Isso aprendemos olhando para Jesus. São Paulo, na carta aos Efésios, convida os maridos a amarem suas esposas como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela. Mas essa não é a mentalidade que prevalece no mundo, mas, ao contrario, sobressai o egoísmo, mesmo com sacrifício de outros. Isto é exatamente o oposto do desígnio de Deus para a nossa vida. Só o cumprimento da vontade de Deus e que vai nos trazer a verdadeira felicidade.
O ser humano vive num patamar muito mais elevado do que os animais. Buscamos o amor e a verdade. Por isso, vemos novamente no Gênesis que Deus cria a mulher para auxiliar o homem nesta busca pela comunhão. É a via para a realização humana.
O sacramento do matrimonio torna presente a morte e a ressurreição de Jesus na vida conjugal, não só na cerimônia em si, mas no dia-a-dia. O casal vive imerso na fonte de amor que e o coração transpassado de Cristo. O casal cristão, pelo matrimonio, participa do dom esponsal de Cristo, pois reflete o amor e a doação de Cristo pela sua Igreja. O sacramento é o canal que permite que esta graça chegue ate os nossos lares.
A imagem da família como Igreja Domestica – que vem do quarto século, com São João Crisóstomo – foi retomada no Concilio Vaticano II e também por João Paulo II e Bento XVI. É um tema-chave para o futuro da evangelização. A família pequena igreja é chamada a ser um sinal da grande Igreja a ser um sinal profético do Reino de Deus. Na Igreja encontramos Jesus, rezamos, trocamos o abraço da paz, partilhamos o pão... na família também não podemos viver e compreender estas realidades admiráveis?!
E um último ponto e a missão evangelizadora da família. Família Igreja Doméstica e santuário chamada a acolher a vida nova e a vida na sua etapa final e, portanto, chamada a tarefas grandiosas. E é chamada a abraçar sempre mais a missão de Igreja. A família não pode só olhar para dentro, mas é convocada a olhar para fora, para os outros que tanto precisam de amor. A família e chamada a
- Preservar o amor verdadeiro, não a emoção momentânea, mas que quer afirmar o bem da outra pessoa. A família precisa ser o lugar mais provável onde se testemunha isso, sendo sinal para os outros que nunca encontraram um amor verdadeiro e gratuito.
- Revelar o amor em meio à sociedade que parece estar se desumanizando. Sendo um reflexo vivo da participação da comunhão divina já neste mundo.
Chegou a hora da família! Chegou a hora da família missionária! Disse João Paulo II. O amor dos batizados casados não somente é abençoado por Deus, mas é por Ele assumido. É sua representação real e concreta na Terra. Sua natureza eclesial torna Jesus Cristo presente entre nós. Olhemos para a Sagrada Família de Nazaré, protótipo da Igreja Doméstica. Ali estava o trabalho, a oração, a presença de Jesus. E é para Ele que vivemos, Ele e a razão da nossa alegria. As nossas famílias devem participar desta mesma alegria, este e o nosso chamado, enquanto família. Participaremos, assim, da renovação deste mundo, retomando o desígnio de Deus.

2º tema – Família e Sociedade (Marcelo e Ariane Dias)
Como as ciências humanas de modo geral vêem a família hoje. O casamento que esta em vigência, ainda que seja muito questionado, é o modo ainda hoje ordinário para a convivência entre o homem a mulher e seus filhos. Levi Strassus diz que a união mais ou menos durável entre o homem, a mulher e seus filhos é algo presente em todas as culturas.
O casamento civil, a família como esta constituída, essa instituição precisa ser redefinida? Lembremos que na família não se transmite só a vida, mas também o sentido da vida. E na família que a criança e acolhida e amada de modo gratuito, onde se aprende a conviver com as diferenças, onde aprendemos a enfrentar os primeiros desafios... cada acontecimento é oportunidade de aprendizado. É espaço de solidariedade, cuidado e partilha. Nela também são treinadas as atitudes que serão necessárias para a convivência social mais ampla. Não tem relevância, portanto, só em si mesma, mas e fundamental para toda a sociedade. E um bem para todos.
As diversas atividades que se desenvolvem na família – nascer, crescer, gerar os filhos, trabalhar, adoecer, morrer – podem acontecer também fora dela. Mas pense como são muito melhores se forem vividas no ambiente familiar. A família, portanto, é uma experiência fundamental.
Se tudo o que a família faz fosse terceirizado, a sociedade entraria em colapso. Mas existem condições necessárias a isso para que ela responda de forma satisfatória a essas demandas da pessoa e da sociedade. Uma delas e a estabilidade. Numa família estável os cônjuges assumem de maneira publica o cuido um pelo outro e pelos filhos. O ambiente de estabilidade e o ideal para o pleno desenvolvimento de uma criança e sua educação. Píer Paulo Donatti diz que a força dos vínculos aumenta a equidade até dos bens na sociedade de uma forma geral, pois se vive constantemente a divisão, a partilha. As pessoas aprendem a cooperar mais e a se ajudarem nos desafios.
A família também é uma rede de relacionamentos que define o rosto com que cada pessoa se apresenta a sociedade. Uma pessoa cheia de problemas familiares vai repercutir na forma como a pessoa se comporta em todos os seus outros ambiente sociais. Quem vive bem na família leva alegria, amor, justiça e paz onde quer que estejam. Eu sou minhas relações. Quanto melhores forem minhas relações familiares, melhor serão todos os espaços onde nos relacionamos.
Na família eu valho pelo que sou. No trabalho, valemos pelo nosso desempenho. Se falhamos, perdemos nosso espaço. Na família valemos por tudo o que somos, e não por um único aspecto ou talento.
A família é um grupo de pessoas que se caracteriza pela plena reciprocidade e cooperação entre os sexos (eixo horizontal) e as gerações. (eixo vertical).
Já a sociedade pós-moderna acredita que na concepção que a realização da vida esta na busca do bem estar pessoal, ainda que seja em detrimento da felicidade do outro.
No horizonte vemos quatro mudanças que são grandes desafios para a família
1)      Definição de liberdade – liberdade e estar livre de qualquer amarra, especialmente os vínculos a outras pessoas, para que assim eu possa me realizar pessoalmente. Nesta concepção a família é um obstáculo para a felicidade.
2)      2) Ideologia de Gênero – é uma nova filosofia da sexualidade. O gênero e uma escolha pessoal e não uma determinação genética, biologia e psicologia, e menos ainda, um desígnio do Criador. Libertar-se a sociedade que impõe parâmetros e fundamental.
3)      Libertar-se dos elemento amor – sexualidade – procriação – esses elementos unitivos no matrimonio são separados. A sexualidade é vivida como uma brincadeira sem conseqüências... e muitos mecanismo são criados para manter isso, como por exemplo, a contracepção. Por outro lado, o filho pode ser uma encomenda, um produto de laboratório e não um dom de Deus, como nos casos de reprodução artificial.
4)      A base da família é a afetividade – o sentimento é colocado como o único critério para unir as pessoas. Isso é um perigo porque os afetos são frágeis e efêmeros. Jamais podemos aceitar uma família baseada no afeto, pois será como a casa construída sobre a areia. O afeto e uma dimensão subjetiva da família, mas não se podem esquecer suas dimensões permanentes - conjugalidade, paternidade, maternidade, filiação, fraternidade. Apenas com o afeto, não só a família, mas todas as relações sociais ficam fragilizadas. E quanto mais frágil estiver a família, mas frágil ficara também a sociedade.

Na sociedade de hoje, muitos jovens não estão mais almejando a família como algo natural, mas, cada vez mais se torna uma decisão. E essa decisão precisa ser cheia de razão.  Perceber que ela é uma vocação, um chamado de Deus para a nossa felicidade. Dar razões para que as novas gerações também escolham a família e a nossa missão.
No contexto em que qualquer convivência quer tomar para si o titulo de família, precisamos analisar bem qual tipo de relacionamento mais contribui para a pessoa e a sociedade.

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