sexta-feira, 16 de abril de 2010

I Encontro Nacional Sobre a Espiritualidade do Acolhimento e da Adoção (3)


Aspectos Pasicológicos do Trauma do Abandono Infantil


(Dra. Maria Antonieta Pisano Mota)




As crianças que foram abandonadas trazem em sia muitas marcas por causa do luto do desapego. Mas a resposta a essa perda dependerá de vários fatores: o grau de intimidade das relações anteriores, a idade da criança, seu grau de resiliência à situações difícieis...


Toda criança passa de um grau de total depedência ao nascer até que vá, aos poucos, adquirindo certa autonomia. Esse caminho é percorrido com a ajuda dos adultos e nessa relação com eles é que se molda sua personalidade, a matriz fundante do "si mesmo".


A falta de um espelho que ajude a criança a se formar causa danos constitutivos. Mesmo que a família da criança esteja destruída, a dor da separação não é diminuida quando ocorre a instituicionalização. Um teto sobre a cabeça e um prato de comida não matam outras "fomes" que o ser humano tem, pois uma casa não é um necessariamente um lar.


Longe do referencial familiar nascem o medo e a insegurança. O tempo passa e não resta outra alternativa à criança: adaptar-se a uma vida sem amor. E daí surgem as sequelas. A revolta se transforma em silêncio... Vovó já dizia: "Ema águas paradas, crescem os vermes.". Sua defesa é tornar-se indiferente e não criar mais vínculos para evitar o sofrimento. É a esterilidade emocional.


Um primeiro passo importantíssimo é realizar um históricio -- o mais específico possível -- da vida da criança. Assim, será possível ter indícios para saber se ela poderá ser capaz de estabelecer vínculos novamente se um grau maior de segurança lhe for fornecido.


A falta da vida em família, a falta de atenção, a prática de atividades instituicionalizadas, a falta de estabilidade nos vínculos afetivos são aspectos que se opõe à base da formação humana na família. Essas privações causam sérios problemas neurolóicos, físicos, cognitivos, afetivos e sociais. Há vários casos de atraso psicomotor, ansiedade, depressão, deixar de sorrir para o rosto humano, inapetência ou o fato de não ganhar peso, mesmo que esteja alimentada, estado de marasmo e... até morte, de fato!


Nas instituições não há espaço para as necessidades individuais. A oportunidade de ter seu canto, seu briquedo, sua roupa, deter acesso às coisas e lugares da casa quando quiser são aspectos que só se vivem em família. Por isso, a abertura ao mundo e ao outro são bastante limitadas e a angústia de enfrentar um mundo desconhecido é terrível! Nasce a desesperança e o adolescente transferirá todos esses traumas para seus relacionamentos futuros.


O mais desejável é que o abandono seja prevenido com um maior apoio às famílias de origem para que não se chegue ao recurso da instituicionalização ou da adoção.


Uma experiência de amor pode apagar as feridas do passado transformando-as em cicatrizes, que fazem parte da história de vida da pessoa, mas já não machucam mais. Há que se fazer um bom trbaalho de preparação dos pais adotivos para que não desejem o impo´ssível: um filho sem história. Todos nós passamos por situações que não escolhemos e isso não foi impeditivo para amarmos e sermos amados. Se entendemos o abandono como um abuso à infância e adolescência devemos continuar lutando por aquilo que essas crianças pede: um pouco menos de medo, um pouco mais de justiça e de esparança. Assim, os filhos da solidão poderão ser filhos do coração.


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