segunda-feira, 26 de abril de 2010

I Encontro Nacional Sobre a Espiritualidade do Acolhimento e da Adoção (6)



Acolher em nome de Jesus: A Espiritualidade do Acolhimento
(Padre Maurizio Chiodi)



1- Como perfil antropológico da adoção podemos destacar os seguintes aspectos:
- A esterilidade (motivo que leva a maioria dos casais a buscarem a adoção)
- A procura de um filho
- A disponibilidade de acolhê-lo
Entrelaçam-se o desejo de um casal ter filhos e o desejo da criança ter uma família. Embora muitas vezes até mesmo o magistério da Igreja tenha unido conjugalidade e geração estes dois aspectos não estão subordinados. A verdade é que o desejo e a possibilidade de ter filhos deve estar presente na relação e nutrir o casal com a abertura ao outro. Este é o voto criador do matrimônio. Aí está a espera do desejo e a esperança de realizá-lo.
O nascimento de um filho revela a verdade da vida, fato que dá a conhecer a presença de Deus. Por isso, os filhos não são propriedades dos pais, mas de Deus. Essa é a verdade antropológica que os pais celebram no Batismo: consagrar os filhos a Deus.
Encontrar o sentido da esterilidade exige grande esforço, pois é uma prova difícil para o casal. A pergunta que deve tornar frutífera a esterilidade é: “O que este sofrimento nos ensina?” Assim, ela pode ser entendida e vivida como uma experiência de Deus.
A adoção é uma das formas que torna a esterilidade fecunda. Realiza um entrelace gracioso entre o sofrimento da esterilidade do casal e a dor do abandono de uma criança. Adoç4ao é, ao mesmo tempo, uma resposta ao apelo de uma criança e um chamado (vocação) de Deus. A adoção revela que a paternidade e a maternidade não são atos biológicos, mas criativos.
Nossa identidade mais profunda é filial. Muitos passarão pela vida sem saber o que é assumir o papel de pai, mãe, irmão, mas todos nós somos filhos. E o centro dessa experiência filial é sentir-se amado incondicionalmente.

2- A experiência adotiva como novo lugar para a Teologia
Na adoção evidenciam-se tanto aspectos antropológicos como teológicos. A experiência do próprio Cristo ilumina a interpretação da experiência da criança adotada. Também o momento de abandono que Cristo experimentou na cruz ajuda a compreender o que a criança abandonada vive. A experiência do cristão é a de ser filho adotivo de Deus Pai.

3- A Pastoral Familiar e a experiência associativa
Algumas prioridades de ação se impõe:
- Que a família passe de objeto a sujeito da prática pastoral
- Reconhecimento da qualidade espiritual da Pastoral Familiar
- Qualidade testemunhal da obra e da presença da família na Igreja
- Abertura para uma dupla dimensão da ministerialidade conjugal: (1) a preparação ao matrimônio; (2) o acompanhamento das famílias já constituídas
- A formação de comunidades de famílias abertas à adoção
- Fomentar a elaboração de um rito litúrgico de bênção da adoção

Adoção é um carisma específico. É ter coragem de passar do assistencialismo para uma das formas mais eloqüentes de caridade cristã.


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