terça-feira, 7 de junho de 2011

I SIMPÓSIO DA FAMÍLIA (4)



A primeira parte do Simpósio da Família, em Aparecida, terminou com um momento de resposta às perguntas da assembléia. O debate contou com os três palestrantes da manhã: Padres Rinaldo e Zezinho e Dom Petrini.




DEBATES




Renúncia, sacrifício da vida familiar podem ser sinônimo de trocar algo menos importante por algo mais importante?
Padre Rinaldo: Troca indica interesse. A gratuidade é a chave do amor. Renunciar significa lembrar-se das escolhas já feitas, que devem pesar na nossa vida presente. Sacrifício significa tornar sagrado. Para termos êxito em nossos relacionamentos precisamos sair de nós para irmos ao outro.

Explique melhor o que há de equivocado na expressão "tomar posse"?
Padre Zezinho: Uma coisa é tomar posse da graça de Deus é bem diferente de forçar que Deus me dê o que eu quero. Quem diz que você tem que tomar posse do sucesso, do emprego, etc. Isso é errado. Nós não possuímos nada. Deus é que tem o poder, nós temos o pedir. Deus é que tem que tomar posse de nós.

No mundo de hoje é possível buscar a santidade e não se contaminar?
Dom Petrini: Prudência e capacidade de avaliar. Diz I Tes: “Avaliai tudo; ficai com o que é bom.” É preciso abandonar posturas ingênuas diante de filmes, propostas pedagógicas, etc. Não nos deixemos seduzir. Uma família mais consciente pode e deve ajudar a outra.

Comente a questão das uniões homossexuais.
Dom Petrini: Cito a nota da CNBB: "... dirigimo-nos a todos os fiéis e pessoas de boa vontade para reafirmar o princípio da instituição familiar e esclarecer a respeito da união estável entre pessoas do mesmo sexo. (...) A diferença sexual é originária e não mero produto de uma opção cultural. O matrimônio natural entre o homem e a mulher bem como a família monogâmica constituem um princípio fundamental do Direito Natural. As Sagradas Escrituras, por sua vez, revelam que Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança e os destinou a ser uma só carne (cf. Gn 1,27; 2,24). Assim, a família é o âmbito adequado para a plena realização humana, o desenvolvimento das diversas gerações e constitui o maior bem das pessoas.
As pessoas que sentem atração sexual exclusiva ou predominante pelo mesmo sexo são merecedoras de respeito e consideração. Repudiamos todo tipo de discriminação e violência que fere sua dignidade de pessoa humana (cf. Catecismo da Igreja Católica, nn. 2357-2358).
As uniões estáveis entre pessoas do mesmo sexo recebem agora em nosso País reconhecimento do Estado. (...) Equiparar as uniões entre pessoas do mesmo sexo à família descaracteriza a sua identidade e ameaça a estabilidade da mesma. É um fato real que a família é um recurso humano e social incomparável, além de ser também uma grande benfeitora da humanidade. Ela favorece a integração de todas as gerações, dá amparo aos doentes e idosos, socorre os desempregados e pessoas portadoras de deficiência. Portanto, tem o direito de ser valorizada e protegida pelo Estado."

Desde Adão e Eva, nunca existiram união homossexuais reconhecidas por poder governamental. Não haviam feito esta tentativa de se equiparar à família. Uma sociedade acabaria extinguindo-se. É preciso ter respeito, mas clareza. Ninguém pode usar um jaleco branco e dizer que é médico. A aparência só não basta. A família tem características próprias. Não podemos condenar, mas também não podemos confundir.

Que tipo de futuro terão os filhos adotados por dois homens ou duas mulheres?
Padre Rinaldo: Lê-se na Mulieirs dignitatem que homem e mulher são referências. O homem tem os seus atributos e não esgota em si o ser humano. A mulher tem seus atributos, mas também não esgota em si tudo o que representa o ser humano. É a junção dos dois que constrói a maturidade e a sanidade de uma pessoa. Uma união entre pessoas do mesmo sexo, jamais substituirá o papel de uma família, porque está, por natureza, incapacitada para tal.

O que dizer do vidente de Nossa Senhora Pedro Regis?
Padre Zezinho: Não devemos diminuir estes que se dizem videntes, mas não somos obrigados a ouvi-los. Somos livres para crer ou não crer. Vale sempre ouvir a voz da Igreja e ter, como ela, a mesma prudência.

Fale sobre os casais em segunda união.
Padre Zezinho: É um trabalho que progride e que precisa ser muito bem conscientizado. Acabei de gravar uma música sobre este tema. Devemos procurar estes casais sem iludi-los, pois não receberão novo sacramento. A Igreja chega perto, concedendo sem ceder.

Como agir perante os casos de homossexualismo?
Padre Rinaldo: Devemos começar perguntando sobre a questão da “opção sexual”. Um psicólogo uma vez me disse que muitos vivem uma condição e não uma opção, ou seja, foram levados a isso. É preciso misericórdia. Odiar o pecado, mas amar o pecador. O que se pede às pessoas que passam por isso? O mesmo que Deus pede a todos: “Não pecar contra a castidade.” É o mesmo que Deus pede aos casados, aos solteiros, aos celibatários também.

Por que a nulidade está mais fácil?
Dom Petrini: O que aumenta, na verdade, é o número da procura para este tipo de processo e também (lamentavelmente) aumenta o número de casamentos em que, de fato, as pessoas foram mal-formadas, confundidas pelo mundo atual. É preciso dar formação mais adequada a quem recebe o sacramento do matrimônio.

E a geração de filhos sem pais? Como agir pastoralmente para confortar especialmente os filhos?
Dom Petrini: É um grande drama a geração dos filho sem pai. Cerca de 30% hoje das famílias são chefiadas por mulheres e mesmo nas outras o homem está muito pouco presente por exigências do mercado de trabalho. Este último caso, por exemplo, será o tema do VII Encontro Mundial das Famílias. Quanto ao primeiro, será que nossas comunidades cristãs não pode ser um pouco “pais” desses filhos?

O que transforma uma família "sitiada" em "situada"?
Padre Zezinho: Muito estudo, formação.

Padre não pode ter opinião própria?
Padre Zezinho: Pode, mas na pode expressá-la. Ele fez um voto de ser porta-voz da Igreja. Todos nós pensamos, somos seres humanos. Nunca podemos ensinar algo que vá contra à doutrina da Igreja. É a mesma coisa no casamento: quantas vezes o marido não fala o que queria por causa da esposa...

Quantos filhos a Igreja diz que o casal deve ter?
Padre Zezinho: O tanto quanto. O mundo muitas vezes complica quem quer ter mais filhos. Por isso, que sejam quantos filhos o casal puder te. A Igreja não especifica número.

O que dizer com relação aos jovens com viciados na internet?
Padre Zezinho: O caminho é o diálogo e se preciso o padre e a internet, porque, às vezes, pode já ser uma enfermidade e precisar de tratamento médico e psicológico.



Como ficam os sacramentos para filhos de pessoas em uniões homoafetivas?
Dom Petrini: A Igreja não tem a obrigação de conceder o Batismo a essas crianças se os adultos o fazem só para afrontar a sociedade e tentar se legitimar. Se houver garantias da educação na fé o sacramento pode até ser concedido, mas creio que o primeiro caso, infelizmente, seria maioria.

O que falar dos padres que não aceitam a Pastoral Familiar...
Padre Rinaldo: É preciso uma conversão pastoral. Será que não estamos sendo capazes com a nossa convicção, com a nossa paixão para converter esses que ainda não aceitam esta proposta?! Uma comunidade sem a boa articulação da Pastoral Familiar, com certeza, perde muito em seu dinamismo pastoral.

Como os documentos podem chegar mais às pessoas e até aos padres?
Dom Petrini: A Igreja é uma família e não uma tropa de militares. Tudo é no diálogo: uns acolhem mais, outros menos... precisamos nos exercitar na capacidade de dialogar.

Nenhum comentário: