quarta-feira, 1 de junho de 2011

I SIMPÓSIO DA FAMÍLIA (1)

Conforme prometido começamos a trazer os resumos da série de palestras do I SIMPÓSIO DA FAMÍLIA, realizado no dia 28 de maio, em Aparecida. Comunicamos também que nossos informativos "Em família" já estão atualizados para download, na barra lateral do blog. Aproveitem!









A MISSÃO DA FAMÍLIA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
(PE. RINALDO ROBERTO RESENDE, SÃO JOSÉ DOS CAMPOS)










A Familiaris Consortio é uma herança do nosso querido Beato João Paulo II que dizia que a missão da Igreja é proclamar: “O futuro da humanidade passa pela família” e podemos nós também afirmar que o futuro da família passa pelo casal.
Em tempos de crise a Igreja sempre firmou e confirmou sua doutrina. E nós estamos bem nesse período em que a família se vê ameaçada por todos os “ismos” (relativismo, egoísmo, subjetivismo...). Muitas vezes ficamos sem saber o que dizer e como dizer. Temos dificuldade de apresentar uma palavra profética em momentos em que a sensibilidade está a flor da pele e a família acaba sempre posta em discussão. Mas a Igreja continua afirmando: o matrimônio é elevado ao grau de sacramento, sinal da presença de Deus.
Vivemos tempo de contra-valores, no qual, pela mídia, sofremos com um nivelamento “por baixo” é um desafio constante.
O progresso e a técnica parecem querer substituir a Verdade. O grave problema do nosso tempo é essa busca da Verdade. O homem deve se libertar pela Verdade, mas parece, hoje, querer se livrar da Verdade.
Para chegarmos novamente a esta Verdade que caminho tomar? Certamente é o caminho do Evangelho. Voltemos a Mt 19, quando Jesus fala sobre o matrimônio. Ele é questionado e questiona de volta: “Senhor, por que Moisés permitia a carta de divorcio? E Jesus retrucou: O que disse Moisés? E Jesus responde: Ele permitiu isso por causa da sua dureza de coração...” O termo grego é esclerocardio, ou seja, o coração apodreceu, caiu na esclerose. Para nos resgatarmos é preciso voltar ao início, convida Jesus. Diz um provérbio africano: “Se você não sabe para onde vai, certamente sabe de onde veio. Volte para lá.”
Deus os criou homem e mulher, o homem encontrou a auxiliar que lhe correspondia. E fez aí sua primeira poesia: “Esta sim é osso dos meus ossos e carne da minha carne.”. O céu se fez família para a família buscar o céu. O matrimônio e a família nasceram como idéia, sonho de Deus. E o natural, no plano da redenção, é elevado a sacramento. O amor entre homem e mulher é ta forte que, desde o Antigo Testamento, se tornou parábola viva do amor de Deus: revelando-nos o amor de Cristo e da Igreja. Matrimônio é uma epifania (manifestação amor de Deus).
É linda a analogia entre o mistério pascal e o mistério nupcial, a diferença sexual, o amor e a fecundidade. Há estes três elementos nesses dois mistérios:
Diferença sexual: o casal é um ponto de partida para entendermos estes dois mistérios. Imagine a cena do Calvário, conforme o Evangelho de João. O discípulo amado e aquela mulher aos pés da Cruz. Não existia alguém mais preparada para acolher o divino esposo do que Maria, imagem da Igreja. As bodas de Caná foram apenas a prefiguração do que seria a revelação e a entrega plenas. O amor é curado pelas feridas do Cristo.
Amor: Um amor de entrega total e de acolhida total, o ágape, a entrega plena de si. O amor do homem é essencialmente entrega e o da mulher essencialmente acolhida, até na sexualidade. No mistério maior da nossa fé contemplamos o amor que acontece em casa. Não nos cansemos de nos entregar, nem de acolher o dom do amor. Só assim, experimentaremos a verdadeira felicidade e a liberdade do compromisso cumprido, como a que Jesus experimentou, porque depois do sacrifício vem a redenção, a ressurreição e a glória. A graça sacramental dá habilidade para o casal cumprir este dever
Fecundidade: da Cruz nasceu a Igreja, renasceram o discípulo amado e o bom ladrão.

A separação desses elementos trás efeitos bombásticos, comparados aos da bomba atômica, porque não temos noção das suas reais conseqüências, disse o Cardeal de Veneza, Dom Ângelo Escola.
Hoje temos sexo sem amor, amor sem sexo, sexo sem filhos, filhos sem sexo, filhos sem amor, sexo sem respeitar a diferença sexual... o que vamos colher disto, como acompanhar todos estes desafios pastoralmente?
É preciso resgatar os papéis fundamentais do casal. A nossa sanidade e a nossa maturidade estão ligadas a um casal. O papel específico do homem, o papel específico da mulher que se encontram para se amarem e gerarem vida. Esta fecundidade já começa a acontecer a partir da qualidade de vida que um dá ao outro. Os noivos poderiam dizer um ao outro: “Casei-me contigo para ter o privilégio de te amar. Sua vida será mais vida porque eu estou aqui...”. É um amor que amadurece e se solidifica para todo o sempre. Diz Nietsche: “O ser humano é um animal capaz de prometer.” E nós poderíamos dizer mais: “E que é capaz de manter-se fiel às suas promessas.”. Um professor meu em Roma dizia: “Minha mulher é como uma música clássica: quanto mais eu ouço, mas ela fica eternizada em minha alma.”
O PAPEL DA MULHER: Um amor que exige sacrifício. Diz Madre Teresa de Calcutá: “Quem nunca sofreu, nunca amou. É preciso amar até doer, senão não foi amor.”. Nós precisamos propor uma escola do sacrifício e da renúncia, porque parece eu tiramos essas palavras do dicionário. Bendita a nossa fé que tem uma mulher em pé ao lado da Cruz do seu filho. A Mulher é o esteio da casa. Quem conhece piadas de bêbado? Todos. E de bêbada? Ninguém... sabe por quê? Porque mulher não combina com um ser cambaleante. A beleza da mulher, no seu sentido real e original, salvará a humanidade. Não é à toa que "Igreja" é substantivo feminino. É preciso resgatar o papel da mulher que é o ser firme que dá identidade à família. Quem educa um menino, educa um homem, quem educa uma menina educa toda a sociedade, diz um outro provérbio africano.
O PAPEL DO HOMEM: o homem é que ensina a relação de troca, dá segurança, proteção... e como vemos hoje a imaturidade masculina... Quantos vem estendendo a adolescência para além dos 30 anos, vivem centrados em si mesmos.
O PAPEL DOS FILHOS: filhos são dons não direito, nem posse. Diz Cl 3: “Não irriteis, nem intimideis vossos filhos...”. Ou ainda o pensamento de Khalil Gibran:
"Vossos filhos não são vossos filhos...
Vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas...
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força
Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:
Pois assim como ele ama a flecha que voa,
Ama também o arco que permanece estável."
Quanto mais o casal se amar, mais revelará Deus aos seus filhos. O filho tem o direito de ter referências masculina e feminina, pois a família é uma escola de afetos. E é essa diferenciação que traz o equilíbrio ao ser humano.
Quer avaliar como está o seu amor e o seu amor pela Pastoral Familiar? Veja como está sua dedicação. Ela é o sinal inconfundível do amor. Mas esta dedicação tem inimigos: o egoísmo e seus filho, tire tudo o que individualismo. Quer abastecer o seu amor com algo que seja mias tranqüilo do que o etanol e a gasolina: use afetos e delicadezas “Maridos não sejam grosseiros com suas esposas, mulheres amem seus maridos.”. Não podem faltar paciência e perdão.
Onde pensamos não haver caminho Deus faz um. A pastoral Familiar existe para gritar que amor não se faz, amor se vive!

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