sábado, 18 de junho de 2011

RETIRO DA PASTORAL FAMILIAR (5)



Retomamos nossas postagens das palestras e meditações de Dom Antônio Augusto no Retiro da Pastoral Familiar, realizado no Centro de Estudos do Sumaré, nos dias 10, 11 e 12 de junho de 2011.



2ª palestra– Uma análise da homossexualidade (parte 2)


(Dom Antônio Augusto Dias Duarte)



O que diz a Igreja:
Todos os batizados têm a missão de propagar o que a Igreja ensina e não apenas os bispos. Não falamos “em nome da Igreja” (isto é função do Papa), mas podemos e devemos, por nosso múnus batismal, ensinar o que a Igreja ensina. E é tarefa da Igreja revelar a moral e complementar o que (na palestra anterior) diz a ciência.
Antes mesmo da efervescência midiática do homossexualismo, desde 1975, a Igreja já fez oito documentos sobre este tema. Por exemplo, em 1975, a Igreja lançou a “Declaração sobre alguns pontos de ética sexual” que traz orientações sobre como tratar masturbação, relações sexuais antes do casamento e homossexualismo. Em 1983, foi lançado “Orientações Educativas sobre o Amor Humano” pela Sagrada Congregação para a Educação Católica. Em 1986, a Congregação para a Doutrina da Fé lança a “Carta aos bispos da Igreja Católica sobre o atendimento pastoral das pessoas homossexuais”. 1992, ano de publicação do Catecismo da Igreja Católica, cujos parágrafos 2357 a 2359 tratam do tema (e mais tarde também seus equivalentes no Compêndio do Catecismo). Ainda em 1992, outro documento: “A união entre pessoas do mesmo sexo: legitimidade jurídica e moral”. Em 1995, a Congregação Para a Doutrina da Fé lança “Considerações sobre os projetos de reconhecimento legal das uniões entre pessoas homossexuais”. O Pontifício Conselho para a família escreveu em 1995: “Sexualidade Humana: Verdade e Significado” que vai muito além da educação sexual que se prega hoje (que consiste em como evitar a gravidez e as DSTs ), mas orienta os pais sobre como ajudar os filhos na formação reta da sua sexualidade.
Na “Declaração sobre alguns pontos de ética sexual”, de 1975, lemos (8): “...os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados e ... não podem, em hipótese nenhuma, receber qualquer aprovação.” Notem que a afirmação se refere aos atos, não as tendências e, portanto, se são desordenados por natureza são graves, ou seja, pecados mortais. Se eu uso a natureza de forma diferente do que está estabelecido isto é uma desordem. O homem e a mulher são naturalmente feitos um para o outro. Atos homossexuais são anti-naturais e fechados à vida, pois não são procriativas. Somos capazes de criar (procriativo) e não simplesmente reprodutivo. Cada ser humano é único.
Tais atos são intrinsecamente desordenados porque não procedem da complementaridade natural. Por isso, a Igreja ensina com propriedade que é preciso haver relações de intimidade (não necessariamente relações íntimas, percebam a diferença) entre homem e mulher. O homem só aprenderá a viver sua masculinidade ao se relacionar com a mulher e vice versa. Se eu não tenho este complemento não posso complementar o outro. Daí decorre o sério problema de que duas pessoas do mesmo sexo nunca poderão ser bons pais, pois será impossível dar esta complementaridade se não a possuem.
Deus criou a pessoa humana com dois modos distintos de se complementar. A Carta de 1986 afirma (10): "É de se deplorar firmemente que as pessoas homossexuais tenham sido e sejam ainda hoje objeto de expressões malévolas e de ações violentas. Semelhantes comportamentos merecem a condenação dos pastores da Igreja, onde quer que aconteçam. Eles revelam uma falta de respeito pelos outros que fere os princípios elementares sobre os quais se alicerça uma sadia convivência civil. A dignidade própria de cada pessoa deve ser respeitada sempre, nas palavras, nas ações e nas legislações.”. E ainda acusam a Igreja de fomentar a homofobia... Jamais a Igreja fez isso! Xingar ou denegrir alguém com tendência vai, inclusive, de encontro ao 8º mandamento, pois fere a dignidade e denigre a boa fama das pessoas.
Muitos tem tendências afetivas e emocionais temperamentais: tendência à cólera, ao egoísmo, à timidez exacerbada, etc. E nem por isso devemos por ela ser coagidos e constrangidos a agirmos de tal forma e constranger os outros a nos aceitarem assim. A grande nobreza não estar em ser superior aos outros, mas em ser superior a si mesmo. É humilhante dizer que tais pessoas estão coagidas a ser assim. Diz a carta no no 11: “Alguns afirmam que a tendência homossexual, em certos casos, não é fruto de uma opção deliberada e que a pessoa homossexual não tem outra alternativa, sendo obrigada a se comportar de modo homossexual. Por conseguinte, afirma-se que, em tais casos, ela agiria sem culpa, não sendo realmente livre. A este propósito, é necessário referir-se à sábia tradição moral da Igreja, que alerta para as generalizações no julgamento dos casos individuais. De fato, em um determinado caso, podem ter existido no passado, e podem subsistir ainda, circunstâncias tais que reduzem ou até mesmo eliminam a culpa do indivíduo; outras circunstâncias, ao contrário, podem agravá-la. Em todo caso, deve-se evitar a presunção infundada e humilhante de que o comportamento homossexual das pessoas homossexuais esteja sempre e totalmente submetido à coação e, portanto, seja sem culpa. Na realidade, também às pessoas com tendência homossexual deve ser reconhecida aquela liberdade fundamental que caracteriza a pessoa humana e lhe confere a sua particular dignidade. Como em toda conversão do mal, graças a tal liberdade, o esforço humano, iluminado e sustentado pela graça de Deus, poderá permitir-lhes evitar a atividade homossexual.”.
E continua no 12: “Pessoas homossexuais, como os demais cristãos, são chamadas a viver a castidade. Dedicando-se com assiduidade a compreender a natureza do chamado pessoal que Deus lhes dirige, serão aptas a celebrar mais fielmente o sacramento da Penitência e a receber a graça do Senhor que, neste mesmo sacramento, se oferece para generosamente poderem converter-se mais plenamente ao seu seguimento.”
Todos são chamados à castidade, a dizer não ao pecado e “sim” a Deus. O que caracteriza nossa dignidade em termos de ação é o uso da nossa liberdade. O documento explica o lugar da sexualidade e seu valor. Preciso conhecer bem a feminilidade e a masculinidade para poder formar minha personalidade. E isso se faz pelo amor. O conhecimento se dá por relações amorosas. Daí vem dois enganos que a ideologia gay quer nos impor: que a sexualidade é construída pela cultura e que é a sexualidade que define a pessoa.
Outra orientação: a Igreja distingue muito claramente que a tendência sexual é uma desordem sobre a qual ela não emite juízo moral. Mas sobre os atos desregrados é que a Igreja se pronuncia. Quanto às tendências, esta questão cabe à medicina ou à psicologia se pronunciarem se é doença ou não. À igreja cabe acolher pessoas que tem as tendências sexuais enraizadas de forma prudente, dando-lhes o espaço que lhes convém. Não convém, por exemplo, que sejam sacerdotes. Há inclusive um documento sobre isso. Isto não é homofobia, mas é encontrar o lugar certo para cada pessoa.
No “Sexualidade Humana: verdade e significado” de 1995 aprendemos (5): “A formação para a castidade, no quadro da educação do jovem para a realização e o dom de si, implica a colaboração prioritária dos pais também na formação para outras virtudes, como a temperança, a fortaleza, a prudência. A castidade como virtude não pode existir sem a capacidade de renúncia, de sacrifício, de espera.
Dando a vida, os pais cooperam com o poder criador de Deus e recebem o dom de uma nova responsabilidade: a responsabilidade não só de alimentar e satisfazer as necessidades materiais e culturais dos seus filhos, mas sobretudo de lhes transmitir a verdade da fé vivida e de os educar no amor de Deus e do próximo. Tal é o seu primeiro dever no seio da « igreja doméstica ».”.
A Igreja sempre afirmou que os pais têm o dever e o direito de serem os primeiros e os principais educadores dos seus filhos.”
E nos itens 58-59: “Tudo isto exige geralmente o autodomínio, condição necessária para se ser capaz do dom de si. As crianças e os jovens devem ser encorajados a estimar e praticar o auto-controlo e a renúncia, a viver de modo ordenado, a fazer sacrifícios pessoais, em espírito de amor a Deus, de auto-respeito e de generosidade para com os outros, sem sufocar os sentimentos e as tendências, mas canalizando-os numa vida virtuosa.
O bom exemplo e a « liderança » dos pais é essencial para fortalecer a formação dos jovens para a castidade. A mãe que estima a vocação materna e o seu lugar na casa ajuda grandemente a desenvolver, nas suas filhas, as qualidades da feminilidade e da maternidade e põe diante dos filhos varões um exemplo claro, forte e nobre de mulher. O pai que imprime no seu comportamento um estilo de dignidade viril, sem machismos, será um modelo atraente para os filhos e inspirará respeito, admiração e segurança nas filhas.”

No documento “A união entre pessoas do mesmo sexo: legitimidade jurídica e moral” a Igreja afirma que a lei não deve criminalizar a tendência homossexual, nem tampouco admitir as violências que atentam contra a dignidade humana. Entretanto a lei não deve admitir a união entre as pessoas do mesmo sexo seja equiparada à família. Será que haverá o tempo em que os padres e bispos não poderão pregar a doutrina católica sobre a homossexualidade correndo o risco de serem presos?! Ora o casamento e a família estão fundados na diferença sexual natural. O que seria uma discriminação injusta é privar os homossexuais ao emprego, aos bens patrimoniais, etc., mas daí a dizer que isto vem de algo que é uma família homossexual é errado.
Quem não é capaz de viver a complementaridade sexual e não é capaz de gerar filhos não está sendo discriminado. Fizeram sua opção por uma união infecunda, por isso também não podem adotar filhos ainda que usem argumentos convincentes. Pode haver todas as condições materiais, mas é fundamental haver a complementaridade da figura materna e paterna.

Orientações práticas para pessoas que desejam deixar tendências sexuais profundamente enraizadas:
1- Sugerir uma vista a um médico, psiquiatra ou psicólogo de confiança;
2- Ajudar-lhes a viver a castidade: isto o padre, o pai e a mãe podem fazer. Algo básico é aconselhá-los que se afastem de ambientes predominantemente homossexuais. O mesmo aconteceria, por exemplo, se o empresário casado começasse a se envolver com a secretária. Melhor seria mandá-la embora para salvar seu casamento...
3- Favorecer relações interpessoais sadias, ressaltar o valor da amizade;
4- Não se isolar em ambientes onde haja predominantemente homens/ mulheres;
5- Sendo uma pessoa adulta, convém orientar para estilos de vida no qual encontre um sentido, não necessariamente o matrimônio, nem o sacerdócio ou vida consagrada. Desenvolva campos de interesse diferentes da sexualidade: cultura, voluntariado, etc.

Além disso, vale a prevenção. E esta começa na família. Convém que os pais sejam conscientes de que, com certo tipo de conduta, podem colaborar para que apareçam comportamentos equivocados (excesso de proteção, afastamento, não valorizar os papéis masculino/ feminino). Com os adolescentes deve se estar muito atento ao modo como se forma a autoestima e a construção da identidade.
Nas famílias:
- Os pais precisam estar preparados a responder as dúvidas sobre os filhos
- Prestar atenção a possíveis sinais de alerta
- Não se assustar desnecessariamente. Por exemplo, uma conduta afeminada num menino não é sinal de homossexualidade.
- Evitar insultos ou por em dúvida a identidade sexual do filho.
- Não promover atos heterossexuais para tentar curar uma possível homossexualidade

Nos colégios:
- Os professores além de conhecer as circunstâncias familiares devem ter capacidade de orientar cortando brincadeiras e estereótipos, ajudar a educar a afetividade, sentimentos, paixões e estados de animo. Detectar anomalias como baixa autoestima ou vitimismo.

Na sociedade:
- Difundir idéias corretas sobre o amor humano, a sexualidade, as diferenças entre o homem e a mulher (filmes, programas de televisão, festas, viagens, namoro...)
- Não considerar a homossexualidade como algo bom ou desejável
- Não propagar que o amor entre pessoas do mesmo sexo é igual ao amor entre o homem e a mulher.

Tratamento:
- Ainda há médicos e psicólogos que não cederam à ideologia do gênero. Há numerosas pessoas que conseguiram enormes progressos. Há um psicólogo católico mexicano que vai as paradas gays entregar seu cartão profissional com a frase “Por que não?” e quando alguém questiona o que isso significa, ele diz: “Por que não se tratar?”. E muitos o procuram.
- O ideal é começar o tratamento na infância ou adolescência, melhorando a autoestima, a percepção própria, a compreensão das cousa e investigar se há outras doenças psiquiátricas associadas (narcisismo, transtorno de personalidade...).
- Tratar com delicadeza
- Mostrar que o maior sofrimento não é causado pela sociedade ou a doutrina da igreja, mas porque há profundos conflitos interiores da não-compreensão de si mesmo
- Reeducar a renunciar as tendências da sexualidade (que não é a única nem a preponderante na pessoa) e mostrar outros objetivos na vida

O psiquiatra italiano A. Pérsico (Ed. Alpes) no seu livro “Homossexualidade: escolha ou sofrimento” (2007) diz: “O fundamental é mudar o discurso desde o sexo ao sentido de si mesmo e da própria vida que e o que vale.”

O livro “Homossexualidade e Esperança” (Ed. Santuário), de G. Van Aargweg, psiquiatra holandês, traz testemunhos de homossexuais se curaram com ele. Num dos testemunhos verdadeiros, um homem diz que é mentira dizer que os homossexuais são fiéis um ao outro. E ainda querem nos enganar dizendo que as uniões homossexuais são mais estáveis que as famílias e que por isso também criam melhor as crianças. Fiquemos atentos.

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