terça-feira, 8 de novembro de 2011

PLANEJAMENTO NATURAL DA FAMÍLIA (6)

Dando continuidade à sessão "Planejar com amor" do II Congresso Nacional de Planejamento Natural da Família (Brasília, 28 a 30 de outubro), veio a seguinte palestra:



O chamado vocacional da paternidade e da maternidade
(Dra. Elizabeth Kipman Cerqueira)




A proposta hoje da ideologia de gênero é tão forte que hoje em dia se fala até de que "visão de pessoa humana" se tem, ou seja, qual é a definição de "pessoa" que você segue! Diz-se até, por exemplo, que não se pode falar em família, porque há aí um preconceito de cultura... Não se pode falar em natureza, porque isso seria admitir que existe um Criador... Vemos a luta entre natureza e cultura, entre a Verdade absoluta e as "verdades" construídas pelos homens. Se tudo é cultural podemos decidir o que queremos ser: homem, mulher, mudar a qualquer hora... As teorias da construção social querem ser o contraponto do determinismo biológico.
Existe algo dentro da natureza humana que nos define como pessoa. Se temos uma base comum, que independe da cultura, admitimos que há imperativos morais absolutos. Não há como negar que a pessoa tem sua dimensão bilógica, com as funções próprias do corpo com suas necessidades e possibilidades. Temos uma vida psíquica com funções próprias do pensamento e da afetividade. Mas existe também uma dimensão espiritual, que se caracteriza pela inteligência, vontade, consciência, responsabilidade, liberdade, motivação, auto-transcendência e poder de resiliência.
A sexualidade humana é, ao mesmo tempo, sinal de carência e potencial. Dizem que os valores são inventados, mas nós sabemos que eles estão profundamente gravados no ser humano e o orientam para a justiça, o amor e o bem, para a felicidade, enfim. Valores não são inventados: são reconhecidos pela pessoa humana. Depende de cada um decidir o fechamento em si mesmo ou a abertura ao transcendente.
Definir o amor é definir o ser humano, pois se somos imagem e semlhança de Deus, e isto significa que fomos criados a partir do “tecido” do amor. Amar é uma decisão heróica: implica basicamente em um descentrar-se de si mesmo.
Dentro dessa ótica: filho é uma opção ou uma exigência? Ora, essa doação amorosa é ancorada na carne, é a realização da unidade intuída. O filho anuncia a continuidade e também a certeza de que, saindo de mim, eu sou capaz de gerar alguém melhor do que eu. Paternidade e maternidade são vocações. Vão muito além de um impulso físico ou psicológico. Gerar vida nova é uma exigência ontológica, mas que depende também da minha resposta, da minha abertura.
"Deus os criou homem e mulher", diz o Gênesis. Após o ato sexual o marido e a esposa deveriam sentir vida nova dentro de si, ou seja, o Espírito Santo sendo gerado e gerando amor. Masculinidade e feminilidade são sacramentos encarnados. Dentro dessa visão, ser pai ou mãe é muito mais do que simplesmente ter filhos.

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